11° Domingo do Tempo Comum

“Como é bom agradecermos, agradecermos ao Senhor” (Sl 91/92)

Celebramos neste domingo o décimo primeiro do tempo comum durante o ano! Estamos num mês especial para a Igreja por ocasião das festas juninas e dos santos padroeiros que celebramos neste mês. Já celebramos Santo Antônio de Pádua ou de Lisboa no último dia 13, no próximo dia 24, celebraremos São João Batista e, ainda no dia 29 (ou 30), São Pedro e São Paulo. E ainda, sem contar que estamos no mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, que celebramos no último dia 7.

Ao longo de todo o ano, temos diversos motivos para celebrar e nos alegrar.  A cada mês a Igreja nos apresenta uma intenção especial para rezarmos (neste mês: pelos que fogem de seu país). Por isso, a importância de vivenciar a fé todos os dias, principalmente aos domingos quando somos convidados a participar da Santa Missa junto com a nossa família, cumprindo dessa forma o preceito dominical.

Nesse mês de junho, em especial, o Papa Francisco nos convida a rezar por todos os migrantes e refugiados, que buscam em outras terras a paz, sustento para a família e emprego. Unamo-nos em oração, junto com o Papa, e recebamos com alegria aqueles que vêm buscar a paz e um refúgio aqui em nossa terra. O Papa recorda ainda que quem acolhe um migrante, está acolhendo o próprio Cristo. Temos um belo trabalho da Cáritas Arquidiocesana, que há muito tempo cumpre essa bela e importante missão.

O Evangelho deste domingo nos fala a respeito do Reino de Deus, que não cresce fazendo barulho ou ostensivamente, mas cresce no silêncio. É o mistério da ação do Espírito Santo, de dar testemunho de vida para edificar o Reino através de nossas ações. Somos convidados a edificar o Reino de Deus aqui na terra para depois vivê-lo de maneira plena no céu.

A primeira leitura da missa deste domingo é da profecia de Ezequiel (Ez 17, 22-24), o que o profeta diz nessa leitura podemos fazer um paralelo com aquilo que Jesus diz no Evangelho, e dessa forma comparar ao Reino de Deus. O Reino de Deus é aquele que, uma vez que a semente é lançada na terra e começa a produzir, todos querem comer de seus frutos e se abrigar debaixo de suas folhagens. Podemos fazer uma ligação aqui com o madeiro da Cruz, que foi “plantado” sobre um alto monte e lá elevado: esse alto monte é Jerusalém, e do madeiro da Cruz brota a árvore da vida, pois Cristo não fica morto na Cruz, mas ressuscita para nossa justificação; e, nessa árvore da vida todos os passarinhos querem fazer ninho, e, desse madeiro brota a vida, mais ainda, rios de água viva.

O Salmo responsorial é o 91 (92), o refrão desse salmo nos diz: Como é bom agradecermos, agradecermos ao Senhor! Temos que ser sempre gratos ao Senhor, seja pelas coisas boas e por aquelas não tão boas assim. Temos que procurar a Igreja, buscar os sacramentos e participar da missa sempre, e não somente nos momentos de dificuldade. Se formos sempre gratos ao Senhor por tudo que Ele nos concede e sempre buscá-Lo nos sacramentos, as coisas virão para nós por acréscimo e passaremos mais facilmente pelos momentos de dificuldade.

A segunda leitura da missa deste domingo é da segunda Carta de São Paulo aos Coríntios (2Cor 5,6-10): Paulo diz para a comunidade de Corinto que enquanto estamos aqui peregrinos nesse mundo, caminhamos na fé, mas ainda não temos a visão clara, ou seja, pela fé acreditamos que Cristo ressuscitou dos mortos, mas não vimos Cristo ressuscitado, mas somos chamados a acreditar naquilo que nos vêm dos apóstolos e da Sagrada Escritura. O Espírito Santo que habita em nós atesta que Cristo ressuscitou. Do mesmo modo acontece com a Eucaristia, acreditamos pela fé que o pão e o vinho ali presentes no altar se tornaram o Corpo e Sangue de Cristo.

Compreenderemos de forma clara tudo isso na eternidade, onde estaremos face a face com Cristo e cearemos o banquete eterno. Veremos Cristo tal como Ele é, e de forma gloriosa, ressuscitado. Portanto, mantenhamos e cultivemos a nossa fé aqui, para que depois de maneira clara a vivamos na eternidade.

O Evangelho deste domingo é de Marcos (Mc 4,26-34): nesse evangelho Jesus usa de parábola para falar do Reino de Deus, o Reino de Deus não cresce ostensivamente ou fazendo barulho, mas cresce e se consolida no silêncio.

O Reino de Deus vai crescendo à medida que lançamos à terra a semente do Reino e à medida que essa semente que lançamos produz fruto, ou seja, a partir do momento que anunciamos o Evangelho para o outro a semente é lançada, e essa semente produz fruto a partir do momento que aquela pessoa que anunciamos o Evangelho acolhe a Palavra anunciada, aceita ser batizada e fazer parte da Igreja e vive de uma nova maneira.

Somos convidados a edificar o Reino de Deus aqui na terra para vivê-lo de maneira plena no céu. O Reino de Deus é justiça, paz, perdão, amor e misericórdia, ou seja, tudo aquilo que Jesus anunciava. Ele próprio é o Reino de Deus, Ele falava de si próprio, pois Ele anunciava tudo isso e vivia aquilo que pregava. Ele entra em Jerusalém e sofre a paixão e posterior ressurreição para consolidar o reino de Deus. Após a ressurreição e ascensão ao céu, a Igreja, mediante a ação do Espírito Santo, continua anunciando esse reino de Deus iniciado por Jesus.

Celebremos com alegria esse décimo primeiro domingo do tempo comum durante o ano, e sejamos missionários e missionárias anunciando o Reino de Deus ao próximo. A nossa missão de batizados é ser sacerdotes, profetas e reis: cumpramos esse propósito de anunciar o Reino e vivê-lo aqui na terra para depois no céu vivê-lo definitivamente.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

 

 

 

 

 

 

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