Dai graças ao Senhor porque Ele é bom, porque eterna é a sua misericórdia”. (Sl 106/107)
Celebramos neste domingo o décimo segundo desse Tempo Comum, tempo da esperança em que acompanhamos Jesus anunciando o Reino de Deus. O domingo é o dia da família se reunir em torno da mesa da Palavra e da Eucaristia e escutar o que o Senhor tem a dizer e comungar de Seu Corpo e Sangue.
O Tempo Comum é o que mais perdura ao longo do ano, e somos enviados por Deus a anunciar o Reino de Deus, quando termina a missa e o padre diz: “Ide em paz e o Senhor vos acompanhe”, inicia a nossa missão de anunciar o Evangelho para aqueles que ficaram em casa, no nosso trabalho, na escola, ou no bairro. Somos discípulos e missionários do Senhor, e do mesmo modo que Ele envia os discípulos em Pentecostes, Ele também nos envia.
No Evangelho deste domingo, Jesus encoraja os seus discípulos e a cada um de nós a ter fé, e que mesmo em meio às dificuldades da vida e os ventos que querem nos derrubar temos que ter coragem de levantar e seguir adiante. Temos que acreditar que os momentos difíceis são passageiros e que tão logo passaremos por eles. Deus não quer o sofrimento de ninguém, mas antes de tudo quer que usemos dos momentos difíceis para crescermos e amadurecermos na fé.
Não nos esqueçamos nunca que o Senhor não nos abandona e está conosco nos momentos bons e nos maus também. Não nos esqueçamos do Senhor, que Ele não se esquecerá de nós. Ofereçamos em oração sempre ao Senhor nossa família e o nosso dia e sejamos sempre gratos ao Senhor por tudo.
A primeira leitura da missa é do livro de Jó (Jó 38,1.8-11): essa leitura do livro de Jó vai de encontro com o que ouviremos no Evangelho, o Senhor revela a Jó o seu poderio e que pode acalmar as tempestades que enfrentamos em nossas vidas. E que ao passarmos por um momento difícil serve para fortalecer a nossa fé, nunca devemos desistir no meio caminho, mas erguer a cabeça e seguir em frente.
O Salmo responsorial é o 106(107), que diz em seu refrão: “Dai graças ao Senhor porque Ele é bom, porque eterna é a sua misericórdia”. Temos que sempre dar graças ao Senhor, pois Ele sempre está pronto a nos perdoar e está conosco em todos os momentos. De fato, a misericórdia do Senhor é eterna, pois Ele perdoa as nossas faltas aqui e abre para nós as portas da eternidade.
A segunda leitura da missa desse domingo é da segunda carta de São Paulo aos Coríntios (2Cor 5,14-17), Paulo vai dizer que o amor de Cristo nos pressiona e que Ele morreu na Cruz por amor a nós, e devemos demonstrar esse amor ao nosso próximo. A partir do batismo passamos a pertencer a Cristo, somos feitos novas criaturas a partir das águas do batismo e somos chamados a viver a nossa vida segundo o espírito santo. Tudo agora é novo a partir da ressurreição de Cristo, e tudo para nós é novo, a partir do momento em que somos batizados ou confessamos os nossos pecados.
O Evangelho deste domingo é de Marcos (Mc 4,35-41): nesse trecho Marcos, conforme dissemos acima, relata a barca em meio à tempestade e a ventania, quer dizer que muitas vezes passaremos por tempestades e tribulações, muitos ventos irão querer nos derrubar, mas devemos permanecer de pé por meio da fé e acreditar que essa tempestade é passageira e que logo em seguida vem a bonança.
A barca também pode ser comparada com a Igreja, que atravessa muitos momentos difíceis, pois Cristo está à frente, acalma as tempestades. Desde o início, a Igreja passou por diversos momentos difíceis, mas conseguiu atravessar esses momentos por conta da proteção do Espírito Santo. Como disse São Paulo na segunda leitura, o Espírito Santo faz novas todas as coisas e é por meio dele que a Igreja sempre se renova e acolhe novos fiéis.
Rezemos pela paz mundial, infelizmente temos muitas guerras em curso, e, podemos comparar isso com a barca em meio à tempestade, ou seja, infelizmente o mundo vive uma tempestade de falta de amor, falta de misericórdia, falta de diálogo e falta de perdão. Peçamos incessantemente ao Senhor que essa tempestade passe o mais rápido possível e que logo venha a bonança da paz, do amor e da misericórdia. Deus continua a olhar por todos nós e com certeza fica muito triste com as guerras e deseja que o mundo seja cheio de paz.
Continuemos rezando nas intenções do Papa Francisco para esse mês, que é rezar por todos os migrantes que são obrigados a deixar a sua terra natal e têm que partir para uma terra estrangeira, muitas vezes fogem por conta da guerra. Que todos os migrantes sejam alcançados pela misericórdia divina e tenham a paz necessária para viver.
Celebremos com alegria esse décimo segundo domingo do tempo comum, e tenhamos a certeza de que a tempestade é passageira e logo vem a bonança, que o Senhor nunca nos abandona, sempre está conosco, tanto em meio à tempestade como nos momentos bons. Nunca devemos abandonar o Senhor, pois Ele nunca nos abandona, e é, sobretudo, nos momentos de dificuldade que não devemos abandoná-Lo.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ