15° Domingo do Tempo Comum

“Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade e a vossa salvação nos concedei”!  (Sl 84/85)

 

Celebramos neste domingo o décimo quinto do Tempo Comum. Embora omitido hoje, recordamos da intenção do Papa para este mês ao fazermos menção a São Camilo de Lellis, padroeiro dos doentes e dos profissionais da saúde, e, consequentemente, da pastoral da saúde.

Estamos neste tempo de esperança acompanhando os passos de Jesus rumo a Jerusalém. Este tempo comum nos convida a edificarmos o Reino de Deus aqui na terra para contemplarmos de maneira definitiva no céu. Somos enviados por Deus, ao final de cada missa, a anunciar o Evangelho para aqueles que ficaram em casa, no trabalho, no bairro e na comunidade.

Ao final da celebração, termina a missa, mas tem início a nossa missão. Justamente no evangelho de hoje, Jesus envia os discípulos dois a dois para anunciarem o Reino de Deus. Na verdade, esse Reino é o próprio Jesus e aquilo que Ele anuncia, o reino de Deus é paz, justiça, misericórdia e perdão.

Neste final de semana, como consequência da formação missionária dos seminaristas (Formise) do Brasil que ocorreu em nosso Seminário São José, estamos vivendo a missão na região de Sepetiba, onde criamos, recentemente, duas novas paróquias para atender o povo que cresce na região. Vivemos esse tempo como um presente que prolonga as festividades do centenário da reabertura do nosso seminário, além de reinflamar os trabalhos do nosso II Sínodo Arquidiocesano sobre as missões. Como nosso país tem a maioria do povo nas cidades, ao escolher o Rio de Janeiro, vemos aí a Igreja olhando para a urgência da missão na grande cidade, na “selva de pedra”.

Precisamos mais do que nunca nos dias de hoje, anunciar o Reino de Deus. Algumas pessoas estão muito afastadas de Deus e de seu Reino, só pensam em si e nas maldades que podem fazer contra o outro. Nos dias de hoje, falta nas pessoas uma coisa básica para solucionar os problemas que é o diálogo, as pessoas já partem logo para a violência, basta ver a polarização em nosso meio. Nós, como cristãos e discípulos de Jesus, devemos ir na contramão daquilo que a sociedade pensa e anunciar o amor de Deus.

Escutemos a voz do Senhor que nos envia e anunciemos o amor e a misericórdia de Deus para quem precisa. Não precisa ser padre, religioso ou religiosa para ser discípulo do Senhor, cada um de nós batizado ou batizada é discípulo e missionário do Senhor.

A primeira leitura da missa deste domingo é da profecia de Amós (Am 7,12-15), o contexto dessa leitura esta situado no tempo do exílio Babilônia, Amasias sacerdote de Betel vai ao encontro de Amós e o chama de “vidente”, pois não entende qual é a missão do profeta. E ainda diz que ele não deveria insistir em profetizar ali, pois ali ficava o Santuário do Rei e a corte do reino. A função do profeta era anunciar a justiça e denunciar as injustiças, por isso, que Betel o chama de vidente, pois além disso não tinha plena compreensão do que é ser profeta.

Amós diz que não é profeta e nem filho de profeta, mas pastor de gado e cultiva sicômoros. O Senhor lhe chamou quando ele tangia o rebanho e o enviou para profetizar em Israel. Do mesmo modo que Amós, o Senhor chama cada um de nós para ser profetas nos dias de hoje onde estivermos. Recebemos essa missão no batismo de sermos sacerdotes, profetas e reis.

O Salmo responsorial é o 84 (85) que diz em seu refrão: “Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade e a vossa salvação nos concedei”!  O Senhor é piedade, bondade e misericórdia e sempre está pronto a nos perdoar e deseja a nossa salvação. Além disso, o Senhor é Bom e não deseja o nosso mal, muitas vezes aquilo que achamos que foi um mal para nós, pela fé podemos compreender que aquilo que achamos que foi mal, lá na frente foi bem.

A segunda leitura deste domingo é da carta de São Paulo aos Efésios (Ef 1,3-14): Paulo escreve uma carta em ação de graças a Deus, pois fomos redimidos através do Corpo e Sangue de Cristo. Através do Batismo fomos incorporados a Cristo e a Igreja e chamados a viver a santidade no dia a dia. Por meio do sangue de Cristo somos libertos de todos os pecados, graças à riqueza da graça de Deus. Desde o nosso batismo, fomos marcados com o selo do Espírito Santo e, por meio da ação desse Espírito Santo, em nós trilhar uma vida de santidade.

O Evangelho é de Marcos (Mc 6,7-13): nesse trecho do Evangelho Jesus envia os discípulos dois a dois para a missão com o intuito de anunciarem o Reino de Deus. Jesus transmite a eles a força do Espírito Santo, pois somente por meio do Espírito Santo é possível vencer o mal e o pecado.

O Espírito Santo sempre acompanha os missionários, ele é o protagonista da missão, por isso, Jesus sopra sobre os discípulos e transmite a eles esse mesmo Espírito Santo. Por isso, a Igreja está iluminada à luz do Espírito Santo e nem mesmo as forças do inferno prevalecerão contra ela.

Recebemos o Espírito Santo no batismo e confirmamos a ação desse Espírito Santo em nós na Crisma. A partir do Sacramento da Confirmação nos tornamos maduros na fé e disponíveis para a missão. Por isso, do mesmo modo que Jesus envia os discípulos no Evangelho de hoje, Ele também nos envia para que possamos edificar o Reino de Deus onde estivermos.

Em nossa missão, o nosso maior tesouro deve ser Jesus Cristo, não devemos levar nada pelo caminho ao anunciar Jesus Cristo morto e ressuscitado. Em nome de Jesus, e através do Espírito Santo, anunciar o perdão dos pecados. Que Deus nos conceda a graça de sermos discípulos e missionários corajosos do Senhor.

Celebremos com alegria esse décimo quinto domingo do Tempo Comum e que possamos nutrir dentro de nós o desejo de ser discípulos missionários do Senhor, levando adiante a Palavra de Deus. Que o Espírito Santo vá à nossa frente e nos acompanhe. Vamos às periferias geográficas e existenciais anunciando que Deus habita nesta cidade.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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