“O Senhor deu a comer o pão do céu” (Sl 77/78)
Celebramos neste domingo o décimo oitavo do Tempo Comum, e na última quinta-feira, iniciamos um mês especial para a Igreja, que é o mês vocacional, e hoje em especial é Dia do Padre, dia de nos unirmos em oração por todos aqueles que entregam a sua vida a serviço de Deus e das pessoas. Rezemos pelo nosso pároco e pelos padres que o auxiliam na sua paróquia. Rezemos pelos padres que trabalham no Seminário Arquidiocesano São José e pelos que ajudam o arcebispo no governo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Rezemos pelos padres doentes, anciãos, aposentados e por aqueles que estão privados de seu ministério!
Este domingo é Dia de São João Maria Vianney, padroeiro de todos os padres. Por ser domingo, o dia do Senhor tem precedência, mas como de costume o primeiro domingo do mês de agosto é dedicado a rezarmos pelos nossos padres. Por isso, neste domingo rezemos por todos os sacerdotes para que Deus, por intercessão de São João Maria Vianney, os fortaleça na missão. Iniciamos a semana de oração pelas vocações ao ministério ordenado.
Neste mês vocacional, no qual contemplamos a “sinfonia vocacional”, o primeiro domingo iniciamos a rezar pelas vocações aos ministérios ordenados, na pessoa do diácono, do padre e do bispo. No próximo domingo, recordamos a vocação à paternidade (Dia dos Pais), iniciamos a semana da vocação matrimonial e também a semana da família (família e amizade) e rezamos pelas famílias. No terceiro domingo rezamos pela vocação à vida religiosa e consagrada, e ainda, no último domingo do mês recordamos a vocação dos leigos e leigas nos vários ministérios da Igreja, e no último domingo a vocação dos catequistas.
Ao longo deste mês, rezemos de um modo geral pela Igreja, pelo Papa Francisco, bispos, padres, religiosos e religiosas, e pelos leigos, pelas famílias e todos que fazem a Igreja. Essa é a beleza da Igreja, cada um na sua vocação respondendo ao chamado de Deus, servindo aos irmãos com alegria, uma verdadeira sinfonia vocacional.
O Evangelho deste domingo continua com o capítulo sexto de São João (que complementa nestes domingos o ano B de Marcos), a multidão vai à procura de Jesus. Jesus pergunta se eles o procuram por causa d’Ele ou somente por causa dos sinais que Ele realiza. A mesma pergunta serve para nós hoje, só vamos à missa quando estamos atravessando um momento de dificuldade e precisamos de um “milagre”, ou procuramos ao Senhor sempre?
A primeira leitura desse domingo é do livro do Êxodo (Ex 16, 2-4.12-15), nesse trecho do livro do Êxodo, o povo escolhido por Deus, conhecido por ser um povo de “cabeça dura”, começa a murmurar e reclamar contra Deus e contra Moisés por estarem passando aquele período no deserto. Mas, Deus havia agido na vida deles resgatando da escravidão que sofriam no Egito, mesmo assim eles não estavam contentes, e queriam logo chegar na terra prometida. Diante da reclamação e do murmúrio do povo, Deus envia do céu o maná, ou seja, o pão vindo do céu para que o povo se alimentasse.
Meus irmãos, isso pode acontecer também conosco, sempre queremos mais, nunca estamos contentes, recebemos um sinal ou um milagre de Deus e queremos outro logo em seguida.
O Salmo responsorial é o 77 (78), que diz em seu refrão: “O Senhor deu a comer o pão do céu”. Ou seja, esse refrão é de fato a resposta para a primeira leitura e quer dizer que o Senhor nunca deixará faltar o alimento em nossa mesa, basta confiarmos em Deus e pedir aquilo que queremos com fé. Além do pão material que Ele não nos deixará faltar, Ele também nos oferece o alimento espiritual, que para nós hoje é a Eucaristia.
A segunda leitura da missa deste domingo é da carta de São Paulo aos Efésios (Ef 4, 17.20-24): neste trecho da carta aos Efésios São Paulo exorta a comunidade para que não pense do mesmo modo que os pagãos, cuja inteligência os leva para o nada. Os cristãos devem ter o mesmo pensamento de Cristo, pois nos conduz para Deus. Ter os mesmos pensamentos de Cristo significa renunciar ao homem velho e revestir-se do homem novo. Ter os mesmos pensamentos de Cristo significa trilhar um caminho de santidade e ser sacerdotes, profetas e reis nos dias de hoje.
O Evangelho desse domingo é de João (Jo 6, 24-35): esse Evangelho é a continuação da última semana dentro do capítulo sexto de João. Nesse Evangelho a multidão vai à procura de Jesus, pois ficaram sabendo que Ele passou para a outra margem. Ao chegarem lá e perguntarem de forma espantosa a Jesus quando Ele havia chegado lá, Ele responde se eles haviam ido a sua procura por causa de sua pessoa ou por conta dos milagres e sinais que Ele realizava.
Essa fala de Jesus serve para cada um de nós nos dias de hoje, muitas vezes O procuramos ou procuramos a Igreja somente quando passamos por um momento de dificuldade, e quando tudo fica bem deixamos Jesus e a Igreja para trás. Infelizmente, a Igreja é tratada algumas vezes como um “pronto socorro”, ou seja, queremos um remédio rápido para tratar aquele “mal” e quando ficamos bem seguimos a vida. Não podemos agir dessa maneira, temos que procurar Jesus e a Igreja sempre, tanto nos momentos maus como nos momentos bons, para que Deus possa sempre nos abençoar.
Neste domingo lembremo-nos de nossos padres. Quer seja uma visita, depois da Santa Missa, uma oração e o respeito por aquele que gasta a sua vida em favor da sua santificação e da sua comunidade. Deus abençoe todos os padres!
Celebremos com alegria esse décimo oitavo Domingo do Tempo Comum, rezemos por todos os sacerdotes e por aqueles que são chamados ao ministério ordenado. Procuremos o Senhor sempre, pois por meio D’Ele temos acesso ao pão da vida que nos garante a vida eterna.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
