26º Domingo do Tempo Comum

“Bendize, minha alma, e louva o Senhor”! (Sl 145/146)

 

Celebramos neste domingo o vigésimo sexto do Tempo Comum durante o ano, e estamos encerrando, com o Dia Nacional da Bíblia, mais um mês especial para a Igreja, que é o mês da Bíblia. Na próxima terça-feira, celebraremos São Jerônimo, o grande tradutor dos textos bíblicos e comentarista das Escrituras. São Jerônimo, inspirado pelo Espírito Santo, traduziu a Bíblia do grego e hebraico para o latim.

Mesmo findando este mês tão especial, continuemos meditando a Palavra de Deus e fazendo dela nosso livro principal. Que possamos meditar a Palavra de Deus diariamente, seja sozinho, em família ou com os amigos, de modo especial nos Círculos Bíblicos ou grupos de reflexão, que são uma antiga tradição em nossa Arquidiocese.

Somos discípulos missionários do Senhor e chamados por Deus para anunciar a Palavra aos que mais precisam. Estamos prestes a iniciar o mês de outubro, outro mês especial para a Igreja, pois é o mês do Rosário e das Missões, iniciando com a Semana Nacional da Vida. Por isso, somos convidados a sair de nossas igrejas e ir ao encontro dos irmãos, anunciando a Palavra.

A liturgia deste domingo nos ensina a humildade e a solidariedade. Sendo solidários com o próximo, alcançaremos a salvação. Estendamos as mãos àqueles que mais precisam. Não acumulemos os bens que possuímos, mas partilhemos com aqueles que pouco ou nada têm. Vivemos em tempos difíceis, marcados por guerras, fome e doenças. A humildade e a solidariedade nos ajudarão a passar por tudo isso.

A primeira leitura da missa deste domingo é do livro de Amós (Am 6, 1a.4-7). Esse trecho da profecia de Amós faz um alerta para aqueles que vivem despreocupados e seguros dos bens que possuem e não se importam com o próximo. Quando menos esperar, Deus pedirá contas de todos os bens, e aqueles que agora nada têm, no futuro poderão ter; e àqueles que têm será tirado até o que possuem.

No tempo do profeta Amós não era diferente do tempo de Jesus: os ricos menosprezavam os mais pobres e os pobres eram excluídos da sociedade. Por isso, Jesus diz que veio para os pobres e pecadores.

O salmo responsorial é o 145 (146), que diz em seu refrão: “Bendize, minha alma, e louva o Senhor”! O Senhor não se esquece de nenhum de seus filhos; somos nós que nos esquecemos de Deus. Ele honra, sobretudo, os pobres e humildes, as viúvas e os abandonados, e aqueles que trilham o caminho da justiça e o louvam de coração sincero.

A segunda leitura da missa deste domingo é da primeira carta de São Paulo a Timóteo (1Tm 6, 11-16). Paulo dá instruções a Timóteo para perseverar no bom caminho, combater o bom combate da fé para que seja merecedor da vida eterna. A fé cristã nos dá a certeza da vida eterna. Se trilharmos o caminho da justiça, do amor e da solidariedade, seremos merecedores da vida eterna.

O Evangelho da missa deste domingo é de Lucas (Lc 16, 19-31). Jesus conta uma parábola aos fariseus falando sobre a pobreza e a riqueza. Os fariseus eram muito ricos e, por isso, menosprezavam os pobres. Colocavam os bens materiais como prioridade e deixavam as coisas de Deus em segundo plano. Podemos até pensar naquilo que hoje é tão difundido como a teologia da prosperidade.

Ao contar essa parábola, Jesus diz que a meta final do ser humano é a vida eterna, e, para ser merecedor dela, é preciso amar o semelhante, independentemente de sua condição social.

Eles questionavam Jesus por andar com os publicanos, pecadores e pobres, e não com os ricos. Ao contar essa parábola, Jesus quer dizer que Ele veio justamente para os pobres e pecadores, pois deles é o Reino dos Céus.

Jesus não condena a riqueza, mas o mau uso dos bens e o fato de menosprezar aqueles que pouco ou nada têm, apenas por ter a mais. Jesus alerta para que mudem de conduta, pois poderão sofrer na eternidade, enquanto os pobres, que agora sofrem, serão felizes na eternidade.

A liturgia de hoje fala sobre a humildade e como podemos administrar os nossos bens com prudência. A parábola que Jesus conta aos fariseus serve para nós hoje. Vivamos uma vida reta, respeitando e amando o nosso próximo, para que sejamos merecedores da maior de todas as heranças: a vida eterna.

Celebremos com alegria este vigésimo sexto domingo do Tempo Comum e peçamos ao Divino Espírito Santo que nos ilumine e nos conduza no caminho do bem. Sejamos o conforto e a esperança para aqueles que mais sofrem. O mundo precisa de solidariedade e amor e, principalmente, de conversão com sincero arrependimento! Somente assim venceremos as guerras.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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