Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois, em vós, nós esperamos! (Sl 33/32)
Celebramos neste domingo o Vigésimo Nono Domingo do Tempo Comum. Na celebração, somos convidados a rezar por todos os missionários espalhados pelo mundo, anunciando o Reino de Deus, pois hoje é o Dia Mundial das Missões. Além de rezar pelos missionários, somos impulsionados a nos tornar missionários e a anunciar aos familiares e amigos a Palavra de Deus.
Existem missionários no mundo inteiro, até mesmo nos locais mais longínquos e difíceis. Os missionários estão nesses lugares para encorajar as pessoas a seguirem em frente e não desanimarem diante dos momentos difíceis. A Igreja está presente com os missionários em Israel, na Terra Santa, onde têm ocorrido conflitos e guerras. Os missionários ali presentes são chamados a encorajar os cristãos a promoverem a paz.
Muitas vezes, os missionários vivem da Providência Divina e da ajuda da Igreja, que vem dos próprios fiéis. Por isso, neste domingo acontece a coleta da “campanha missionária”, onde o dinheiro arrecadado no momento do ofertório da missa é destinado às missões católicas e enviado aos locais de missão da Igreja. Este domingo é o Dia Mundial das Missões, e todos nós somos missionários desde o batismo, quando nos tornamos discípulos e missionários do Senhor. Mesmo que atualmente não estejamos em um local de missão, ao doarmos a oferta para a campanha missionária, também nos tornamos, de certa forma, missionários, pois contribuímos para que o Evangelho continue sendo pregado.
Participemos da Santa Missa deste final de semana, tornemo-nos missionários e convidemos nossas famílias a irem à Igreja conosco. Unamo-nos em oração, pedindo pela paz mundial e para que todos se abram à verdade do Evangelho. Sejamos humildes servidores do Senhor e rezemos uns pelos outros.
A primeira leitura da missa deste domingo é do profeta Isaías (Is 53,10-11). Acompanhamos o trecho sobre o Servo Sofredor, que costumamos meditar durante a Semana Santa. O justo morreu em favor de todos, para salvar a todos. Após sua morte, ele entra na vida eterna e alcançará a luz. Todos aqueles que, aqui na terra, viveram fazendo o bem e trilharam o caminho da justiça e da paz serão recompensados com a vida eterna.
Este Servo fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas. Ou seja, somos chamados a seguir os passos de quem é justo e não de quem é injusto. Com certeza, teremos muito a ganhar trilhando o caminho da justiça e teremos como herança a vida eterna. Agora, se escolhermos outro caminho, iremos para a condenação eterna.
O Servo Sofredor citado por Isaías remete a Jesus, pois muitas das coisas que Isaías diz se concretizam na vida de Jesus. Ele viveu cerca de quatrocentos anos antes de Cristo, mas profetizava um tempo de paz para Israel após o exílio da Babilônia, e pedia que todos que estavam voltando do exílio trilhassem o caminho da justiça e não do pecado.
O Salmo responsorial é o 33(32), que diz em seu refrão: “Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois, em vós, nós esperamos”! Nós esperamos confiantes no Senhor, pois tudo aquilo que pedimos a Ele, Ele nos concede. Não podemos esperar que a graça venha do dia para a noite, mas devemos esperar confiantes que um dia o que pedimos será atendido. O tempo de Deus é diferente do nosso, por isso devemos ter paciência. Não pensemos que Deus se esqueceu de nós; pelo contrário, Ele usa de paciência para conosco. Esperemos confiantes no Senhor tempos de paz, amor e concórdia entre todos.
A segunda leitura da missa deste domingo é da carta aos Hebreus (Hb 4,14-16). O autor sagrado diz que temos um sumo sacerdote eminente no céu que intercede por nós: Jesus. Ele se compadece de nossas fraquezas, pois morreu na cruz por conta de nossos pecados. Ele não deixa de nos ouvir e atender por causa dos pecados, mas quer um coração sincero que se arrependa.
Ao nos reconhecermos pecadores e nos aproximarmos do Senhor para pedir perdão, seremos merecedores da vida eterna. Peçamos sempre a graça do Espírito Santo para que nos abramos ao perdão de Deus e possamos reconhecer o Senhor todas as vezes que Ele parte o pão para nós.
O Evangelho da Santa Missa deste domingo é de Marcos (Mc 10,35-45). Nesse trecho, Tiago e João foram até o Senhor e pediram que Ele fizesse o que eles pediam. Podemos dizer que eles foram um tanto “ousados” ao pedir que um deles sentasse à direita e o outro à esquerda de Jesus quando estivessem na glória eterna.
Jesus respondeu que não dependia d’Ele conceder um lugar à direita ou à esquerda, mas que o Senhor concederia esse lugar àqueles que o merecessem. Isso vale para nós: nossas atitudes em relação a Deus e ao próximo é que nos garantirão um lugar à direita ou à esquerda do Senhor. Por isso, Jesus disse aos dois discípulos que não dependia d’Ele conceder esses lugares, mas que a atitude deles garantiria isso.
Para conseguir um lugar à direita ou à esquerda de Deus, antes de tudo, temos que ser humildes e nos colocar a serviço do próximo, seguindo o exemplo do Mestre. Temos que estar atentos às necessidades do próximo e ajudá-lo. Trilhemos, antes de tudo, o caminho da justiça, da paz e da fraternidade, e desse modo herdaremos o Reino dos Céus.
Estamos neste mundo de passagem. O nosso lugar é o céu, e enquanto estamos aqui, vivemos na expectativa de herdar o Reino dos Céus. Temos que instaurar o Reino de Deus aqui na terra para vivê-lo de maneira plena no céu.
Sejamos ardorosos missionários e missionárias, e anunciemos o Evangelho a todos que encontrarmos. Aproveitemos que estamos no Mês Missionário e sejamos sal da terra e luz do mundo, para levar adiante o Reino de Deus e tomar posse desse reino no céu.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ