O mês de outubro é um mês especial para a Igreja, pois é o Mês do Rosário e também o Mês das Missões. É o Mês do Rosário porque, no dia 7, celebramos Nossa Senhora do Rosário (há 21 anos nos reunimos nesse dia com os grupos do terço) e, no dia 12, celebramos Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Por isso, ao longo desse mês, somos convidados a rezar o terço todos os dias, pedindo paz e proteção para todos nós e, sobretudo, pedindo que Nossa Senhora nos cubra com seu manto sagrado.
A Igreja recomenda que rezemos o terço de maneira especial em dois meses: maio, por ser o mês mariano por excelência — no qual celebramos algumas festas marianas e também o Dia das Mães — e outubro, por ser o Mês do Rosário, quando celebramos Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora da Conceição Aparecida. É claro que a oração do terço deve ser diária ao longo de todo o ano, mas a Igreja nos chama a atenção de forma especial nesses dois meses.
Neste outubro, temos uma motivação a mais para rezar: o Papa Leão XIII pediu que todos os fiéis rezassem o terço neste mês com a intenção pela paz mundial. Vivemos tempos difíceis e só superaremos este momento por meio da oração. O convite é rezar o terço durante todo o mês, mas especialmente no dia 11 de outubro, quando recordamos o aniversário do Concílio Ecumênico Vaticano II, iniciado em 1962. Nesse dia, em particular, haverá uma meditação na Praça São Pedro, no Vaticano. Esse pedido também ecoa as palavras de Nossa Senhora em Fátima, quando apareceu aos pastorinhos em Portugal e pediu que se rezasse o terço todos os dias, com a intenção especial pela paz mundial.
As paróquias costumam promover a oração do terço ao longo deste mês, seja com os grupos do Terço dos Homens, do Terço das Mulheres, do Movimento Mãe Rainha, entre outros. Além disso, na festa de Nossa Senhora da Conceição Aparecida ou no fim de outubro, muitas comunidades realizam a coroação da imagem de Nossa Senhora. Se não for possível rezar na paróquia, o terço pode ser rezado em casa, em família, com vizinhos e amigos ou até mesmo sozinho. O importante é manter viva essa oração tão especial, pela qual podemos alcançar grandes graças e afastar o mal de nossas vidas. Em nossa arquidiocese, estaremos celebrando, em todos os vicariatos, solenemente o terço após a Festa de Nossa Senhora Aparecida.
Para bem rezar o Santo Terço, é preciso saber como rezá-lo. Isso significa que rezar o terço não é apenas repetir Ave-Marias e Pai-Nossos, mas contemplar os mistérios da vida de Cristo. Os mistérios do terço, próprios de cada dia, nos fazem mergulhar na vida de Jesus e contemplar momentos fundamentais de sua missão. O centro sempre é Cristo, e a oração nos ajuda a recorrer à Mãe, pedindo a intercessão do Filho. Assim, a oração não fica apenas nos lábios, mas penetra no coração.
Nas segundas-feiras e sábados, contemplamos os Mistérios Gozosos; às terças e sextas, os Dolorosos; às quartas e domingos, os Gloriosos; e às quintas-feiras, os Luminosos. Os Mistérios Gozosos recordam a concepção e infância de Jesus; os Dolorosos, sua paixão e morte; os Gloriosos, a ressurreição, a ascensão e a vinda do Espírito Santo; e os Luminosos, alguns sinais de sua vida pública, como as Bodas de Caná, a Transfiguração no Monte Tabor e a instituição da Eucaristia.
Cada mistério é composto por cinco passagens, e, para cada uma, se reza um Pai-Nosso, dez Ave-Marias e um Glória ao Pai. Ao final de cada dezena, pode-se acrescentar a invocação de algum santo ou de uma devoção particular. Ao concluir os cinco mistérios, finaliza-se o terço com a oração da Salve-Rainha. A oração inicia-se com o sinal da cruz, seguido do Credo, de um Pai-Nosso e três Ave-Marias em honra à Santíssima Trindade. Pode-se rezar apenas um terço ao dia ou até mesmo os quatro, completando o Rosário inteiro.
Procuremos conhecer melhor a espiritualidade do terço, para que seja uma oração feita com o coração. Encontremos, em nosso dia, o melhor momento para rezar: de manhã, à noite, no caminho para o trabalho ou no retorno, sozinhos ou em família.
O terço é chamado de “arma do cristão”, pois deve estar sempre próximo de nós. Cada Ave-Maria é como uma rosa oferecida a Nossa Senhora. Que ela passe à frente de nossos problemas e nos ajude a encontrar soluções. Que Maria nos ensine a fazer sempre a vontade de Jesus, como fez nas bodas de Caná.
A palavra “rosário” significa “coroa de rosas”, porque cada Ave-Maria é como uma flor oferecida a Maria. Na tradição cristã, coroamos Nossa Senhora no final de maio e também em outubro.
O rosário também tem relação com os 150 salmos da Bíblia. Na Antiguidade, os fiéis mais simples, que não sabiam ler nem tinham acesso às Escrituras, substituíam a recitação dos salmos por 150 Ave-Marias, divididas em 15 dezenas, formando o chamado “Saltério da Virgem”. Com os mistérios luminosos, esse número agora aumentou.
Segundo a tradição, por volta de 1208, a Virgem Maria apareceu a São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Pregadores, ensinando-lhe a rezar o Rosário e pedindo que o propagasse como instrumento de evangelização e conversão. São Domingos, então, percorreu diversas regiões anunciando o Evangelho e ensinando essa oração mariana.
Esta é a história do Rosário e o modo correto de rezá-lo. Que, neste mês de outubro, nos empenhemos em rezá-lo todos os dias, oferecendo rosas espirituais a Nossa Senhora em gratidão por tudo o que ela nos concede.
Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janei