Celebração jubilar na Catedral marca investidura de novos ministros e conclusão do II Sínodo Arquidiocesano

A peregrinação jubilar e investidura de 1.135 novos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão (Mescs) foi realizada na Catedral de São Sebastião, no Centro, no dia 4 de outubro, durante Santa Missa presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta. A celebração foi também em ação de graças pela conclusão do II Sínodo Arquidiocesano sobre as Missões. A liturgia coincidiu ainda com a memória de São Francisco de Assis, encerrando o Tempo da Criação, vivenciado pela Igreja ao longo de setembro.

Logo no início da celebração, Dom Orani recordou que, na véspera, 3 de outubro, a Igreja no Brasil celebrou os Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, considerados os protomártires do Brasil, os Santos André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro, presbíteros, Mateus Moreira e outros 27 companheiros leigos. Eles foram beatificados em 5 de março de 2000 pelo Papa João Paulo II e canonizados em 15 de outubro de 2017 pelo Papa Francisco.

“Entre as testemunhas de fé que entregaram suas vidas em tempos de intolerância religiosa está o leigo Mateus Moreira. Estando ainda vivo, foi-lhe arrancado o coração pelas costas, mas ele ainda teve forças para proclamar a sua fé na Eucaristia, dizendo: ‘Louvado seja o Santíssimo Sacramento’”, recordou o arcebispo.

O arcebispo lembrou que, por decisão dos bispos do Brasil reunidos em 2005, na 43ª Assembleia Geral, realizada em Itaici (SP), o leigo Mateus Moreira foi aprovado como patrono dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, por seu testemunho de amor à Eucaristia.

A celebração contou com a presença dos bispos auxiliares Dom Roque Costa Souza, Dom Antonio Luiz Catelan Ferreira, Dom José Maria Pereira, Dom Célio da Silveira Calixto Filho e Dom Joselito Ramalho Nogueira, além do bispo emérito Dom Antonio Augusto Dias Duarte. Também concelebrou o padre Marcelo Batista de Araújo, assistente eclesiástico dos Mescs, junto a diversos sacerdotes da arquidiocese.

Durante a homilia, o Cardeal Orani expressou gratidão pelo empenho da equipe organizadora e pelo testemunho missionário dos novos ministros. “Agradeço à coordenação por preparar os novos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, com a assistência do bispo referencial Dom Joselito, que se empenham cada vez mais para serem evangelizadores e missionários nessa missão que agora recebem”, afirmou.

O arcebispo destacou a importância da missão dos leigos e leigas no contexto da arquidiocese: “Bendizemos a Deus por esse belo momento de vida, vitalidade e alegria, que também marca a conclusão do nosso segundo Sínodo Arquidiocesano, nessa Igreja do Rio de Janeiro que vive uma missão permanente confiada pelo Senhor.”

Refletindo sobre o Evangelho do dia, Dom Orani recordou o envio dos 72 discípulos por Jesus e a alegria de sua volta. “Eles voltaram muito contentes com os sinais que viram acontecer, mas Jesus os lembrou: mais do que isso, alegrem-se porque os vossos nomes estão escritos no céu”, ressaltou.

O arcebispo convidou os presentes a perseverarem na fé e na missão, mesmo diante das dificuldades do mundo atual: “Vivemos tempos marcados por violências, problemas nas famílias e nas comunidades. Mas o encontro com Jesus Cristo transforma os corações e as vidas. Ele nos faz ser fermento no meio da massa, sal da terra e luz do mundo.”

Dom Orani também fez uma leitura do momento vivido pela arquidiocese, associando o encerramento do Sínodo e a investidura dos novos ministros ao chamado à conversão e à esperança. “Diante das situações de pecado e violência, somos convidados a buscar o Senhor com zelo ainda maior, como ensina o profeta Baruc: ‘Voltando-o, buscai-o com zelo dez vezes maior, e Ele vos trará com alegria eterna’”, destacou.

Encerrando a homilia, o arcebispo conclamou todos a serem testemunhas da esperança e instrumentos de transformação. “Que sejamos pessoas abertas à graça de Deus, deixemo-nos conduzir pelo Espírito Santo para viver com coerência nesta cidade, neste país e neste mundo. Aquele que é iluminado pelo Senhor se torna também profeta diante das injustiças e das maldades”, afirmou.

A celebração, marcada pela alegria e pela comunhão, simbolizou o compromisso renovado da Igreja do Rio de Janeiro com a missão evangelizadora e o serviço eucarístico, em sintonia com o espírito do Ano Santo do Jubileu de Esperança, o Mês Missionário, o Mês do Rosário e a Semana Nacional da Vida — todos vividos sob a proteção e intercessão de Nossa Senhora, a quem Dom Orani confiou a caminhada da arquidiocese: “Que Maria nos ajude a ser uma Igreja viva, fermento de fé e amor no coração da nossa grande cidade.”

 

Dom Joselito: Testemunhas de comunhão e fraternidade

Ao final da celebração eucarística, o bispo auxiliar e referencial dos Mescs, Dom Joselito Ramalho Nogueira, dirigiu uma mensagem de encorajamento e gratidão. Em suas palavras, ele destacou a importância da missão dos novos ministros e a dimensão espiritual e fraterna que envolve o serviço à Eucaristia.

“Estamos celebrando esse momento tão bonito, tão significativo, essa investidura desse numeroso grupo de novos ministros da Eucaristia, chamados a ser instrumentos da comunhão, a distribuir a comunhão”, afirmou.

O bispo destacou que o evento ocorreu em um contexto especial, coincidindo com o encerramento do II Sínodo Arquidiocesano sobre as Missões e com a memória de São Francisco de Assis. “Nesse dia em que a nossa arquidiocese está celebrando esse dia final do seu Sínodo, que também nos convoca à comunhão, a Igreja se recorda do pobrezinho de Assis, chamado por Deus a reconstruir a Igreja e que assumiu uma missão tão extraordinária: promover a fraternidade e ser um sinal em favor dos pobres”, lembrou.

Inspirando-se na figura de São Francisco, Dom Joselito convidou os novos ministros e toda a assembleia a viverem o chamado à comunhão e à solidariedade. “Na força da Eucaristia, somos chamados a comer esse pão, a distribuir esse pão, porque o caminho é longo. Há muito o que fazer para promover a comunhão, há muito o que fazer para criarmos fraternidade, aprofundarmos as nossas relações fraternas na Igreja e na sociedade”, enfatizou.

O bispo referencial dos Mescs também lembrou que o serviço dos ministros deve estar sempre voltado para os mais necessitados, como expressão concreta da fé e da presença de Cristo no mundo. “Os pobres estão aí ainda, clamando por nossa solidariedade, por nossa presença fraterna, por nosso serviço de promoção a todos eles”, disse.

Ao final, Dom Joselito expressou gratidão a todos os que contribuíram para a formação e a preparação dos novos ministros e pediu as bênçãos de Deus sobre toda a comunidade arquidiocesana. “Que Deus abençoe a todos nós, nos anime, nos fortaleça nesse nosso caminhar. E abençoe de modo especial todos os que estiveram envolvidos nesta preparação desses novos ministros da Eucaristia”, afirmou.

Concluindo sua mensagem, o bispo renovou o convite à comunhão e à esperança, destacando o testemunho do arcebispo, Cardeal Orani João Tempesta, como guia e exemplo. “Sigamos com alegria Jesus Cristo, que vai nos apontando a direção na voz, no testemunho, na presença de nosso arcebispo Dom Orani. Caminhemos na comunhão, façamos crescer a fraternidade, nos empenhemos ainda mais no cuidado dos pobres, e que a alegria de Deus seja presente na vida de cada um de nós”, concluiu.

 

Padre Arthur Torres: Chamado à comunhão e ao serviço eucarístico

Ainda ao final da celebração, o padre Arthur José Torres da Conceição, nomeado novo assessor eclesiástico arquidiocesano dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, dirigiu uma mensagem de gratidão e compromisso. Em tom de humildade e renovação, o sacerdote destacou o significado da missão que agora assume e o papel essencial dos ministros na vida da Igreja.

“Manifesto o meu agradecimento a Dom Orani pela nomeação como assistente arquidiocesano para o Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão”, declarou. Ao recordar sua ordenação sacerdotal, padre Arthur reafirmou seu vínculo de obediência e amor à Igreja: “Como na minha ordenação, renovo minha promessa sacerdotal de respeito e obediência ao arcebispo e também renovo o amor à Igreja e aos irmãos e irmãs.”

O novo assessor expressou gratidão à equipe que conduz o trabalho formativo e pastoral dos ministros. “Agradeço muitíssimo à atual comissão arquidiocesana dos ministros extraordinários, que não mede esforços na organização dos cursos, da formação permanente e desta bela celebração que aqui nos reúne”, afirmou.

Ele também estendeu o agradecimento aos coordenadores forâneos e paroquiais “que levam adiante esta bela missão de unidade e comunhão, com dedicação integral e amor aos doentes e à Igreja.”

Dirigindo-se aos ministros antigos e aos recém-investidos, padre Arthur destacou o valor do serviço eucarístico e missionário. “Agradeço aos ministros extraordinários, tanto os antigos quanto os novos, pela disponibilidade generosa ao serviço da Eucaristia. No dia da investidura, ao receberem o Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, recebem também a força, o sustento e a coragem para sermos uma Igreja em saída, peregrina de esperança, vida e alegria”, afirmou.

O sacerdote exortou os ministros a manterem viva a espiritualidade eucarística que sustenta o serviço prestado à comunidade. “Não deixem de ser homens e mulheres eucarísticos, com respeito e ardoroso zelo, comungando, adorando e sendo presença de unidade, comunhão e entrega”, pediu.

Ao lembrar a missão dos ministros junto aos enfermos, padre Arthur sublinhou a dimensão concreta do amor cristão. “Ao visitarem os doentes, não se esqueçam de que estão visitando o próprio Cristo, cuja presença está nestes irmãos e irmãs, conforme lemos no Evangelho de São Mateus: ‘Estive doente e fostes me visitar’”, destacou.

Encerrando a mensagem, o novo assessor eclesiástico lembrou o propósito central da missão dos Mescs. “Esta é a vossa e a nossa missão: levar o Cristo no sacramento, na presença e no testemunho de uma esperança que não decepciona e tem um nome, porque é uma pessoa: Jesus Cristo, nosso Senhor.”

 

Carlos Moioli

 

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