O Seminário Arquidiocesano de São José se prepara para mais uma edição da Coleta Anual, que será realizada no dia 2 de novembro, Dia de Finados, durante as missas nas paróquias e celebrações nos cemitérios. A iniciativa, instituída há mais de 30 anos pelo então arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Eugenio de Araujo Sales, tem como objetivo fortalecer o apoio à formação dos futuros sacerdotes da Arquidiocese. Atualmente, o seminário conta com 162 seminaristas, distribuídos entre o Seminário Menor, o Propedêutico e o Seminário Maior, que compreende os cursos de Filosofia e Teologia.
O ecônomo do Seminário, padre Wellington Gusmão Mendes, explicou que a coleta tem papel fundamental para manter o funcionamento da casa de formação, especialmente em um período do ano em que as despesas se elevam. “A coleta está próxima de um período crítico para o seminário, de fim de ano, quando as despesas praticamente dobram, com os compromissos com os funcionários que se empenham o ano inteiro. Vejo a coleta como um sinal de providência, que representa uma grande ajuda na formação sacerdotal”, destacou.
Padre Wellington recordou que a Coleta Anual é um gesto de comunhão entre padres e fiéis, uma expressão concreta da corresponsabilidade da Igreja na formação dos novos presbíteros. “Sensibilizamos nossos irmãos padres para motivar e conscientizar os fiéis leigos sobre a situação sempre muito delicada do seminário. A coleta é importante, porque, de fato, faz com que toda a Igreja participe do processo formativo. É a única coleta que vem diretamente para o seminário, para ajudar na formação sacerdotal”, afirmou.
Ele recordou ainda que o Código de Direito Canônico prevê a necessidade dessa colaboração conjunta. “O Código contempla a comunhão dos padres e dos fiéis para ajudar o seminário. Se não tivermos novos padres, como as paróquias vão subsistir?”, questionou. Segundo o ecônomo, contribuir com o seminário é investir no futuro da Igreja: “Quando um padre ajuda o seminário, ele tem uma visão de futuro. Investimos agora no presente para algo que frutificará no futuro.”
A escolha do Dia de Finados para a coleta tem também um significado espiritual profundo. “Por ser realizada em Finados, procuramos espiritualizar a data, com essa visão de futuro: teremos padres rezando pelos fiéis falecidos. É necessário termos padres no futuro para rezar por aqueles que vão necessitar das nossas súplicas”, explicou.
Padre Wellington lembrou que a missão sacerdotal está intimamente ligada à vida e à fé do povo. “Se não tivermos novos padres, quem poderá celebrar a Santa Missa, administrar os sacramentos, conduzir as comunidades e ajudar as pessoas em suas necessidades?”, indagou. Ele ressaltou ainda que, neste ano, a coleta coincidirá com um domingo, o que deve favorecer uma participação ainda maior dos fiéis. “Acreditamos que será melhor que nos anos anteriores”, afirmou.
Para garantir a organização da campanha, “enviamos um boleto para cada pároco, para que o resultado possa ser pago até o dia 12 de novembro”, explicou. Já as coletas realizadas nas missas nos cemitérios serão encaminhadas diretamente aos vicariatos regionais. “A coleta dos cemitérios é muito significativa, pois os fiéis são generosos e os seminaristas estarão presentes para sensibilizar o povo de Deus”, completou.
O ecônomo enfatizou que o sucesso da coleta depende do envolvimento do clero: “A coleta será um sucesso se os nossos irmãos padres participarem do processo e abraçarem a causa. Temos certeza de que isso acontecerá, porque todos nós temos uma ligação muito carinhosa com o seminário, o local onde o Senhor nos preparou para a missão e o ministério sacerdotal.”
Além da coleta anual, o Seminário de São José conta com o trabalho constante da Obra das Vocações Sacerdotais (OVS), que mantém grupos paroquiais ativos em apoio à formação dos seminaristas. “Nosso desejo para 2026 é organizar uma equipe arquidiocesana para fortalecer e dinamizar o trabalho dos 80 grupos existentes. Mas temos quase 300 paróquias, então será preciso trabalhar muito para ampliar essa rede de apoio”, observou.
Padre Wellington, que assumiu a missão de ecônomo em 28 de fevereiro de 2024, destacou a importância de modernizar os processos administrativos e ampliar as campanhas. “O modelo atual vem das décadas de 1970 e 1980. Precisamos atualizar, pois enfrentamos uma defasagem grande entre gastos e entradas. No final do ano há o 13º salário e outras despesas extras que exigem o aumento de receita”, explicou.
Ele também mencionou uma nova forma de contribuição, instituída pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta: “Uma nova forma de ajuda foi introduzida por iniciativa de Dom Orani, com o dízimo dos padres. Cada padre, na sua liberdade, devolve o seu dízimo ao seminário. Ficamos felizes pelos que são fiéis e conscientes, enviando com fidelidade a sua contribuição.”
Por fim, padre Wellington reforçou o sentido espiritual da campanha. “A coleta do seminário tem um significado espiritual para tudo o que queremos viver também sacramentalmente. Vale a pena ajudar o seminário, para que no futuro possamos colher bons frutos da vida sacerdotal. Principalmente no contexto de Finados, quando necessitamos de padres para oferecer o Santo Sacrifício por aqueles que partiram. Essa linguagem também motiva”, concluiu.
Carlos Moioli