Festa de Nossa Senhora da Penha: 390 anos de fé, missão e esperança de paz

Dom Orani: “Em meio a tantas situações de divisão e de ódio, precisamos redescobrir o valor de viver como irmãos, fazendo o bem uns aos outros”

 

A Arquidiocese do Rio de Janeiro celebrou, no dia 26 de outubro, os 390 anos da Basílica Santuário Nossa Senhora da Penha, no bairro da Penha, reafirmando a força histórica e espiritual dessa devoção que acompanha gerações de fiéis.

As atividades começaram em frente à Paróquia Bom Jesus da Penha, na Penha, com o Terço Mariano conduzido pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, e seguiram em procissão até a Concha Acústica, aos pés da escadaria do Santuário, onde foi celebrada a Santa Missa festiva.

Entre o clero presente estavam o bispo emérito da Diocese de Guanhães (MG), Dom Jeremias Antônio de Jesus, o reitor do Santuário, padre Thiago Sardinha de Jesus, o pároco da Paróquia Bom Jesus da Penha, padre Luiz Carlos da Silva, e o pároco da Paróquia São Geraldo, em Olaria, cônego Júlio Cesar Costa da Silva. Membros da Irmandade da Penha, damas e cavalheiros da festa também participaram do momento, que reuniu devotos da capital fluminense.

Logo no início do Terço Mariano, Dom Orani convidou o povo à oração pela paz no mundo e pela unidade da Igreja, lembrando o apelo missionário da devoção mariana: “Vamos rezar o Rosário pedindo ao Senhor que nos dê paz. Esse é também o apelo da Igreja, do Santo Padre Leão XIII, para o mês de outubro dedicado à oração do Rosário pela paz.”

Na acolhida da celebração eucarística, Dom Orani retomou a importância deste tempo de fé e evangelização no Rio de Janeiro: “Estamos concluindo o Mês das Missões e o Mês do Rosário. É sempre uma oportunidade de pedir ao Senhor que, inspirados pela devoção a Maria, com o título de Nossa Senhora da Penha, possamos ser cada vez mais missionários e evangelizadores.”

Ele recordou ainda que o Santuário permanece como lugar especial de indulgência durante o Jubileu Arquidiocesano pelos 450 anos da antiga Prelazia do Rio de Janeiro, que se estende até julho de 2026.

Na homilia, Dom Orani situou a Festa da Penha dentro do contexto mariano vivido no Brasil: “Nós temos a graça de celebrar a Festa de Nossa Senhora da Penha durante o mês de outubro, marcado por várias devoções marianas, com os títulos de Aparecida, Nazaré e Rosário, e que congrega a fé do nosso povo.”

O arcebispo recordou que a tradição se mantém viva há quase quatro séculos, contribuindo para a evangelização e para a identidade religiosa do Rio: “Celebrar 390 anos dessa devoção é reconhecer que ela marca a nossa cidade, nossa história e a vida de tantas pessoas que aqui depositaram suas esperanças ao longo do tempo.”

Ao refletir sobre o Evangelho que apresenta Maria como Mãe da Igreja (Jo 19,25-27), Dom Orani ressaltou: “A Mãe de Jesus, a Mãe de Deus, é nossa Mãe.” Ele explicou que Jesus ao entregar Maria ao discípulo João, no alto da cruz, estende-se a toda a humanidade: “Devemos permitir que Maria cuide da nossa vida espiritual, na certeza de que Ela nos conduzirá sempre ao seu Filho.”

O arcebispo também incentivou os fiéis a redescobrirem o fervor missionário: “Somos chamados, como Maria, a levar Jesus conosco e levar as pessoas a conhecê-Lo cada vez mais.” Segundo ele, a experiência do jubileu deve levar à conversão e ao recomeço: “Muitas vezes, nos acostumamos com tantas situações, nos acomodamos e esquecemos a vitalidade do Evangelho. Um tempo jubilar é sempre um tempo de renovação. A conclusão da Festa da Penha deve ser essa oportunidade de agradecer pela nossa história e nos empenhar pelo presente e pelo futuro.”

Em suas palavras, Dom Orani convidou os devotos a viverem de forma coerente com a Palavra de Deus: “Que as pessoas possam ler o Evangelho na nossa vida, no modo de comportar, de ser, de falar.” Ele ressaltou que Maria é o modelo perfeito de obediência à vontade de Deus e que sua presença inspira o testemunho cristão: “Maria nos inspira a andar pelos caminhos do Senhor e a fazer tudo o que Ele disser.”

O arcebispo também fez um apelo à fraternidade e à comunhão na cidade do Rio de Janeiro: “Somos chamados a viver como irmãos e irmãs, filhos de Maria e filhos de Deus, irmãos de Jesus que nos salva. Em meio a tantas situações de divisão e de ódio, precisamos redescobrir o valor de viver como irmãos, fazendo o bem uns aos outros.” E acrescentou: “A conclusão da Festa da Penha deve ser também um compromisso de fé e solidariedade, de olhar para o futuro com esperança, confiando em Cristo, que é a esperança que não decepciona.”

Ao final, Dom Orani dirigiu uma mensagem de gratidão e encorajamento aos fiéis, pedindo a intercessão da padroeira: “Cristo é a esperança que não decepciona. O mundo nos decepciona, mas Cristo não. Pedimos a Nossa Senhora da Penha que reze e interceda pela nossa cidade e por cada um de nós.”

No final da celebração, padre Thiago Sardinha convidou a cantora Joanna para homenagear Nossa Senhora da Penha, destacando que ela esteve presente no Santuário em 2005, na ocasião da inauguração da Concha Acústica que leva o nome do cantor Jerry Adriani, fervoroso devoto da padroeira, falecido em 2017.

A cantora Joanna, que interpretou “Nossa Senhora”, de Roberto Carlos, fez memória de uma história de infância, quando sua mãe anualmente levava a família para a Igreja da Penha, e ela se perdeu na multidão, sendo encontrada no altar, nos braços do padre.

“A minha devoção a Nossa Senhora é de muitos anos. Que bom estar aqui, todos juntos, e cantar para ela, honrar seu nome, nesta festa tão importante na cidade”, disse Joanna.

Após a celebração, na parte cultural, houve a apresentação da Banda V-Trix, seguida da coroação da imagem de Nossa Senhora da Penha e queima de fogos, iluminando o Santuário da Penha no alto do penhasco.

 

Carlos Moioli

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