Paróquia São Francisco Xavier, na Tijuca, celebra 230 anos de criação e recebe título de Basílica Menor

A Paróquia São Francisco Xavier, na Tijuca, viveu um momento histórico no dia 23 de novembro de 2025, quando foi instalada oficialmente como basílica menor, durante Santa Missa presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, na liturgia da Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo. Na mesma celebração também se comemorou os 230 anos de criação da Paróquia São Francisco Xavier, ocorrida no dia 22 de novembro de 1795.

Na presença do pároco, cônego José Li Guozhong, e entre os sacerdotes presentes, os vigários episcopais do Vicariato Tijuca, cônego Valtemário Silva Frazão Junior, e do Vicariato Norte, cônego Aldo de Souto Santos, e do vigário paroquial, padre Nelson Augusto dos Santos Águia, o arcebispo acolheu os fiéis e manifestou sua alegria pela celebração: “Marca um novo capítulo para a comunidade do antigo Engenho Velho, berço da evangelização.”

A celebração reuniu sacerdotes, religiosos e grande número de fiéis, que também comemoraram os 230 anos de criação da paróquia, fundada em 22 de novembro de 1795. O acontecimento marcou um novo capítulo para a comunidade do antigo Engenho Velho, berço da evangelização na região.

 

Dia histórico para a Arquidiocese do Rio

Logo no início da celebração, Dom Orani deu a bênção à cadeira presidencial e ao ambão e conduziu o rito de aspersão da água benta como gesto de renovação batismal e purificação do espaço sagrado, agora configurado como basílica. Manifestando alegria pela conquista da comunidade, o arcebispo afirmou que se tratava de “um dia histórico para essa igreja histórica, enquanto presença e evangelização na região do Engenho Velho”.

O arcebispo destacou a relevância evangelizadora da paróquia ao longo de sua caminhada e expressou desejo de que a nova basílica seja sinal de missão e serviço. “Hoje instalamos a Basílica São Francisco Xavier, que seja um sinal também de evangelização e de trabalho missionário em toda a nossa arquidiocese”, disse. Ele ainda sublinhou a ligação da Basílica Menor de São Francisco Xavier com a Basílica de São João de Latrão, em Roma: “Que essa união nos ajude a estar ainda mais próximos do Santo Padre e da missão da Igreja no mundo.”

A celebração também integrou os festejos do Dia do Cristão Leigo e os 40 anos da Jornada Mundial da Juventude, no contexto do Ano Jubilar da Esperança, o que conferiu ainda mais sentido ao acontecimento. O arcebispo recordou que, ao concluir o ano litúrgico com a Solenidade de Cristo Rei, a Igreja convida os fiéis a deixarem que Cristo reine em suas vidas e na sociedade.

 

Leitura do Decreto e apresentação dos símbolos basilicais

O momento central da celebração ocorreu quando foi lido o decreto de concessão do título de basílica menor, emitido pelo Papa Leão XIV em 14 de maio de 2025. A leitura foi feita pelo monsenhor João de Deus Góis, pároco emérito da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Del Castilho. O documento, assinado pelo prefeito do Dicastério para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Arturus Roche, e pelo secretário, Dom Victorius Franciscus Viola, reconhece oficialmente a dignidade do templo tijucano.

Em seguida, o pároco, cônego José Li Guozhong, apresentou os símbolos basilicais, acompanhados por procissão com o andor de São Francisco Xavier. O tintinábulo, pequeno sino sustentado por estandarte, e a umbela, grande guarda-chuva ornamentado, foram exibidos como sinais de união com o Papa e com a Cátedra de Pedro. Esses elementos litúrgicos identificam visualmente que o templo recebeu o título de basílica menor.

 

Datas para receber Indulgência Plenária

Durante a celebração, o cônego José Li anunciou que a instalação da basílica concede aos fiéis a possibilidade de receber Indulgência Plenária em diversas ocasiões ao longo do ano. “Uma indulgência plenária é concedida a todos que participais desta celebração hoje, como também àqueles que aqui vierem celebrar os sagrados mistérios”, afirmou.

O pároco explicou detalhadamente as datas em que a indulgência poderá ser alcançada:

— dia 22 de novembro, aniversário da dedicação da paróquia;

— dia 3 de dezembro, festa do padroeiro São Francisco Xavier;

— dia 29 de junho, Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo (no Brasil, transferida para o domingo seguinte);

— dia 14 de maio, aniversário da concessão do título de basílica menor;

— dia 7 de abril – nascimento de São Francisco Xavier;

— um dia anual determinado pelo arcebispo (em 2025, o próprio 23 de novembro);

— e um dia escolhido livremente por cada fiel.

 

Para receber a Indulgência Plenária é necessário cumprir as condições habituais: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Papa. O arcebispo reforçou a importância pastoral desse privilégio e recomendou que as datas sejam divulgadas visivelmente na igreja, “para que os fiéis possam conhecer os sinais basilicais e tomar consciência da graça concedida”.

 

“Que alegria quando me disseram: vamos à casa do Senhor” (Sl 121)

Na homilia, Dom Orani destacou que a elevação da igreja a basílica é um reconhecimento de sua trajetória evangelizadora, de seu valor arquitetônico e de sua importância pastoral para a arquidiocese. Segundo o arcebispo, o decreto emitido em Roma estabelece vínculos especiais de unidade com o Santo Padre e concede à nova basílica privilégios próprios, como a possibilidade de obtenção de indulgências. Os sinais distintivos instalados ao lado do altar passam a identificar, para todos os fiéis, o novo status concedido pelo Papa por meio do dicastério competente.

Ao comentar as leituras proclamadas, Dom Orani ressaltou o sentido de alegria presente no Salmo 121 — “Que alegria quando me disseram: vamos à casa do Senhor” — e recordou que o templo é lugar de encontro, crescimento espiritual e fortalecimento da fé. O arcebispo sublinhou que participar da vida sacramental, da Palavra e da convivência comunitária é missão essencial de todos os cristãos. Inspirando-se no exemplo missionário de São Francisco Xavier, incentivou os fiéis a manter o coração aberto para a evangelização, tanto nas realidades próximas quanto nas mais distantes.

Dom Orani ressaltou ainda o significado especial da celebração ocorrer no Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas, lembrando que os leigos têm papel fundamental na missão da Igreja no mundo. Presentes nos ambientes de trabalho, na política, nas famílias e nas mais variadas estruturas sociais, são eles que levam a fé aos lugares onde os sacerdotes não chegam. O arcebispo lembrou que o dia nacional destaca a presença evangelizadora do leigo na sociedade, convidado a testemunhar o Evangelho no cotidiano e a ser sinal de esperança, justiça e fraternidade.

Acolhida, missionariedade e participação comunitária foram três dimensões enfatizadas pelo arcebispo. Ele pediu que a nova basílica seja um espaço de portas abertas, capaz de acolher aqueles que já caminham com a Igreja, mas também os que buscam reencontrar em Cristo um caminho de vida. Recordou que o salmo proclamado é um cântico processional que acompanhava as tribos de Israel em sua subida a Jerusalém, imagem que remete ao povo de Deus em marcha, unido na fé e no louvor.

Dom Orani lembrou que a celebração coincidiu com a Solenidade de Cristo Rei e destacou que o reinado de Jesus se manifesta pelos valores do Evangelho: justiça, paz, dignidade da vida humana, fraternidade e compromisso com o bem comum. Ele observou que o país vive tempos de desafios, marcados por violência, insegurança e desigualdades, mas lembrou que Cristo é a esperança que não decepciona, fonte de força para perseverar e transformar a realidade. O arcebispo recordou ainda que o Evangelho do dia apresenta as provocações dirigidas a Jesus na cruz, mas é justamente pela entrega total de sua vida que Ele vence o mal, o pecado e a morte, oferecendo à humanidade a possibilidade de uma vida nova.

Dom Orani mencionou também a relevância da juventude na vida da Igreja, especialmente no contexto da celebração dos 40 anos da Jornada Mundial da Juventude, reafirmando o testemunho e o dinamismo dos jovens na evangelização. Ele desejou que o espírito do Ano Jubilar da Esperança ilumine a caminhada da nova basílica e de toda a comunidade, fortalecendo ainda mais seu compromisso missionário.

O arcebispo também destacou a presença do vigário episcopal do recém-criado Vicariato da Tijuca, padre Valtemário, e afirmou que a instalação da basílica marca um novo capítulo na história local. Ele convidou os fiéis a viverem com entusiasmo e compromisso o momento de graça, reafirmando que, na casa do Senhor, é possível encontrar Cristo vivo e ressuscitado, fundamento da fé e da missão de todos os batizados.

Além dos ritos próprios da instalação, a celebração foi marcada por lembranças da longa trajetória da igreja. Fundada por jesuítas em 1567, a antiga capela deu origem ao bairro da Tijuca e acompanhou o desenvolvimento religioso e social da região. O arcebispo recordou personagens que marcaram essa história, como São José de Anchieta e líderes locais que sustentaram o templo ao longo dos séculos.

Dom Orani destacou, ainda, que a concessão do título de basílica representa um dos primeiros atos do pontificado de Papa Leão XIV. O processo havia sido iniciado quando o Papa Francisco ainda estava à frente da Igreja, mas só pôde ser promulgado posteriormente, devido ao período de enfermidade que enfrentou. O arcebispo sublinhou o valor simbólico do gesto: “Só se participa uma única vez na mesma igreja de uma instalação de basílica e vocês são testemunhas disso.”

 

“Nesta igreja ensinamos a amar a Deus, a defender a família e a trabalhar pelo Brasil.”

A celebração que marcou a instalação da Basílica Menor São Francisco Xavier, na Tijuca, foi concluída com uma mensagem de forte significado histórico e espiritual, pronunciada pelo pároco, cônego José Li Guozhong. Em tom de gratidão, o sacerdote recordou os marcos da trajetória do templo, que completa 458 anos de existência e celebra também os 230 anos de sua elevação a paróquia perpétua. Segundo ele, o título de basílica concedido pelo Papa Leão XIV em 14 de maio deste ano representa “um momento solene para celebrarmos juntos esta graça concedida à nossa comunidade”.

O pároco destacou que a igreja, construída pelos jesuítas em 1567, carrega marcas profundas da história da cidade e da própria evangelização no Rio de Janeiro. Ele lembrou a participação de São José de Anchieta, responsável pela transferência do Colégio de São Vicente para a região e envolvido na construção da antiga ermida. Na fachada do templo, permanece registrada a célebre frase atribuída ao santo: “Nesta igreja ensinamos a amar a Deus, a defender a família e a trabalhar pelo Brasil”.

Cônego José Li também recordou a contribuição de figuras marcantes da história nacional associadas à paróquia. Entre elas, o Duque de Caxias, que assumiu pessoalmente os custos da reconstrução da igreja em 1869. Ao recusar homenagens por suas vitórias militares, o patrono do Exército afirmou: “Quando a Igreja de Deus está em ruínas, o soldado não recebe festas.” A família imperial igualmente deixou sua marca: sob a proteção da Imperatriz Teresa Cristina, foi instituída, em 1879, a devoção às Dores da Santíssima Virgem, cuja imagem ofertada pela imperatriz permanece como uma das relíquias da basílica.

O pároco destacou que a Igreja de São Francisco Xavier tornou-se, ao longo dos séculos, centro religioso e social do antigo Engenho Velho e marco formador do atual bairro da Tijuca. Ele lembrou, ainda, que o templo é o único na América Latina agregado à Basílica do Latrão, título recebido em 1931, por ocasião da doação da relíquia de um fragmento ósseo de São Francisco Xavier.

A nova dignidade, agora oficialmente reconhecida como Basílica Menor, expressa — segundo o sacerdote — a soma de sua importância histórica, de sua relevância espiritual e pastoral e da beleza artística e arquitetônica do templo. “A dignidade de basílica é um reconhecimento divino e eclesial que nos enche de esperança e responsabilidade”, afirmou. O cônego destacou que o título estabelece um vínculo especial com o Papa e com a Igreja de Roma, simbolizado pela instalação do Tintinábulo e da Umbela, insígnias próprias das basílicas.

Em sua mensagem, ele ressaltou que a nova dignidade não é apenas honorífica. “Não se trata de mera distinção arquitetônica ou histórica, mas de um chamado à evangelização e à santidade”, disse, evocando o espírito missionário de São Francisco Xavier, padroeiro da comunidade e exemplo para toda a Igreja.

Cônego José Li expressou profunda gratidão ao Papa Leão XIV pela concessão do título e ao arcebispo do Rio pelo apoio ao longo de todo o processo. “Sem a ajuda e o apoio de Dom Orani, não teríamos este momento único”, afirmou. Ele recordou que o trâmite da solicitação levou oito meses e reconheceu o empenho de todos os que colaboraram, mencionando especialmente monsenhor João de Deus e os responsáveis pela preparação dos documentos, do dossiê, do espaço litúrgico, do brasão e dos elementos honoríficos.

Ao citar o salmo responsorial, o pároco reforçou o sentimento que marcava a comunidade naquele dia: “Quanta alegria e felicidade: vamos à casa do Senhor.” Ele afirmou que a instalação da basílica aumenta ainda mais o compromisso dos fiéis com a vida pastoral e missionária, reconhecendo que “somos os verdadeiros construtores desta casa”.

O sacerdote agradeceu à comunidade pelas orações, doações e dedicação cotidiana, fatores que, segundo ele, tornaram possível alcançar esta conquista histórica. Pediu que São Francisco Xavier interceda para que esta nova fase seja vivida com humildade, unidade e ardor missionário. Em nome de toda a paróquia, concluiu declarando: “Nossa gratidão eterna a Deus e ao nosso padroeiro São Francisco Xavier.”

Encerrando a mensagem, o pároco pediu a bênção de Cristo Rei do Universo para a nova basílica e para todos os fiéis, reafirmando o compromisso de honrar a dignidade recebida com frutos de santidade para toda a Arquidiocese do Rio de Janeiro.

 

Um convite à alegria e à missão

Ao final da celebração, o arcebispo dirigiu-se à comunidade com um apelo à memória e à gratidão. “Guardem no coração este dia histórico”, disse, lembrando que muitas dioceses sequer possuem uma basílica e que essa graça deve contagiar toda a arquidiocese. Ele incentivou os fiéis a retornarem sempre à igreja com alegria e compromisso, tornando-se presença viva do Evangelho na sociedade.

Expressando reconhecimento e louvor a Deus pela caminhada da paróquia, Dom Orani concluiu: “Temos a graça de mais uma basílica em nossa arquidiocese, e isso deve nos mover a bendizer o Senhor pelos dons e graças recebidos. Parabéns a todos.”

A instalação da Basílica Menor São Francisco Xavier representa não apenas um título honorífico, mas um chamado a aprofundar a missão evangelizadora da comunidade, renovando sua identidade e sua entrega ao serviço da Igreja. Para os fiéis da Tijuca e para toda a Arquidiocese do Rio de Janeiro, o dia 23 de novembro de 2025 permanecerá como marco de fé, história e esperança.

 

Carlos Moioli

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