A Paróquia Nossa Senhora de Copacabana e Santa Rosa de Lima viveu uma noite histórica em 1º de dezembro de 2025. A igreja, localizada no coração de Copacabana, ficou completamente tomada pelos fiéis que participaram da missa presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, em ação de graças pelos 50 anos da Comunidade Bom Pastor.
Entre emoção, memória e gratidão, muitos dos presentes descreviam a celebração como um momento em que “o céu desceu” sobre a paróquia, marcando o jubileu de uma das expressões mais significativas da Renovação Carismática Católica (RCC) na Arquidiocese.
A celebração reuniu, além do arcebispo, os bispos auxiliares Dom Roque Costa Souza e Dom Joselito Ramalho Nogueira, o vigário episcopal para a Vida Consagrada, Dom Roberto Lopes, e o vigário episcopal do Vicariato Sul, cônego Márcio Queiroz. Ao todo, 21 sacerdotes concelebraram a Eucaristia. Diáconos permanentes, seminaristas e fiéis de diversas comunidades também se fizeram presentes, compondo uma assembleia vibrante e profundamente agradecida pela história da Comunidade Bom Pastor.
O pároco local, monsenhor Aroldo Ribeiro, acolheu o clero, irmãos de outras confissões cristãs e autoridades civis, entre elas o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Marcio Pacheco, e o deputado estadual Frederico Pacheco, ambos ex-integrantes da Banda Bom Pastor, que marcou profundamente a caminhada evangelizadora da Comunidade ao longo das décadas.
Palavra que cura, ilumina e transforma
Na homilia, marcada por grande emoção, Dom Orani relacionou o Evangelho do dia — “Basta uma palavra e meu servo será curado” (Mt 8,7) — à essência da missão vivida pela Comunidade Bom Pastor ao longo de 50 anos. O arcebispo destacou:
“Uma das marcas da Doris e dessa Comunidade é ouvir a Palavra de Deus como Palavra viva, Palavra que transforma e renova.”
Para ele, a celebração jubilar é um tempo privilegiado para revisitar o itinerário espiritual da Comunidade, agradecer a Deus pelos frutos e, ao mesmo tempo, discernir novos caminhos. “O jubileu de ouro da Comunidade é um tempo especial para ver o que o Senhor nos indica para o presente e para o futuro”, afirmou, sublinhando que a fidelidade à Palavra continua sendo a fonte e a força do carisma.
As raízes carismáticas: RCC e os primeiros passos
Recordando o surgimento da Renovação Carismática Católica, Dom Orani destacou que seu início não foi marcado por unanimidade na Igreja, mas por um impacto espiritual poderoso, fruto do Batismo no Espírito Santo. Desse ambiente, nasceu o grupo que originaria a Comunidade Bom Pastor.
“Doris e João começaram o grupo de oração com mais seis pessoas há 50 anos. O Senhor foi gerando frutos pela ação do Espírito Santo na vida daqueles que aqui chegavam: jovens, idosos, enfermos, pessoas com tantas necessidades encontraram alento para suas vidas”, disse o arcebispo.
Ele descreveu como os diferentes carismas foram surgindo ao longo dos anos, acompanhando as necessidades pastorais e missionárias, formando uma comunidade viva, atuante e enraizada no Evangelho. A partir dos primeiros encontros, ainda simples e improvisados, a Comunidade foi crescendo e alcançando cada vez mais pessoas, tornando-se referência em Copacabana e em toda a Arquidiocese.
História construída pelo Espírito Santo
Dom Orani lembrou que os frutos desses 50 anos são incontáveis. “Nós somos hoje testemunhas dessa história”, afirmou. Para ele, a caminhada da Comunidade Bom Pastor é um testemunho concreto de que a ação do Espírito Santo transforma vidas, alcança corações, restaura histórias e reacende esperanças.
Ele destacou que muitos fiéis, ao longo das décadas, encontraram na Comunidade um espaço de acolhimento, cura interior, crescimento espiritual, serviço aos irmãos e intensa experiência da presença de Deus. “Se pudéssemos escutar todos os testemunhos, ouviríamos histórias de conversão, transformação e participação na vida da Igreja”, disse.
O arcebispo enfatizou que celebrar o jubileu é reconhecer não apenas uma trajetória humana, mas uma obra espiritual conduzida por Deus, vivida por pessoas que se dispuseram a servir com generosidade, entrega e obediência à fé.
Retomar o ardor e enxergar os sinais do Espírito
Em tom de apelo pastoral, Dom Orani convidou a Comunidade a renovar o ardor missionário: “É tempo de retomada, de recomeçar, de ver os valores vividos nesses 50 anos.”
A celebração do jubileu coincide com o início do Tempo do Advento, período propício para perceber os sinais de Deus e cultivar a vigilância espiritual. O arcebispo destacou que é preciso olhar para dentro, identificar onde o amor pode ter esfriado e retomar o fervor dos primeiros tempos.
Ele recordou que a Palavra de Deus continua sendo a direção segura que ilumina a caminhada: “Ver como a Palavra de Deus entra no coração para salvar as pessoas.” E sublinhou que o convite bíblico a “ir à casa do Senhor” inclui também a chamada para viver em comunidade, caminhando juntos na fé.
Cristo, o Bom Pastor que guia e renova o rebanho
Ao concluir a homilia, o arcebispo recordou que Cristo permanece como o Bom Pastor que conduz, nutre, protege e renova a vida de cada fiel. “O Cristo Bom Pastor que dá vida em abundância fará cada um experimentar Seu pastoreio.”
Ele convidou a Comunidade Bom Pastor a permanecer fiel ao carisma recebido, renovando continuamente o espírito de serviço, alegria e disponibilidade: “Que o dom concedido a essa Comunidade continue sendo exercido e se renove no presente e no futuro.”
E finalizou com entusiasmo: “Parabéns, Comunidade Bom Pastor, por esse dia!”
Gratidão pelos fundadores e testemunhos de fé
Antes da bênção final, a formadora da Comunidade, Laura Beatriz Freitas — que atua juntamente com o padre Antônio José — leu uma homenagem emocionada em memória dos fundadores, João e Doris, reconhecendo seu legado espiritual e missionário, que permanece fecundo mesmo após cinco décadas.
Os bispos Dom Roque, Dom Joselito e Dom Roberto Lopes também dirigiram palavras de reconhecimento e testemunho, rememorando suas experiências junto à Comunidade e agradecendo a Deus pelas graças derramadas ao longo dos 50 anos.
A celebração foi encerrada sob aplausos, lágrimas e expressões de gratidão, marcando um capítulo especial na história da Comunidade Bom Pastor — um marco de fé, perseverança e renovação espiritual na vida da Igreja no Rio de Janeiro.
