Paróquia Santa Bárbara e Santa Cecília, em Vigário Geral, vive dia histórico com a dedicação do novo templo e altar

A Paróquia Santa Bárbara e Santa Cecília, em Vigário Geral, viveu na manhã de 29 de novembro um momento histórico com a celebração da Santa Missa e o rito de Dedicação da Igreja e do Altar.

A celebração foi presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, que iniciou saudando a comunidade e expressando a alegria de retornar ao local para consagrar o novo templo e o altar. “Uma alegria retornar aqui à Paróquia Santa Bárbara e Santa Cecília, em Vigário Geral, hoje para dedicar este templo e consagrar este altar que vocês construíram como espaço renovado e preparado para acolher a vivência da fé e o crescimento espiritual dos fiéis”, afirmou.

O arcebispo agradeceu ao pároco, padre Vitor Hugo Silva do Espírito Santo, ao vigário paroquial, padre Alciney de Freitas Martins, e à comunidade pelo trabalho realizado, e saudou ainda o cônego Alberto Gonzaga de Almeida, vigário episcopal do Vicariato Leopoldina, e o bispo auxiliar, Dom Roque Costa Souza, que concelebrou a Eucaristia. Também dirigiu saudação às autoridades presentes e aos fiéis que participaram do momento.

Durante a celebração, foi realizada a leitura do decreto da Indulgência Plenária concedida pela Penitenciaria Apostólica, válida de 22 de novembro de 2025 a 3 de julho de 2026, por ocasião dos 75 anos de criação da paróquia, fundada em 20 de janeiro de 1950 pelo então arcebispo, Cardeal Jaime de Barros Câmara. Os fiéis também receberam a bênção do Papa Leão XIV concedida especialmente para a data.

No rito de dedicação do novo altar, foi depositada uma relíquia ex-corpore de Santa Maria Goretti, mártir italiana canonizada em 1950 pelo Papa Pio XII e reconhecida como padroeira da juventude, da castidade, das vítimas de violência e do perdão. O gesto, tradicional na Igreja, marca o vínculo espiritual entre o altar e o testemunho dos santos.

A missa foi concelebrada ainda pelo padre Roberto Gomes Pereira, vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, e contou com a presença dos diáconos Dimas Freire Marques e Whertz Passos Mendes.

Em sua saudação inicial, Dom Orani destacou a importância dos sinais próprios do rito — a aspersão da água benta, as unções do altar e das paredes, o incensar e a iluminação — sublinhando que cada gesto manifesta a ação do Espírito Santo e a consagração do espaço sagrado. O arcebispo reforçou que, ao dedicar o templo, a comunidade celebra sua identidade e fortalece sua missão evangelizadora, especialmente neste período jubilar. “Hoje nós dedicamos com muito carinho esta igreja que vocês construíram, que agora abriga de um modo mais confortável a comunidade”, disse.

 

 

Pedras vivas

Na homilia, Dom Orani refletiu sobre o profundo significado espiritual da celebração e o impacto do momento para a comunidade. Ressaltou que se tratava de um acontecimento marcante para a história do bairro, afirmando: “A dedicação deste templo e consagração deste altar é um dia para entrar na história de Vigário Geral.”

O arcebispo explicou que a dedicação simboliza a identidade da Igreja presente no território e recordou o empenho da comunidade ao longo dos anos para a construção de um templo maior. Ele enfatizou que o novo espaço é fruto da perseverança de fiéis, sacerdotes e diáconos, destacando que o templo físico é sinal da realidade espiritual que une todos os batizados. Nesse sentido, disse que a consagração torna visível aquilo que Deus realiza no coração do povo: “Esse templo físico é um sinal da presença do Corpo Místico de Cristo, que é o povo de Deus.”

Ao comentar as leituras do dia, o arcebispo sublinhou que Jesus Cristo é a verdadeira presença de Deus entre os homens. Recordou que Ele é a pedra angular da Igreja e que os fiéis são chamados a ser “pedras vivas” da construção espiritual. “A grande presença de Deus no meio da humanidade é Jesus Cristo, o Verbo que se fez carne e vem morar no meio de nós”, afirmou. Em seguida, completou: “Nós somos essas pedras que constroem o templo vivo, a presença de Deus na humanidade.”

Dom Orani explicou também os sinais litúrgicos próprios do rito de dedicação, lembrando que cada gesto revela a ação de Deus e a missão da comunidade cristã. Destacou a aspersão da água benta, a Ladainha dos Santos, a relíquia de Santa Maria Goretti colocada no altar, a unção do altar e das paredes, o incenso e a iluminação final. Sobre esses ritos, afirmou: “O altar é sinal de Cristo presente no meio de nós, e as doze cruzes simbolizam que este templo foi ungido sobre o fundamento dos apóstolos.”

O arcebispo ressaltou que a celebração ficará registrada na história da paróquia e da Arquidiocese do Rio, mas sobretudo na memória dos fiéis que testemunharam o momento. Ele lembrou ainda o contexto do Ano da Esperança e do jubileu pelos 75 anos de instalação da paróquia, marcado pela concessão da indulgência plenária: “Um dia para ficar na história, para guardar no coração, para transmitir aos filhos e netos.”

Ao final da homilia, Dom Orani convidou os fiéis a renovarem a fé e assumirem a missão de evangelizar, levando ao bairro o testemunho do Cristo vivo. “Que possamos ser cada vez mais portadores de Cristo, nossa vida, nossa esperança e nossa paz”, disse. Ele encerrou recordando o tempo do Advento, iniciado naquela tarde, e concluiu proclamando a centralidade de Jesus: “Aquele que veio, vem e virá, nasceu para nos salvar. Ele é nossa vida, nossa esperança e nossa paz.”

 

Ungidos para a missão

No final da celebração, o bispo animador do Vicariato Leopoldina, Dom Roque Costa Souza, dirigiu uma mensagem marcada por gratidão, memória e forte apelo missionário. Recordando seu vínculo com o vicariato, ele afirmou que acompanha a caminhada da comunidade desde o início de seu ministério episcopal: “Em 2012, cheguei aqui neste vicariato, ordenado bispo auxiliar. Foi o primeiro vicariato que recebi.”

Dom Roque destacou que o que parecia um sonho distante se tornou realidade com a ampliação e a dedicação do novo templo. “O que parecia impossível, torna-se possível”, disse, ao contemplar o espaço revitalizado no ano do jubileu pelos 75 anos da paróquia. Ele lembrou ainda que a beleza do templo não marca um ponto final, mas um novo começo. “Eu dizia: não acabou, agora que começa o trabalho, que começa a missão.”

Ele refletiu sobre o sentido da unção realizada no rito de dedicação, ressaltando sua relação direta com a vocação dos fiéis. “O templo foi ungido, nós somos ungidos, o altar ungido para a missão”, afirmou, explicando que a consagração exige responsabilidade na conservação do espaço sagrado e na vivência da fé. Para ele, a missão é também acolhida: “Portas abertas para acolher novos irmãos e irmãs.”

Dom Roque enfatizou que a paróquia deve ser sinal de encontro e evangelização, chamando a comunidade à ação pastoral contínua. Ele lembrou que não basta “bater de porta em porta”, mas é necessário empenho para acolher e integrar aqueles que buscam oração, espiritualidade e participação nas pastorais e movimentos. O bispo também sublinhou que as obras materiais nunca cessam por completo, mas que cada etapa concluída é fruto de esforço conjunto. “A obra de Igreja não acaba. Sempre temos alguns detalhes. Cada sacrifício é a nossa oferta no altar do Senhor.”

Na conclusão, Dom Roque expressou gratidão e enalteceu o momento vivido pela comunidade. “Agradecemos a Deus por termos presenciado este momento histórico”, destacou. Dirigiu ainda palavras de reconhecimento ao pároco, padre Vitor Hugo, ao vigário paroquial, padre Alciney, aos diáconos e a toda a comunidade “por esse grande momento”, e estendeu agradecimentos ao arcebispo, afirmando: “Parabéns, Dom Orani, pelo incentivo e por sempre estar presente na vida da comunidade.”

 

“Sou feliz por ser pastor em Vigário Geral”

Ainda no final da celebração de dedicação da Igreja e do Altar da Paróquia Santa Bárbara e Santa Cecília, o pároco, padre Vitor Hugo Silva do Espírito Santo, expressou profunda emoção ao reconhecer o significado espiritual e comunitário da obra concluída. Ele iniciou sua mensagem recordando o sentido bíblico do momento: “Isto foi obra do Senhor. É um prodígio aos nossos olhos”, citando o Salmo 117 para reafirmar que todas as conquistas são fruto da graça de Deus.

Ao falar sobre o processo de construção do atual templo, erguido em apenas três anos com recursos próprios da comunidade, o pároco destacou a superação das dificuldades e a perseverança dos fiéis. “A construção dessa igreja, em um bairro periférico, com o suor, a luta e a dedicação da nossa gente, é realmente um prodígio do Senhor”, disse, lembrando as incertezas e noites de preocupação, mas reconhecendo que “nunca faltou fé”. Para ele, cada etapa da obra foi conduzida pela Providência divina: “O Senhor conduziu cada etapa, sustentou cada decisão e confirmou em gestos concretos que esta obra nasceu do seu coração.”

O sacerdote também ressaltou a importância histórica dos 75 anos da paróquia, comemorados neste ano jubilar. Ele recordou que a trajetória da comunidade é marcada por “conquistas, perseveranças, alegrias e desafios superados”, afirmando que agradecer é reconhecer a presença de Deus na caminhada: “A gratidão abre portas, cura a memória, fortalece a fé e faz florescer o amor.”

Em sua mensagem, padre Vitor Hugo expressou sincera gratidão às pessoas que contribuíram para a construção da nova igreja e para a realização da celebração. Dirigiu agradecimentos ao arcebispo do Rio, Dom Orani, pelo apoio constante, e a Dom Roque Costa Souza, pela presença e proximidade com a comunidade. Saudou ainda o vigário episcopal, cônego Alberto Gonzaga de Almeida, e o padre Roberto Gomes Pereira, além de reconhecer o trabalho diário do vigário paroquial, padre Alciney, dos diáconos Dimas e Hertz, dos seminaristas e de todos os colaboradores envolvidos nas equipes litúrgicas, pastorais e serviços da paróquia.

O pároco fez questão de homenagear também os profissionais que trabalharam diretamente na execução do projeto arquitetônico, valorizando cada detalhe da obra. Relembrou que muitos consideraram impossível concluir a construção diante do custo e das dificuldades, mas que o sonho se tornou realidade: “Parecia não ser verdadeiro. A maioria disse que era uma loucura — e foi mesmo.”

Ao final de sua mensagem, padre Vitor Hugo compartilhou aquilo que definiu como a verdade mais profunda do seu coração: “Sou feliz por ser pastor dessa igreja, por doar a minha vida em Vigário Geral. Amo essa comunidade, amo esse lugar.” Ele afirmou que cada etapa da obra renovou seu chamado e sua confiança em Deus, acrescentando: “Foi Deus, através de sua Igreja, que me colocou neste lugar para me fazer feliz e me fazer um padre realizado.”

Como compromisso para o futuro, expressou seu desejo de que o templo dedicado seja sempre um espaço de acolhida e evangelização: “Que esta igreja que hoje dedicamos seja casa de fé, de encontro, de misericórdia e de vida nova.” Encerrando, reafirmou que tudo o que foi realizado tem um único propósito: “Tudo isso é para a glória de Deus. Tudo isso é por amor a vocês. Tudo isso é um prodígio aos nossos olhos.”

 

Festa paroquial a ser celebrada a cada ano

Ao concluir a celebração, Dom Orani destacou que a data da dedicação da Igreja e do Altar passa oficialmente a integrar o calendário litúrgico da paróquia. Ele explicou que, assim como ocorre com a Basílica do Latrão em Roma e com a Catedral de São Sebastião no Rio, a comunidade terá anualmente a comemoração própria da dedicação de seu templo. “A partir de hoje, essa data passa a ser festa paroquial”, afirmou.

O arcebispo esclareceu que a celebração deverá ser observada todos os anos tanto na matriz quanto nas capelas do território paroquial. “Todos os anos, às celebrações da matriz e nas capelas, Liturgia das Horas, deve ser celebrada a dedicação do Templo. Passa a ser uma festa da paróquia”, disse. Ele lembrou que, na ocasião, os símbolos litúrgicos próprios do rito — como a iluminação das doze velas que representam os apóstolos — deverão ser retomados com solenidade. Caso o dia coincida com outra celebração de maior precedência, a festa será transferida para a data seguinte.

Dom Orani também ressaltou os desafios estruturais que ainda fazem parte da caminhada da comunidade, reafirmando que a obra material não se encerra com a dedicação. Ele citou a construção da torre, futura referência para toda a região de Vigário Geral, e outras demandas pastorais e infraestruturais. “A torre vai ser um sinal grande aqui nessa região de Vigário Geral… tantas coisas temos pela frente ainda”, observou, mencionando iniciativas como energia solar, climatização e adequações para eventos.

O arcebispo reconheceu o empenho da comunidade, que, em apenas três anos, conseguiu erguer um templo de grande porte e beleza. “Estão todos de parabéns”, afirmou. Dom Orani concluiu dirigindo palavras de reconhecimento ao pároco, padre Vitor Hugo, ao vigário paroquial, padre Alciney, aos diáconos e a todo o povo de Vigário Geral “pelo trabalho e dedicação” que tornaram possível este momento histórico

 

Carlos Moioli

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