A publicação marca o centenário do registro da obra do Cristo Redentor na Escola Nacional de Belas Artes e reúne documentos inéditos sobre a proteção jurídica e a memória do símbolo brasileiro.
Um século de preservação e cuidado
De 1920 a 1931, o monumento ao Cristo Redentor foi concebido, projetado, construído e inaugurado no alto do Morro do Corcovado, fruto do empenho do então arcebispo, na época, Cardeal Sebastião Leme, em comunhão com os fiéis de todo o país. Um patrimônio de fé e arte que se tornou uma das principais identidades do Brasil.
Desde sua fundação, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro zela pela preservação da história e da estrutura do Cristo Redentor. Neste ano de 2025, completa-se o centenário do registro da obra do monumento na Escola Nacional de Belas Artes.
Lançamento da obra
Para marcar essa caminhada secular de cuidado e memória, foi lançado, no dia 26 de novembro, o livro “Cristo Redentor: A História dos Direitos Autorais do Monumento”, de Claudine Milione e Álvaro Loureiro. O evento foi realizado no Palácio São Joaquim, no bairro da Glória.
A cerimônia de lançamento foi iniciada com a apresentação da Orquestra Sinfônica Jovem, fruto do programa Ação Social pela Música do Brasil, entidade parceira do monumento, que promove o ensino da música clássica a crianças e jovens de comunidades em situação de vulnerabilidade. O arcebispo metropolitano do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, ressaltou os valores da Arquidiocese na gestão dos direitos de imagem do Cristo Redentor.
“Que seja utilizado bem a imagem do Redentor para coisas boas que constroem a cidadania, a fraternidade. Quais são as preocupações que a Diocese tem em relação ao uso da imagem do Redentor e, ao mesmo tempo, de proporcionar, com aquilo que é arrecadado, trabalhos para a questão social, crianças, adolescentes, jovens, pobres”, disse o arcebispo.
O significado do registro centenário
Na prática, esse registro centenário concede à Arquidiocese do Rio a guarda do direito de uso da imagem do Cristo Redentor e assegura que sua utilização seja realizada com respeito, responsabilidade e em coerência com o significado que o Cristo representa para o Brasil e para o mundo.
“A razão dos direitos autorais hoje é justamente a gente ter esse cuidado. Preservar aquilo que foi mais caro para os católicos na construção do monumento. E hoje, assim, de fato foi uma obra em coautoria cujos direitos foram todos cedidos para a Igreja na época, porque foi organizadora da obra”, disse Claudine Milione.
Documentos inéditos e memória preservada
O livro reúne documentos originais, pareceres, correspondências e registros inéditos que permitem acompanhar, passo a passo, a organização da proteção e da gestão da imagem do Cristo Redentor ao longo de um século. Uma leitura que une investigação jurídica, história cultural e preservação do patrimônio, pensada para juristas, pesquisadores e para quem deseja conhecer detalhes desse símbolo brasileiro.
“A autoria da obra em si, porque foi um concurso e o Heitor ganhou, e um não ganhador se sentiu ofendido e entrou com uma ação contra o concurso em si, para provar que ele que tinha que ganhar. Isso está documentado”, destacou Álvaro Loureiro.
“Então eu acho que é uma iniciativa muito boa para que o Cristo Redentor se torne cada vez mais conhecido também nesse aspecto jurídico, no cuidado, na cautela e, como nas palavras do Dom Orani, que tudo que vier relacionado ao Cristo Redentor seja feito para o bem, seja feito para ajudar as pessoas e que a gente sempre possa glorificar o nosso Deus”, enfatizou Fábio Torres.
Um exemplar entregue ao Santo Padre
No dia 19 de novembro, um exemplar do livro foi entregue pelo reitor do Santuário Cristo Redentor, padre Omar Raposo, ao Papa Leão XIV, no Vaticano. Um momento singular que mostra o impacto das ações do monumento em âmbito mundial.
Ana Carla Machado