A Catedral de São Sebastião, no Centro do Rio, acolheu no dia 6 de dezembro a Santa Missa de ordenação de 20 diáconos candidatos ao presbiterato, presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta. A celebração marcou também os 51 anos de ordenação sacerdotal de Dom Orani e os 22 anos de fundação do Seminário Propedêutico Rainha dos Apóstolos, instituição responsável pela primeira etapa formativa dos futuros padres da arquidiocese.
“Estamos para ordenar diáconos esses nossos irmãos que acabaram de ser nomeados e apresentados pelo nome. Agradeço a Deus pelos formadores, professores e párocos que acompanharam esses irmãos no decorrer desses anos todos de formação, e que, a partir de agora, assumem responsabilidades em nossa arquidiocese, caminhando rumo ao presbiterato”, afirmou Dom Orani no início da celebração.
O arcebispo recordou ainda o compromisso missionário dos novos diáconos: “A Palavra de Deus nos ensina que a pessoa que entrega sua vida por causa de Jesus Cristo encontra a verdadeira vida, e esses irmãos estão entregando a vida ao Senhor para servir ao povo de Deus com generosidade e disponibilidade.”
“Servos vossos por causa de Jesus”
A turma de 20 seminaristas ordenados diáconos adotou como lema a frase de São Paulo aos Coríntios: “Servos vossos por causa de Jesus” (2Cor 4,5). A expressão sintetiza o espírito de entrega, serviço e disponibilidade que marca o ministério diaconal e expressa o compromisso dos novos diáconos em se colocarem inteiramente a serviço da Igreja e do povo de Deus.
Foram ordenados diáconos: Bruno Fernandes Carvalho, Cainan Espinosa Gimenes, Carlos Eduardo Hemeto, Felipe Mesquita da Silva, Gabriel de Jesus de Almeida, Gabriel de Souza Gomes, Igor do Nascimento, Joanderson Henrique, João Pedro Xavier da Silva, Josimar Soares da Silva, João Bittencourt Santos, Leonardo Barbosa Ripa, Lucas Matheus Moraes, Luiz Gustavo Nascimento, Marcos Antônio Malaquias Joia, Nicolás Campos de Moura, Pedro Ivo Abreu de Freitas, Vinícius Rocha Brum, Wais Lucas Barbosa Coelho e William Oliveira de Sá.
Durante a celebração, Dom Orani recordou que cada vocação é um sinal da ação de Deus na história da arquidiocese. Os novos diáconos, ressaltou, tiveram suas vidas moldadas no caminho da formação e da experiência pastoral, e agora assumem a missão de proclamar o Evangelho com ardor missionário, servindo nas comunidades onde forem enviados. Para o arcebispo, a ordenação representa também um momento de esperança para a Igreja do Rio de Janeiro, que “rejuvenesce a cada nova vocação acolhida e confirmada”.
Dinamismo vocacional da arquidiocese
Em sua homilia, Dom Orani refletiu sobre o significado do diaconato como primeiro grau do Sacramento da Ordem, destacando que o serviço aos irmãos é o caminho essencial para quem deseja seguir até o presbiterato. “A Palavra de Deus nos ensina que a pessoa que entrega sua vida por causa de Jesus Cristo, para servir ao povo de Deus com generosidade e disponibilidade, encontra a verdadeira vida.”
Ainda que marcados pela fragilidade humana, os ordenandos que “levam um tesouro em vasos de barro”, conforme diz São Paulo, foram escolhidos para serem sinais da esperança que não decepciona, especialmente em uma cidade que enfrenta desafios sociais, desigualdades e realidades de violência.
Dom Orani ressaltou também que a ordenação diaconal rejuvenesce a Igreja, manifestando o dinamismo vocacional da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Destacou a importância da presença evangelizadora nas diversas realidades da cidade e convidou os fiéis a rezar pelas vocações, pedindo perseverança para os novos diáconos. A celebração, destacou o arcebispo, é motivo de ação de graças não apenas pelos 20 ordenandos, mas também pelos seminaristas, familiares, formadores e por todos aqueles que colaboram na missão evangelizadora da Igreja.
Vocação: fruto da oração perseverante do povo de Deus
O reitor do Seminário Arquidiocesano de São José, cônego Jorge André Pimentel Gouvêa, destacou a importância do rito da imposição das mãos, momento central da ordenação. Ele explicou que, desde os tempos apostólicos, é por meio desse gesto — acompanhado da oração da comunidade e da oração do bispo — que a Igreja transmite o Sacramento da Ordem. “É nesse momento que os ministérios são conferidos na Igreja. Desde o diaconato, primeiro grau do Sacramento da Ordem que hoje estes irmãos recebem, até a ordenação episcopal, o sacramento sempre é transmitido através da imposição das mãos”, afirmou.
Cônego Jorge recordou que, embora existam na Igreja diferentes dons e carismas, não há distinção de dignidade entre os fiéis, como ensina o Concílio Vaticano II. Ele ressaltou que o diaconato é um sinal da bondade de Deus, que chama ministros para participar do sacerdócio de Cristo, ainda que o segundo grau do Sacramento da Ordem só seja conferido posteriormente, quando os diáconos forem ordenados padres. Para o reitor, a ordenação dos 20 novos diáconos é uma grande graça, um dom de Deus para a arquidiocese. “Em um momento de tensões, secularização e abandono da fé, ver jovens que deixam suas casas e profissões para se entregar ao ministério ordenado é uma ponta de esperança para a sociedade”, afirmou.
Ele destacou ainda a diversidade de trajetórias dos ordenandos, que incluem jovens vindos de cursos como medicina, administração e licenciaturas. “Cada um poderá colocar sua formação e história de vida a serviço da Igreja e da sociedade, ajudando a construir um mundo mais justo e fraterno”, disse. O reitor lembrou que a ordenação não é apenas fruto do desejo dos candidatos, mas também da oração perseverante do povo de Deus: “É um passo que não dão sozinhos; é fruto da súplica de toda a comunidade, que pede e acolhe de bom grado novos ministros, promessa do Senhor.”
Emocionado, cônego Jorge partilhou com os novos diáconos a lembrança de sua própria ordenação diaconal. “No dia 18 de novembro de 2000, também deitei neste chão, ordenado por Dom Eugênio de Araújo Sales, na última turma de diáconos dele nesta Catedral”, recordou. Ele afirmou que, embora fisicamente os novos diáconos talvez não percebam mudanças imediatas, espiritualmente já receberam um caráter novo e definitivo: “Ao se levantarem desse chão, Deus já imprimiu em vocês algo extraordinário.”
Encerrando sua mensagem, o reitor expressou alegria e acolhida: “Deus abençoe cada um no propósito que assumiram diante da Santa Mãe Igreja. Já estou ansioso para beijar a mão de vocês. Sejam muito bem-vindos ao nosso presbitério do Rio de Janeiro.”
Semeadores de esperança
O bispo auxiliar e animador dos seminários da Arquidiocese do Rio, Dom Hiansen Vieira Franco, também dirigiu palavras de gratidão e incentivo aos novos diáconos, destacando a importância da celebração para a arquidiocese e para toda a Igreja no mundo. “Agradeço a Deus o grande presente que Ele deu à nossa Igreja arquidiocesana nesse dia e à Igreja no mundo inteiro. São 20 diáconos servidores da Santa Igreja e do povo de Deus”, afirmou.
Em sua mensagem, Dom Hiansen parabenizou os ordenados e os encorajou a permanecer fiéis ao caminho de entrega e serviço que assumiram. “Parabéns, queridos diáconos, prossigam nesse caminho de configuração a Cristo Salvador, de serviço ao Senhor. Vale a pena servir a Deus nos nossos irmãos e irmãs. Semeiem a esperança por onde passarem, afinal vocês foram ordenados diáconos no Ano Santo do Jubileu da Esperança”, destacou. Segundo ele, essa palavra deve ser um norte para o ministério dos novos diáconos “em direção ao sacerdócio e à santificação do povo de Deus”.
O bispo auxiliar recordou ainda que a formação diaconal e sacerdotal envolve muitos colaboradores e agradeceu a todos que contribuíram para a caminhada vocacional dos ordenandos. “Agradecemos a todos que colaboraram para que vocês chegassem até o dia de hoje. Sabemos que a formação é um processo que envolve muitas pessoas. Nosso agradecimento aos formadores, aos benfeitores, às famílias dos novos diáconos e às orações do povo de Deus pelas vocações”, disse, pedindo que as orações continuem: “Continue rezando por eles. Continue rezando, pedindo a Deus que envie novas vocações para a sua Igreja.”
Ao final, Dom Hiansen deixou uma mensagem de ânimo e esperança aos novos ministros: “Prossigam, caros diáconos, firmes na fé, alegres na esperança, fervorosos na caridade. E que Maria, Mãe das Vocações, os abençoe sempre mais. Um abraço para todos.”
Seguir a vocação com alegria e coragem
O reitor do Seminário Missionário Arquidiocesano Redemptoris Mater, padre Marcos André Nascimento Silva, também dirigiu palavras de gratidão e comunhão ao arcebispo e aos novos diáconos. Em sua mensagem, ele felicitou Dom Orani pelos 51 anos de ordenação presbiteral, celebrados na mesma liturgia.
“Dom Orani, nosso querido pai, mais uma vez parabéns pelo seu aniversário hoje, 51 anos de ordenação presbiteral. É uma alegria estar aqui junto com o senhor”, afirmou, estendendo a saudação aos bispos auxiliares presentes, Dom Roque e Dom Hiansen, e ao clero reunido.
Padre Marcos André agradeceu ao arcebispo pelo apoio contínuo ao seminário missionário e pela confiança depositada na sua missão evangelizadora. “Queríamos expressar o nosso agradecimento pelo seu ‘sim’ a Deus e também por ter chamado o Seminário Redemptoris Mater da Arquidiocese do Rio de Janeiro, ordenando agora o quinto diácono do nosso seminário para a Igreja do Rio, em vista do trabalho missionário no mundo inteiro”, destacou.
O reitor renovou a comunhão do seminário com a arquidiocese, reafirmando sua disponibilidade para as missões internacionais, característica própria do carisma do Redemptoris Mater. “Renovamos a nossa comunhão e expressamos novamente a nossa disponibilidade para sermos enviados a qualquer lugar do mundo, anunciando a Boa-Nova”, afirmou.
Dirigindo-se aos novos diáconos, especialmente ao diácono Leonardo, formado no seminário missionário, padre Marcos André desejou perseverança na vocação e fidelidade ao chamado: “Ao diácono Leonardo e aos demais diáconos ordenados, nossos irmãos, desejamos que sigam com alegria e coragem nesse caminho que hoje abraçaram diante da Igreja.”
Carlos Moioli