A Catedral de São Sebastião, no Centro, acolheu, no dia 19 de fevereiro, o encontro de anúncio em âmbito arquidiocesano da Campanha da Fraternidade de 2022, que tem como tema: “Fraternidade e Educação” e o lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31, 26).
O encontro, organizado em parceria pelo Vicariato da Educação e Vicariato para a Caridade Social, teve início com missa presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, e contou com a participação de representantes da Pastoral da Educação e Escolas Católicas, também de professores, educadores e articuladores da Campanha da Fraternidade nos vicariatos.
Segundo o vigário episcopal para a Educação, padre Thiago Azevedo, o encontro realizado na Arquidiocese do Rio foi de “anúncio”, para dar a “largada das ref lexões”, sendo que a Campanha da Fraternidade em âmbito nacional será lançada oficialmente na Quarta-Feira de Cinzas, dia 2 de março, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília.
Missão da igreja
Os três gestos concretos da Campanha da Fraternidade de 2022 para serem realizados nas paróquias, explicou padre Thiago, é a incrementação da Pastoral da Educação e a organização de pré-vestibulares e pré-vestibulinhos.
“A Igreja precisa entender que também tem uma missão social junto ao mundo da educação. Ao lançar o Pacto Educativo Global, o Papa Francisco apontou que todas as pessoas de boa vontade podem contribuir com a educação. Não adianta esperar só das autoridades e dos órgãos públicos, a Igreja também deve assumir essa missão”, disse.
Encontros da pastoral da educação em 2022
Padre Thiago esclareceu que os encontros da Pastoral da Educação de 2022 serão itinerantes, diferentes dos anos anteriores, a serem realizados a cada mês em um vicariato. “O primeiro encontro já está agendado para o dia 12 de março, das 8h às 18h, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Santa Cruz, no Vicariato Santa Cruz, sendo conduzido pelos assessores eclesiásticos da Pastoral da Educação, padre Wagner Augusto Moraes, e do Setor Universidades, padre Douglas Renato Oliveira Navarro”, disse.
Educação: interesse de todos
“A Campanha da Fraternidade quer nos ajudar a viver melhor a Quaresma, um convite à conversão, à mudança de vida, e por isso é ligada estreitamente à identidade católica, devido ao tempo em que ela é inserida, porém o tema sempre é mais abrangente e chama a todos a sérias reflexões, por isso pode atingir a todos”, disse Dom Orani no início do encontro.
Segundo o arcebispo, os temas da Campanha da Fraternidade sempre são abrangentes, abordam questões sociais em geral, de interesse de todos, e assim supõem um diálogo com a sociedade. Muito mais na campanha deste ano que aborda a educação, um tema que perpassa várias situações da sociedade. “Sabemos que uma população que tem educação de qualidade e de valores ajuda a transformar o mundo tão egoísta e violento, entre tantas questões que existem em nossa cidade”.
Qualidade e valores
Dom Orani lembrou que a Campanha da Fraternidade deste ano está em sintonia com as comemorações dos 40 anos da Pastoral da Educação, na qual “a Igreja procura assumir sua missão no mundo da educação, junto às escolas, e também na educação da sociedade”.
“Nos últimos tempos, a educação católica está passando por uma defasagem, quando escolas católicas são obrigadas, por várias questões, a fecharem suas portas. Sabemos que os valores cristãos nem sempre são bem aceitos, às vezes, até pelas legislações que dificultam o trabalho da Igreja, embora ela cumpra sua missão na sociedade como um profeta. A Igreja sempre procura oferecer educação de qualidade e de valores, que ajudem as pessoas a construírem um mundo mais justo, humano e fraterno”, disse.
Gestos concretos
“O grande pilar da sociedade é a educação”, observou Dom Orani, fazendo votos para que a Campanha da Fraternidade deste ano possa ajudar nas reflexões por meio do Texto-Base da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ou do livreto da Arquidiocese do Rio de Janeiro “Campanha da Fraternidade em Família 2022”. O arcebispo destacou os três gestos concretos da Campanha da Fraternidade de 2022 em âmbito arquidiocesano: “a organização de pré-vestibulares e pré-vestibulinhos nas paróquias, e a multiplicação e fortalecimento da Pastoral da Educação nelas”, lembrando que há muitas nuances, entre as quais a “educação religiosa nas escolas”.
Coleta da solidariedade
Por fim, Dom Orani recordou que a Campanha da Fraternidade é um dom, uma oportunidade de vivenciar a Quaresma com gestos concretos, e que nasceu sob a inspiração de Dom Eugenio Sales, no Nordeste, quando fazia parte da Cáritas Nacional. “É uma oportunidade de homenagear nosso arcebispo, meu predecessor, que tanto serviu a Igreja no Rio de Janeiro”, disse Dom Orani, concluindo que a Coleta da Solidariedade, fruto da penitencia quaresmal, realizada no Domingo de Ramos, sempre é bem aplicada pelas dioceses em benefício das necessidades das pessoas mais pobres.
Conversão e fraternidade caminham juntas
Na sequência, o vigário episcopal do Vicariato para a Caridade Social, monsenhor Manuel Manangão, abordou sobre a temática deste ano, destacando que a Quaresma é um tempo de conversão e de mudança de vida, e que a Campanha da Fraternidade é um caminho para construir uma sociedade mais justa e fraterna, desde que as mudanças comecem com as próprias atitudes.
Segundo monsenhor Manangão, “Igreja em Renovação” foi o primeiro tema da Campanha da Fraternidade iniciada no Nordeste por Dom Eugenio Sales, quando a Igreja era chamada a se transformar por dentro e por fora, e a buscar novas maneiras de anunciar o Evangelho.
“Lembro de uma frase de São João Paulo II por ocasião de sua primeira visita ao Brasil, em 1980, que dizia: ‘É preciso converter o coração’. Se não há espaço, fica difícil acolher a Palavra de Deus que é oferecida. Na cabeça de Dom Eugenio Sales, a Quaresma coincidia com a Campanha da Fraternidade porque as duas andavam juntas. É preciso converter-se a si próprio para depois transformar a realidade, o ambiente onde você vive. Isso é fraternidade”, disse.
“Educar significa, na tradução do latim, ‘tirar para fora’, tirar alguma coisa de dentro da pessoa”, disse monsenhor Manangão, destacando que o “processo educativo tem o objetivo de ajudar a pessoa a perceber o caminho que ela mesmo tem que fazer, um caminho de vida”. Recordando sua trajetória educacional, ainda menino, quando foi educado por uma irmã mais velha, disse que uma sala de aula pode ser um ‘desastre’, se não houver sabedoria e amor. “Sempre lembramos dos professores que nos ensinaram com amor e dedicação”.
Monsenhor Manangão lembrou que as famílias têm o habito de achar que o problema da educação é da escola, um defeito que vai se levando na formação, quando a “educação começa prioritariamente com a família – seus primeiros educadores –, e vai continuando num processo de especialização a partir da escola”, finalizou.
Painel
O encontro contou ainda com painel e mesa-redonda sobre o contexto educacional atual, com a participação do bispo auxiliar Dom Paulo Alves Romão, que fez a abertura e foi o moderador da roda de conversa. As palestras foram feitas pelo vigário episcopal para a Educação, padre Thiago Azevedo, com o tema: “Ensino Religioso”, pelo assessor eclesiástico da Pastoral da Educação, padre Wagner Augusto Moraes, com o tema: “Professores e gestores em sua missão de educadores”, pela diretora do Colégio Teresiano, professora Glória Fátima, com o tema: “As escolas católicas e a educação formal”, e pela professora da PUC-Rio, Andréia Clapp, com o tema: “A missão da Igreja e a educação informal”.
CARLOS MOIOLI
Foto: Gustavo de Oliveira