No dia 20 de janeiro, tivemos a graça de celebrarmos o padroeiro de nossa querida Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Em preparação à festa, realizamos a Trezena de São Sebastião, com a visita da imagem peregrina por todos os cantos da cidade, na qual os fiéis cariocas pedem a intercessão do glorioso padroeiro contra a peste, a fome e a guerra.
São Sebastião é um dos santos mais venerados entre o povo brasileiro. Por causa de sua poderosa intercessão e incontáveis milagres obtidos, ele se tornou padroeiro de muitas cidades e outras tantas cidades e bairros por todo o Brasil receberam o nome de São Sebastião. Desde a fundação da cidade do Rio de Janeiro, São Sebastião é o padroeiro dela, da arquidiocese, da Catedral e, a partir de 2019, junto com São Jorge, do Estado do Rio de Janeiro.
Sebastião nasceu em Narbonne; os pais eram oriundos de Milão, na Itália, do século terceiro. São Sebastião, desde cedo, foi muito generoso e dado ao serviço. Recebeu a graça do santo batismo e zelou por ele em relação à sua vida e à dos irmãos.
Ao entrar para o serviço no Império como soldado, tinha muita saúde no físico, na mente e, principalmente, na alma. Não demorou muito, tornou-se o primeiro capitão da guarda do Império. Esse grande homem de Deus ficou conhecido por muitos cristãos, pois, sem que as autoridades soubessem – nesse tempo, no Império de Diocleciano, a Igreja e os cristãos eram duramente perseguidos –, porque o imperador adorava os deuses. Enquanto os cristãos não adoravam as coisas, mas as três Pessoas da Santíssima Trindade.
Esse mistério o levava a consolar os cristãos que eram presos de maneira secreta, mas muito sábia; uma evangelização eficaz pelo testemunho que não podia ser explícito.
São Sebastião tornou-se defensor da Igreja como soldado, como capitão e também como apóstolo dos confessores, daqueles que eram presos. Também foi apóstolo dos mártires, os que confessavam Jesus em todas as situações, renunciando à própria vida. O coração de São Sebastião tinha esse desejo: tornar-se mártir. E um apóstata denunciou-o para o Império e lá estava ele, diante do imperador, que estava muito decepcionado com ele por se sentir traído. Mas esse santo deixou claro, com muita sabedoria, auxiliado pelo Espírito Santo, que o melhor que ele fazia para o Império era esse serviço; denunciando o paganismo e a injustiça.
São Sebastião, defensor da verdade no amor apaixonado a Deus. O imperador, com o coração fechado, mandou prendê-lo num tronco e muitas flechadas sobre ele foram lançadas até o ponto de pensarem que estava morto. Mas uma mulher, esposa de um mártir, o conhecia, aproximou-se dele e percebeu que ele estava ainda vivo por graça. Ela cuidou das feridas dele. Ao recobrar sua saúde depois de um tempo, apresentou-se novamente para o imperador, pois queria o seu bem e o bem de todo o Império. Evangelizou, testemunhou, mas, dessa vez, no ano de 288, foi duramente martirizado.
São Sebastião é um exemplo de coragem ante os obstáculos da vida efidelidade mesmo diante das contrariedades e perseguições. É interessante notar o seu empenho em fazer o bem ocultamente, aproveitando todas as circunstâncias para semear alegria, consolo e ânimo para as pessoas próximas, mesmo sabendo que quando fosse descoberto poderia ter complicações. São Sebastião também pode ser reconhecido por sua prontidão em fazer a Vontade de Deus e enorme espírito de serviço, pois após recobrar a saúde ele se volta para os outros e quer continuar fazendo o bem, sem achar que já fez muito na vida e que agora precisa repousar.
A vida de São Sebastião nos mostra que tudo ele venceu com muito amor. O tema da nossa Trezena e da nossa festa São Sebastião neste ano é: “São Sebastião, arauto da comunhão”. Olhando para a vida deste grande santo, percebemos que só foi possível ser corajoso devido ao seu grande amor pelo Evangelho e por Jesus. Ah, como temos que aprender com São Sebastião. Ter amor a Deus, ao próximo, e a vontade sempre de se doar. São Sebastião compreendeu que sua permanência em Milão seria insignificante. Era preciso dialogar com o que parecia hostil. A ação de São Sebastião não foi tanto aquela de buscar aos que estão fora, mas sim de levar o que carregava dentro: o amor gratuito de Deus por cada homem e mulher que vem a esse mundo. Ao dirigir-se à Roma, decidiu dedicar-se a esses.
Contudo, que o exemplo de São Sebastião nos ensine a ser um exemplo de cristão. Amando sempre a Deus e ao nosso próximo. Queremos pedir a intercessão do nosso padroeiro para que reine em nossa arquidiocese o dom do serviço e de se colocar em favor do outro. Pedimos também a São Sebastião pelo fim da pandemia da Covid-19, em todas as suas cepas e variantes, bem como dos surtos da gripe, e por todos aqueles que se encontram em um leito de hospital. Glorioso Mártir São Sebastião, nos livre e proteja da peste, da fome e da guerra, Amém!
ORANI JOÃO, CARDEAL TEMPESTA, O. CIST. ARCEBISPO METROPOLITANO DE SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO, RJ
Foto: Vatican News