Que santidade de vida

Você que me lê agora deverá achar bem engraçado o que vou lhe dizer. Vai até rir, eu acho. Não tem problema, eu também acho graça às vezes. Fico me perguntando por onde andei na última década… Não sei. Ou sei… O que posso dizer é que eu, infelizmente, descobri que estava tentando conservar minha própria vida. Não aceitava perder e, assim, me perdi de mim.

É isso que acontece quando a gente escolhe se lançar aos outros de forma equivocada, sozinhos, distantes da Trindade. Nenhum relacionamento humano se sustenta. Mas isso é possível mesmo com anos de caminhada, lançar-se de forma equivocada? Mas é claro que é! O único e verdadeiro caminho para se inclinar aos outros com segurança e viver uma vida de santidade é perto do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Pois muito bem, 13 anos de caminhada e não conhecia monsenhor Jonas Abib e a Canção Nova como estou tendo a oportunidade de conhecer. Tudo o que eu sabia era muito pontual, através do padre Fábio de Melo, que acompanho há um bom tempo. Sabia uma ou outra informação sobre o “Maranathá” ou os “Jovens Sarados”, através de irmãos da paróquia.

Lembro também de um momento de adoração antes do programa “Direção Espiritual” há cinco anos, dias antes de operar, mas jamais visitei o Santuário do Pai das Misericórdias. E, sinceramente, estou gostando bastante do que estou conhecendo; músicas novas, pregações, formação, participo das santas missas através da TV e/ou outras mídias sociais diariamente. Está sendo uma verdadeira bênção.

Que riqueza a nossa Igreja! Pensar que tantas vezes eu torci o nariz para a Renovação Carismática… A minha abertura de coração se deu por causa de uma entrevista que o Papa Francisco concedeu ainda no avião, voltando para Roma após a JMJ 2013, a jornalistas de alguns países por mais de uma hora.

O Santo Padre, respondendo se a Renovação Carismática é uma possibilidade para evitar migrações para as igrejas pentecostais, declarou:

“Eu vou dizer uma coisa: nos anos 1970, início dos 1980, eu não podia nem vê-los. Uma vez, falando sobre eles, disse a seguinte frase: “Eles confundem uma celebração musical com uma escola de samba. Eu me arrependi. Vi que os movimentos bem assessorados trilharam um bom caminho. Agora, vejo que esse movimento faz muito bem à Igreja em geral. Em Buenos Aires, eu fazia uma missa com eles uma vez por ano, na catedral. Vi o bem que eles faziam. Neste momento da Igreja, creio que os movimentos são necessários. Esses movimentos são uma graça para a Igreja. A Renovação Carismática não serve apenas para evitar que alguns sigam os pentecostais. Eles são importantes para a própria Igreja, a Igreja que se renova”.

Eu me emociono até hoje com a JMJ. Como aquele momento foi importante para mim, alguém que estava começando a caminhada. Não sabia nada, só queria ser católica. Eu ainda tinha e tenho muito que aprender, mas ver a sinceridade do Santo Padre naquele dia me fez de alguma forma me arrepender também.

Sim, a Igreja se renova, constantemente se atualiza, pela força do Espírito Santo. E quem é a Igreja de Nosso Senhor? Cada um de nós, que tem a missão de caminhar nesta vida anunciando, através de palavras e principalmente de obras, que Jesus é o nosso Senhor, Salvador e Libertador.

Tenho pensado como é exigente a tarefa desse anúncio, o quanto de responsabilidade e verdade devemos ter, mas percebo hoje que não é tão impossível viver uma vida de santidade como eu pensava.

Quando eu ouvia “seja santo” eu tremia por dentro, até reclamava, me achava indigna, etc. Pura falta de intimidade com a Trindade. No entanto, entendi que uma vida de santidade nada mais é que uma vida virtuosa, e virtude é apenas a plena disposição para a prática do bem pautada na pessoa de Jesus, de quem jamais podemos ousar tirar os olhos.

Compreendi que ser santo é ser capaz de reconhecer as minhas misérias e limitações diante de Deus e, mesmo assim, abraçar os meus dons e seguir em frente, buscando entregar o melhor para Ele em todos os momentos do dia, em tudo o que faço, desde a louça do café até este texto que estou escrevendo, longe de quaisquer tipos de excesso e desrespeito; egocentrismos, vaidades, murmúrios ou reclamações.

Desta forma, ficou mais fácil pensar e até mesmo responder as perguntas que monsenhor Jonas nos faz na música “Que santidade de vida”. Ah! Como eu gosto! Vivo cantando nos meus afazeres diários. A ouço repetidas vezes. Uma música tão simples e tão instigante, que me faz refletir muito.

Sua estrutura se baseia basicamente em afirmações e perguntas que ele inteligentemente nos faz e não nos responde. Pois é trabalho para cada um de nós, cristãos. É como se ele, na autoridade de sacerdote, ao longo da música, nos fizesse basicamente algumas sutis provocações: O que é ser santo?  O que é ser cristão? O que é ser Igreja? Estamos em paz? Você crê de verdade que Jesus vai voltar?

Por que provocações?! Porque são perguntas que nós como cristãos às vezes podemos achar que já temos a resposta ou que temos a obrigação de já saber e tal, mas que na verdade acreditar que já damos conta de tudo é um grande perigo…

Nem os discípulos que caminharam com o Mestre conseguiram compreender tudo, como que nós podemos achar que com alguns anos de caminhada é possível entender completamente o significado da morte que gera vida, um mistério tão grandioso?! Bem, se a gente desvendar rápido o mistério acaba a brincadeira!

Longe de mim no final do parágrafo acima estar fazendo chacota com o sacrifício daqu’Ele que deu a Sua vida para me salvar. O que estou dizendo é que Jesus passou pelo mundo, buscando fazer seus amigos refletirem, porque só assim pensando, rezando e servindo a Deus, eles podiam ser livres de tudo, como Ele na sua condição humana conseguiu. E acredito que com essa música monsenhor Jonas também quer isso de nós.

Em João 14,21-26, vemos Jesus nos deixar claro como devemos amá-Lo. Diz que só pode amar verdadeiramente quem observa e acolhe os Seus mandamentos e guarda a Sua palavra. Ora, só podemos guardar alguma coisa que vale a pena em nossa memória e coração, se nós refletirmos muito sobre essa coisa, não é mesmo?

Com efeito, todas as sutis provocações que penso existir na música de monsenhor Jonas nos fazer bem viver a nossa fé, nos ajuda a concretizar no dia a dia a santidade nas virtudes de amor uns pelos outros, no cuidado com a paz como condição de vida, não como ausência de problemas, no sentido de bem-querer e de uma vida com dignidade e respeito.

Essa canção me faz acreditar que a nossa missão neste mundo é caminhar exatamente fazendo essas perguntas para nós mesmos, buscando a cada acontecimento de nossas vidas estarmos unidos a Jesus, observando seus mandamentos, pois isto é estar no amor do Pai com Jesus, que também está com Ele.

Quem se sente profundamente amado por Jesus, como eu penso que monsenhor Jonas se sente, pratica a reflexão acerca de sua fé para não se perder de si e do Pai, deve sempre se questionar sinceramente ao longo de sua caminhada sobre seu relacionamento com a Trindade, não como um peso, mas sim como resposta ao Seu amor.

Paz e bem!

 

Dinair Fonte

 

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