“A nossa oração é para aqueles que estão se purificando para chegar até a visão beatífica. O Dia de Finados, a Comemoração dos Fiéis Defuntos, é um evento católico, que serve para aqueles que creem nessa vida eterna”, disse o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, ao presidir Santa Missa no Cemitério de Santa Cruz, na Zona Oeste, no dia 2 de novembro.
“Neste cemitério, têm muitas pessoas que não são conhecidas, não sabemos seus nomes e suas histórias, são sepultados como indigentes. Mas sabemos, são filhos de Deus, amados por Deus”, acrescentou o arcebispo, na última celebração do dia, na qual depositou flores em uma sepultura.
De manhã, Dom Orani participou de cerimônia no Crematório e Cemitério da Penitência, no Caju, onde houve revoada de bolas brancas em memória dos entes queridos. Em seguida, rezou pelos sacerdotes falecidos e depositou flores no cruzeiro da Quadra da Irmandade de São Pedro, também no Caju. Ainda de manhã, presidiu missa na capela do Cemitério São Francisco de Paula, no Catumbi.
Neste dia, foram celebradas missas em todas as paróquias da Arquidiocese do Rio de Janeiro e nos vários cemitérios da cidade nas intenções dos fiéis defuntos, presididas por bispos ou sacerdotes locais.
Foi também um dia de evangelização, quando os ministros extraordinários da Consolação e Esperança, seminaristas, agentes pastorais e consagrados de novas comunidades estiveram rezando junto às famílias enlutadas, levando conforto e esperança de vida eterna.
“Bendizemos a Deus pelos agentes do Ministério da Consolação e da Esperança que, diuturnamente, trabalham nos cemitérios para atender as famílias enlutadas, e rezar pelos seus entes queridos que partiram para a eternidade. Hoje, de forma especial, temos em nossos cemitérios da cidade os consagrados das Novas Comunidades, candidatos ao diaconato permanente e jovens do Seminário Propedêutico, que estão rezando com as famílias que vêm e visitam os túmulos dos seus entes queridos”, observou o arcebispo.
Pela Paz no mundo
Nas homilias das celebrações que presidiu, Dom Orani afirmou que a oração da Igreja no Dia de Finados, a Comemoração dos Fiéis Defuntos, é por todos aqueles que partiram para a eternidade: “pedimos ao Senhor que dê a todos a paz e a luz eterna.”
De modo especial, o arcebispo colocou nas intenções pelas pessoas que morreram nas guerras. “Nosso mundo vive em guerra. Os jovens estão sendo mortos ou matando pessoas nas guerras. Em muitas regiões do mundo há pessoas e grupos cheios de ódio, rancores que não conseguem conviver em paz”.
“Também rezamos pela violência em nossa própria cidade, nossa guerra urbana. Quantas pessoas morrem a cada dia em nossa cidade, por diversas situações. Ainda não aprendemos a respeitar um ao outro. Rezemos por todos que morreram de maneira violenta no mundo, pelos familiares, para que sejam consolados; e por todos nós, para que passemos pelo mundo fazendo o bem.”
Vida eterna
Dom Orani afirmou que o fundamento de se rezar por aqueles que “nos precedem na eternidade é porque Jesus morreu, ressuscitou e está vivo, presente no meio de nós”. Explicou que, como diz o Apóstolo São Paulo: ‘se morremos com Cristo, viveremos com Ele’: “hoje é dia de esperança e de confiança, mesmo para aquelas pessoas, que a saudade abate os corações”.
O arcebispo lembrou que o cemitério é o lugar que faz pensar em tantas pessoas queridas que já partiram. “A Igreja reza pelos falecidos todos os dias, em todas as missas. Desde o século XI, se convencionou ter um dia especial. E o Dia de Finados é essa certeza que nós somos chamados a proclamar a esperança da vida eterna”.
“Cada um tem a sua liberdade. Alguns não creem na vida eterna, outros não creem que continuemos a viver, e têm os que não creem que sejamos vivos na eternidade. Enfim, são tantas situações que cada um tem no seu coração, dando a liberdade de pensamento. Mas nós, cristãos, cremos que vivemos e encontramos com Deus aqui no nosso dia a dia, através da Palavra, dos sacramentos, dos acontecimentos da vida”, disse.
Fazer o bem
Dom Orani acrescentou: “esse encontro com Deus, em Jesus Cristo Nosso Senhor, muda a nossa vida. Transforma os nossos corações. Mas sabemos que terminada a nossa caminhada aqui neste mundo, temos a eternidade para viver. Nós nascemos para viver eternamente. Portanto, a morte é uma passagem para a vida eterna, que começa agora, aqui, com as nossas atitudes, nossos atos de paz, de fraternidade de uns com os outros. O que nós levamos desse mundo não são riquezas, bens, casas. Mas o bem que nós fazemos, naquilo que nós ajudamos as pessoas, no nosso coração voltado para o Senhor, encontrando Jesus Cristo na pessoa dos irmãos”.
O arcebispo recordou que no Dia de Finados lembramos com carinho e rezamos para aqueles que ainda necessitam de orações. Explicou ainda que os fiéis, com as condições habituais, podem ‘lucrar’, a Indulgência Plenária para os falecidos: “eles nada podem fazer, e nós somos os seus intercessores, e rezamos, por eles”.
“A nossa vida se transforma pela ação do Espírito Santo em nossos corações, em nossa existência. Diante de um mundo de guerras, longe ou perto de nós, somos chamados a ser um povo fiel, que busca o Senhor. Que pede o dom da fé para fazer o bem, viver dando passos concretos, correspondendo à graça e ao dom de Deus.”
O arcebispo concluiu: “Deus amou o mundo, e enviou o Seu Filho para todos que n’Ele creem, tenha vida e vida para sempre. Nós somos chamados a acolhe-Lo, anunciá-Lo e, cada vez mais, seguir a Jesus Cristo, nosso Senhor vivo, ressuscitado, presente no meio de nós”.
Carlos Moioli e Rita Vasconcelos