Arcebispo do Rio fala de memórias e importância da paz na primeira bênção do Dia de Finados
O Dia de Finados no Crematório e Cemitério da Penitência começou às 7h da manhã com uma bênção do arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, seguida de uma missa na Capela Histórica (1905), celebrada pelo padre Pedro Paulo Alves dos Santos. No momento da bênção coletiva de Finados, houve uma revoada de bolas brancas em memória dos entes queridos.
Na sua mensagem, Dom Orani falou que o Dia de Finados é tempo de recordar as pessoas queridas que já partiram e rezar para que todos encontrem a felicidade em Deus. Destacou que é preciso se atentar para o momento de violência vivido atualmente em todo o mundo.
“Hoje, duas coisas chamam atenção: a situação de guerra e mortes que acontecem no mundo, que machucam e marcam a nossa sociedade. Precisamos viver e conviver na paz uns com os outros.”
O arcebispo ainda escreveu uma mensagem com um pedido de paz para a cidade, o Brasil e o mundo e que foi reproduzida em um painel gigante no topo do cemitério: “Saudemos a memória dos entes queridos e a paz no mundo!”.
A frase será exibida até domingo em um telão de LED de 252 m2 que fica no prédio vertical do Cemitério da Penitência, com vista para os principais corredores viários da cidade, a Avenida Brasil e a Linha Vermelha. “Calculamos que a mensagem chegue a mais de três milhões de pessoas que circulam nas vias”, disse Karla Monielly, CEO do Crematório e Cemitério da Penitência.
O pedido de paz também subiu ao céu através de pipas gigantes, de quase dois metros, empinadas por pipeiros profissionais. A ação é chamar a atenção para o uso de linhas sem cerol. “A pipa faz parte da cultura popular, mas quantas mortes acontecem pelo uso inadequado da chamada linha chilena. A alegria momentânea da brincadeira pode trazer infelicidade para inúmeras famílias”, ressaltou a CEO do cemitério.
Outra ocasião de acolhimento às famílias foi logo depois da missa das 11h, com a soltura de balões brancos pelos presentes. O momento foi comandado pela coordenadora do projeto “A Vida Não Para” – programa social de apoio a pessoas enlutadas do próprio cemitério –, Márcia Torres. A assistente social e um psicólogo fazem encontros quinzenais para que as pessoas possam expressar as suas dores, seja em diálogos com amigos e familiares ou em ações que possam ajudá-las a atravessar a fase. “A soltura de balões brancos em homenagem a quem partiu é uma delas. Ela é muito significativa para o nosso grupo, porque as mensagens escritas neles expressam o caminhar na elaboração do luto e elas são lançadas às alturas, como uma forma simbólica de conexão com quem partiu”, explicou Márcia. A especialista em luto contou que, durante o ano, aborda temas sobre luto para que as pessoas, através de trocas de vivências e externando os seus sentimentos, consigam voltar à sua rotina gradativamente com um outro olhar para a vida.
E as homenagens também foram expressas através de música. Durante todo o dia, instrumentistas contratados pelo Cemitério da Penitência executaram composições de intérpretes e compositores que têm suas memórias guardadas no local, como Nelson Sargento, Bibi Ferreira, Paulo Debétio, Beth Carvalho, Moraes Moreira e os MCs Marcinho e Sapão.
A direção do Crematório e Cemitério da Penitência estima que até às 17h cerca de cinco mil pessoas visitem seus familiares no local.
Cláudia Freitas e Cristina Miguez