O período da oitava da Páscoa é o tempo entre o Domingo de Páscoa e o segundo domingo da Páscoa. É como se cada dia dessa semana fosse Domingo de Páscoa, e poderemos desejar uns aos outros santa e abençoada Páscoa. A missa deve ser celebrada de forma solene, como se fosse domingo, com o Hino de Louvor e a sequência pascal (opcional) antes da aclamação ao Evangelho.
Após a oitava da Páscoa, o tempo pascal ainda continua até o Domingo de Pentecostes, que é a vinda do Espírito Santo. Do mesmo modo que Jesus enviou o Espírito Santo sobre os discípulos e eles partiram em missão, Ele também nos envia em missão nos dias de hoje para que anunciemos aos outros a alegria de servir o ressuscitado.
A oitava da Páscoa, do mesmo modo que o tempo pascal, é um período marcado pela alegria, inclusive essa é a marca do ressuscitado, e todas as vezes que Ele aparece diz: “Alegrai-vos”, por isso devemos transmitir essa alegria que o ressuscitado traz aos demais irmãos. A alegria que o ressuscitado traz é tão grande que deve nos contagiar e do mesmo modo não guardar para nós essa alegria, mas transmitir aos demais.
Podemos assumir como exemplo Maria Madalena, que foi ao túmulo ver o corpo de Jesus, e após o anjo lhe falar que Jesus tinha ressuscitado como havia dito, ela sai correndo e vai ao encontro dos demais discípulos anunciar a boa notícia. Maria Madalena é a portadora da boa notícia, ela se torna a “apóstola dos apóstolos”, que possamos também nós ser portadores das boas notícias.
Na celebração do Sábado Santo renovamos as nossas promessas batismais e fomos aspergidos com as águas do batismo. O ato penitencial do Domingo de Páscoa, durante a oitava da Páscoa, e até o segundo domingo da Páscoa é feito por aspersão (opcional), ou seja, recordando o nosso batismo em que fomos mergulhados com Cristo e purificados de todo o pecado.
A cor litúrgica desse tempo da Páscoa é o branco, justamente significando essa alegria que nos envolve. Cristo venceu a morte e abriu para nós as portas da vida eterna. Do mesmo modo que todos os domingos do ano seria importante se, sobretudo ao longo do tempo pascal (e sempre), participássemos da missa em todos os domingos. O tempo da Páscoa é o tempo litúrgico mais forte de todo o ano. A Páscoa está no centro do calendário litúrgico.
Ao longo da oitava da Páscoa e, sobretudo durante o tempo pascal, o Círio Pascal, que significa a própria luz de Cristo que vem iluminar as trevas, deve permanecer aceso. O Círio Pascal é aceso na parte externa da igreja, durante a cerimônia do fogo novo na Vigília Pascal, em sua entrada solene na igreja. Após o tempo da Páscoa, no Domingo de Pentecostes, o Círio Pascal é apagado e aceso nas celebrações de Batismo, da Primeira Eucaristia e Crisma.
O tempo pascal é o tempo oportuno de renovarmos a nossa esperança no Senhor e, sobretudo, a nossa esperança na ressurreição dos mortos. Na Vigília Pascal renovamos as nossas promessas batismais e reafirmamos crer na ressurreição dos mortos e na vida eterna. A ressurreição de Jesus quer dizer que um dia entraremos na vida eterna com o nosso corpo glorioso, alma e espírito na vida eterna, mas começamos a viver a nova vida desde agora.
A oitava da Páscoa e o tempo pascal como um todo é um período de grande alegria espiritual, no qual sentimos a presença do Cristo ressuscitado e que comprovamos em nós que por meio da ressurreição de Jesus tivemos os nossos pecados perdoados. A liturgia desse tempo também nos envolve no mistério da remissão dos pecados e do amor de Deus por nós. No segundo domingo da Páscoa, celebramos a Divina Misericórdia, e no quarto domingo, celebramos o Cristo Bom Pastor, que nos acolhe e nos toma pela mão. Confiemos firmemente a misericórdia desse Deus, e nos deixemos contagiar pela alegria desse Deus que é amor.
O tempo da Páscoa como um todo é um período para que tomemos a consciência de que somos discípulos e missionários do Senhor e assumamos de fato o nosso batismo. E do mesmo modo que Maria Madalena, Maria Santíssima e os demais apóstolos, sejamos mensageiros da esperança. Esse tempo pascal é um período em que somos convidados a superar o pecado e renovar a nossa fé. Caminhar sempre com alegria ao encontro do Senhor e contagiar quem está perto de nós com essa alegria.
Com o período da oitava da Páscoa a Igreja deseja que cada fiel viva o mesmo espírito que nos contagiava no domingo da Ressurreição, e que possamos colher muitas graças. A Igreja prolonga a Páscoa, com a intenção de que esse tempo de graças não fique apenas em um domingo, mas seja prolongado.
Desde já, desejo, de coração, uma vez mais, uma feliz e Santa Páscoa a todos, e recomendo que participemos ativamente deste tempo pascal, colhendo as graças que Deus derrama sobre nós. Que o tempo pascal nos motive para que sejamos portadores da boa nova, em especial no tempo da Páscoa, mas ao longo de todo o ano. Sejamos sempre gratos a Deus por tudo que ele faz na nossa vida.
Jesus Cristo Ressuscitou verdadeiramente, aleluia, aleluia!
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ