São Camilo de Lellis

Recordamos neste dia 14 de julho a memória de São Camilo de Lellis, patrono dos enfermos, da pastoral da saúde e dos profissionais da saúde. O Dia de São Camilo é uma oportunidade de rezarmos por todos os doentes para que sejam assistidos pela misericórdia divina. Neste mês, a intenção do Papa é justamente essa: pela pastoral dos enfermos. É uma oportunidade para olharmos com misericórdia para todos os enfermos e assistir não só os de nossa família e os que nos são próximos para todos os enfermos de nossa paróquia ou comunidade que estão internados em hospitais ou estão em suas casas.

O Dia de São Camilo é também uma oportunidade de rezarmos por todos aqueles que fazem parte da pastoral da saúde e que, a exemplo de São Camilo, assistem com misericórdia aos enfermos. Rezemos também para que mais pessoas sejam tocadas e façam parte da pastoral da saúde, pois a messe é grande e os operários são poucos. Procure o padre de sua paróquia e veja como participar, para ser membro da Pastoral da Saúde não precisa de muito, só precisa de força de vontade e disponibilidade.

Visitar os doentes é um mandato do próprio Jesus, que pede a todos os seus discípulos que visitem os doentes e os assistam com misericórdia. Portanto, quem assiste aos enfermos cumpre um mandato de Jesus. Segundo o que Jesus diz no Evangelho de Mateus, nas bem-aventuranças, “bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5).

Nos últimos anos, tem aumentado muito o número de pessoas doentes, seja nos hospitais ou em casa, e que precisam do apoio da Pastoral da Saúde. Nos dias de hoje, mais do que nunca a Igreja precisa ser presença nos hospitais, levando a mensagem de salvação.

Elevemos neste dia uma prece de gratidão e oração por todos os profissionais da saúde que trabalham mais diretamente com os enfermos. Rezemos pelos médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, que muitas vezes tem que fazer plantões e ficar horas fora de casa cuidando dos enfermos, algumas vezes trabalhando em mais de um hospital. Tornando aqueles enfermos seus próximos.

Neste dia dedicado a São Camilo de Lellis, rezamos por toda a comunidade camiliana, congregação religiosa que segue os passos de seu fundador São Camilo, que tem uma casa e paróquia aqui em nossa arquidiocese. Peçamos ao Espírito Santo para que não faltem jovens dispostos a abraçarem a vocação camiliana e o cuidado com os enfermos, e ainda, que a Ordem Camiliana continue seguindo o legado deixado por seu fundador.

São Camilo nasceu em 25 de maio de 1550 na vila Bucchianico, Chieti, ao sul da Itália. Filho de uma família nobre e tradicional, São Camilo foi gerado quando seus pais já estavam em idades avançadas. Sua mãe chamava-se Camila Compelli, era uma boa cristã e cuidava da casa, e seu pai, João de Lellis, um homem de carreira militar que passava muito tempo fora de casa. Os pais de Camilo ficaram muito felizes com a chegada do filho, apesar da idade avançada. Devido a sua mãe já idosa, o parto foi bem arriscado, mas Camilo nasceu saudável.

Camilo cresceu com a ausência do pai, devido à sua carreira militar, foi criado e educado por sua mãe, ela lhe ensinou os preceitos católicos e cristãos, pois sua mãe tinha muita fé. Quando São Camilo tinha 13 anos de idade, sua mãe faleceu, e Camilo teve que ir morar com o pai, que tinha uma vida instável devido à carreira militar. O pai de São Camilo era um bom cristão, mas tinha um vício em jogos, coisa que não era boa para o seu filho.

Com apenas 14 anos de idade, São Camilo entrou para a carreira militar como soldado, não era muito a sua vontade, foi seu pai que o colocou por achar São Camilo rebelde e não dado ao estudo. No entanto, ele foi um bom soldado, tinha uma boa estrutura física para os serviços braçais. Com 19 anos, Camilo perdeu também seu pai e ficou com uma situação financeira complicada, pois a única herança que seu pai lhe deixou foram algumas armas, um punhal e uma espada.

Camilo foi voluntário no exército veneziano e, nesse serviço, testemunhou como era a vida de enfermos agonizantes que viviam diversas doenças. Nessa época, Camilo teve que conviver com uma úlcera que lhe apareceu no pé, que o fez passar dificuldades financeiras. Do mesmo modo que o pai, Camilo se sentiu atraído pela vida mundana, levando uma vida profana e viciado em jogos.

Em 1570, com 20 anos de idade, Camilo teve um encontro que mudaria a sua vida, conheceu um jovem frade franciscano e sentiu-se atraído pelo carisma de São Francisco de Assis. Por isso, pediu para ingressar na Ordem dos Franciscanos, mas seu pedido não foi aceito devido à úlcera que ele tinha no pé.

Diagnosticado com um tumor incurável e sem dinheiro para cuidar-se, Camilo decidiu ir para Roma para pedir socorro no Hospital Santiago. No hospital, ele se ofereceu para trabalhar de auxiliar de enfermeiro, e, ao mesmo tempo, cuidaria de sua enfermidade. Convivendo com diversas situações no hospital, ele começou a sentir no coração que Deus o chamava para uma missão maior e que seria uma via de santificação para si, servir aos enfermos como se estivesse servindo a Cristo.

Camilo construiu uma bela amizade com São Felipe Néri, o qual o orientou que ele voltasse aos estudos com 32 anos de idade. Em 1584, com 34 anos de idade, foi ordenado sacerdote. Sentia cada vez mais forte no coração o desejo de servir aos enfermos e necessitados, ele fundou a irmandade dos voluntários dos enfermos para cuidar dos doentes, pobres e miseráveis. Muitos homens com o mesmo desejo de São Camilo aderiram ao chamado, e o grupo foi crescendo, tornando-se uma Ordem dos voluntários dos enfermos.

Em 1591, a Ordem foi elevada pela Sé Apostólica à categoria de Ordem religiosa, sendo conhecida como Ordem dos Ministros dos Enfermos. São Camilo foi superior da Ordem por 20 anos e ensinou aos irmãos o cuidado e o zelo que deveria ser dado aos enfermos. Mesmo com o tumor no pé, São Camilo trabalhou duro até suas forças se esgotarem, e veio a falecer em 14 de julho de 1614, em Roma, com 64 anos de idade. Em 29 de junho de 1746, dia da Festa de São Pedro e São Paulo, o então Papa Bento XIV declarou como santo o nome de Camilo de Lellis. Um dos milagres que já comprovam a sua canonização é que a úlcera em seu pé desapareceu assim que ele morreu.

Irmãos e irmãs, celebremos com alegria e gratidão esse Dia de São Camilo, e que possamos seguir o seu exemplo no cuidado com os enfermos. Que possamos visitar os doentes, participar da pastoral da saúde e ser aqui na terra o rosto misericordioso de Deus.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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