O Vicariato Episcopal de Pastoral, um dos organismos da Arquidiocese do Rio de Janeiro, é responsável por programar a visita pastoral às nossas paróquias. Dentre as mais de 50 visitas previstas para este ano, 22 já foram realizadas.
A visita pastoral é uma das formas, corroborada pela experiência dos séculos, com a qual o bispo mantém contatos pessoais com o clero e com os membros do povo de Deus. Realizada por nossos bispos auxiliares, ocorre, geralmente, de sexta a domingo, quando procura-se promover atividades religiosas e sociais que favoreçam esses contatos. Diferencia-se de uma simples visita para a celebração de uma missa, pois o bispo terá mais oportunidade de conhecer toda a comunidade e seus feitos.
Mais do que uma inspeção a respeito das possíveis dificuldades no trabalho de evangelização, a visita é um acontecimento de graça que de algum modo reflete aquela tão especial visita com a qual o supremo ‘pastor’ (1 Pe 5, 4) e ‘guardião das nossas almas’ (cf. 1 Pe 2, 25), ‘Jesus Cristo, visitou e redimiu o seu povo’ (cf. Lc 1, 68). Decerto, contribui para avaliar as iniciativas em curso e discernir os caminhos para seu prosseguimento.
Preparação da visita pastoral
Em nossa arquidiocese, a visita pastoral é preparada por três “pré-visitas”:
- a) Pré-visita pastoral, realizada por um seminarista ou diácono da etapa da Configuração no Seminário Arquidiocesano de São José, junto ao pároco ou administrador paroquial e ao Conselho Paroquial de Pastoral. Visa informar o bispo visitador sobre a atual situação religiosa e social da paróquia;
- b) Pré-visita da Cúria, comumente feita pelo vigário forâneo, concentra-se na observação da conservação da paróquia: lugares sagrados, ornamentos litúrgicos e livros paroquiais. O intuito é permitir que o bispo dedique tempo aos encontros pessoais.
- c) Pré-visita a bens temporais, executada por um funcionário da arquidiocese, tendo em vista o exame da administração da paróquia e de seus bens.
Durante a visita propriamente dita, segue-se a programação proposta pela paróquia de acordo com sua realidade. Contudo, algumas ações são habituais: celebração da missa de abertura e de encerramento; encontros com os padres da forania; reunião com o Conselho Paroquial de Pastoral (CPP); encontro com o Conselho Paroquial de Administração e Assuntos Econômicos (Copae).
Visita pastoral na Catedral
Nos dias 9, 10 e 11 de agosto, ocorreu visita pastoral na Paróquia Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro. A atividade foi confiada a Dom Antonio Luiz Catelan Ferreira. Segundo o bispo auxiliar da arquidiocese, a visita pastoral é o momento em que, ao permanecer numa paróquia por alguns dias, conhece-se as equipes pastorais e de trabalhos, dá-se uma palavra de ânimo e de acompanhamento para confirmar ou crescer na fé. “Visitar a paróquia da Catedral é uma honra muito grande que coube a mim e estou fazendo com muita alegria”, afirmou.
A visita iniciou-se com a missa das 12h, na Capela do Santíssimo Sacramento. Nesse horário, comum a algumas igrejas do centro da cidade, a assembleia é regularmente composta por funcionários dos edifícios empresariais e comércios. Na ocasião, também os funcionários da Catedral se uniram à celebração.
No início da celebração, o cônego Cláudio dos Santos, pároco da Catedral, acolheu afetuosamente o bispo visitador e agradeceu-lhe pelo clima de alegria, amizade e serviço que já era perceptível.
Frutificar a paz
Durante a homilia, ao refletir o Evangelho de Mateus 16,24-28, Dom Luiz Catelan disse: “Não vivemos para nós. Vivemos para Deus e para o que Deus quer, para as pessoas que nos cercam. Quem não vive como grão de trigo que cai na terra, permanece somente um grão de trigo. Mas quem aceita cair na terra e morrer para si, produzirá muito fruto. A possibilidade de produzirmos frutos bons nesse mundo depende exatamente disso: não sejamos nós mesmos a nossa preocupação, mas as pessoas que Deus pôs em nosso meio. Se estamos atentos às necessidades dessas pessoas e com generosidade procuramos ir ao encontro disso, nossa vida se torna fecunda, bonita e abençoada!”.
O bispo auxiliar pontuou ainda que o texto da profecia de Naum (2,1.3; 3,1-3.6-7) parecia, em alguns momentos, apresentar um retrato da cidade do Rio de Janeiro: os sofrimentos, a violência, o pavor que existe em algumas regiões. Em contrapartida, enfatizou que o convite de Deus para todos estava no início da leitura: “Eis sobre os montes os passos de um mensageiro, que anuncia a paz” (Na 2,1).
“Nós, em Cristo, somos sinais de paz porque não vivemos para nós. Semeamos paz onde estamos. Nós não podemos mudar as estruturas da cidade, mas podemos fazer canteiros de paz, semeando a beleza da paz nos lugares onde estamos”, enfatizou o bispo.
Após a missa, houve almoço com os funcionários da Catedral e, em seguida, uma visita aos seus locais de trabalho. Nesta visita, Dom Luiz Catelan conheceu diversos setores que compõem a vida da Paróquia Catedral: cozinha, sacristia, secretaria, arquivo arquidiocesano, manutenção, lavanderia, cripta, museu de arte sacra, assistência social, serviços gerais, bazar, salas de pastorais, entre outros.
Durante a tarde, o bispo reuniu-se com os padres atuantes na 1ª Forania do Vicariato Episcopal Urbano e o vigário episcopal, padre Wagner Toledo. Partilhou-se acerca das alegrias e dos desafios para a evangelização no centro da cidade. Juntos, esboçaram caminhos para frutificar a paz no território e na vida das pessoas que ali vivem.
Ao iniciar a noite, visitou-se o Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca, cuja igreja está no território da Paróquia Catedral. No começo da missa, o guardião e reitor do convento, frei Walter Ferreira Junior, elencou os membros e as ações oferecidas pela fraternidade franciscana. Na homilia, o bispo afirmou que Nosso Senhor nos convida a segui-Lo naquilo que é mais característico seu: o esvaziamento de Si mesmo. Não viver para si. A vida só se realiza plenamente como dom. Por isso é necessário renunciar a nós próprios e imitar Jesus.
Mencionando a profecia de Naum, sublinhou: “A violência se instaura onde as pessoas não vivem segundo a forma de Cristo, mas cada um quer se afirmar sobre os outros. Que a partir dos discípulos que Jesus Cristo têm nessa cidade, a paz possa ser semeada com pequenos gestos e encontre espaço, ainda que entre pedras, para pôr raízes, crescer e dar frutos”, disse Dom Luiz Catelan.
Missionariedade: cuidar, acolher e buscar
No sábado, dia 10 de agosto, Dom Antonio Catelan encontrou-se com os membros do CPP e do Copae. Em sua maioria, coordenadores das pastorais atuantes na Catedral. Cada coordenador(a) discorreu sobre as ações e atividades desenvolvidas e algumas perspectivas para o futuro.
Dentre as muitas iniciativas pastorais da Catedral Metropolitana de São Sebastião, ressaltam-se as seguintes: Pastoral Social; Pastoral dos Coroinhas; Catequese de crianças, adolescentes, jovens e adultos; Pastoral Familiar; Pastoral dos Coroinhas; Círculos Bíblicos; Pastoral do Dízimo; Pastoral da Música; bazar; Acolhimento.
Após escutar a todos, o bispo auxiliar motivou-os a aprofundar a missionariedade já vivida, cada qual em seu próprio contexto, inspirados pelo II Sínodo Arquidiocesano sobre as Missões. Três verbos sintetizam os movimentos a serem praticados para potencializar a saída missionária: cuidar, acolher e buscar. Cuidar daqueles que estão presentes em nossas pastorais e movimentos. Acolher todos os que procuram a igreja e seus serviços. Buscar as pessoas mais alheias à fé.
Cristo vive em nós
No início da manhã de domingo, 11 de agosto, Dom Luiz Catelan participou do café da manhã oferecido a cada domingo à população em situação de rua: “Café que sustenta”. Cerca de mil pessoas foram à Catedral para receber os pães e o café daquele dia. Graças ao auxílio de alguns irmãos, pode-se oferecer mais alguns alimentos, além dos costumeiros, para permear aquele momento de alegria e amor. Pensou-se nisso como meio de demonstrar, no Dia dos Pais, que possuímos um Deus no céu com coração de Pai, que age aqui por meio dos seus filhos.
Ofereceu-se também um café da manhã para os membros das pastorais e dos movimentos atuantes na Catedral. Em clima de amizade, vivenciaram essa ocasião de fraternidade junto ao bispo que motivou-lhes, destacando o quanto cada gesto desses agentes, por menor que seja, produz um grande bem para os demais e para a Igreja.
Durante a homilia da missa de encerramento da visita pastoral, Dom Luiz Catelan enfatizou a Eucaristia como centro da vida da Igreja e de cada cristão. Discorreu sobre a dificuldade dos judeus, mencionados no Evangelho (Jo 6,41-51), de compreender como Jesus poderia ser o pão que desceu do céu, afinal conheciam sua mãe, seu pai, sua família.
“Eles se escandalizavam com a humanidade de Jesus. Ele parecia um homem normal e, de fato, era verdadeiramente um homem. Comia, dormia, trabalhava, suava, se cansava, sentia fome. Eles não conseguiam compreender como é que Deus pode estar tão perto de nós, como é que Deus pode se tornar um de nós. Compreendiam de Deus apenas um poder: a onipotência, mas não compreendiam que tão grande quanto o poder de Deus é o seu amor. E o mais típico do amor é querer estar junto. Quem ama quer estar junto. Quanto maior o amor, maior o desejo de proximidade. Maior desejo de comunhão. Sendo Deus onipotente, sendo Deus puro amor, quis estar muito perto de nós”, discorreu o bispo.
O bispo auxiliar salientou ainda que somente aceitando essa proximidade de Deus é possível compreender plenamente o significado da Eucaristia e do toque de Cristo em nós a cada sacramento: “Assim como o nosso corpo vive do que comemos, nossa interioridade vive de Cristo que se faz nossa vida”.
Por fim, Dom Luiz Catelan convidou a todos a testemunhar a alegria de Cristo que vive em nós, dizendo: “Concluindo esta visita pastoral, peçamos a Deus, nosso Senhor, que esta paróquia continue sendo e seja, cada vez mais, uma comunidade eucarística, uma comunidade de altar, que se alimente da Palavra de Deus, e fortalecida por esse alimento, continue dando o belo testemunho que dá, tanto através das pastorais, como dos serviços de caridade. O belíssimo café da manhã que é dado às pessoas em situação de rua, em todos os domingos, é apenas um dos belos e muito eloquentes testemunhos que esta paróquia continua dando, a partir da fé eucarística, reconhecendo a presença d’Ele também nos pobres e nos sofredores”.
Guilherme Brandi, Vicariato Episcopal de Pastoral