Cadernos do Concílio – Volume 29 – A família

O volume 29 da Coleção Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II trata do tema: “A família”. Esse é um tema de vital importância, pois a Igreja tem um carinho especial pelas famílias. O autor desse volume é Andrea Tornielli, vaticanista e diretor editorial do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé. Ele desenvolve o tema a partir da Constituição Pastoral elaborada ao longo do Concílio Ecumênico Vaticano II Gaudium et Spes. Essa Constituição Pastoral é de extrema importância ao longo do Concílio e foi falado bastante dela nos outros volumes dessa coleção.

A família, como dizia o saudoso Papa São João Paulo II, é a Igreja doméstica, pois é no seio familiar que se aprendem os verdadeiros valores. Os pais são os primeiros catequistas dos filhos, pois é dentro de casa que os pais devem ensinar as primeiras orações do cristão. Após batizar os filhos, os pais devem manter a vida de fé, devem ir à missa dominical toda semana para que os filhos possam crescer no ambiente da Igreja. Depois ficará mais fácil para, por conta própria, participarem da iniciação à vida cristã, fazerem a catequese da primeira Eucaristia e, em seguida, da Crisma, para que possam confirmar a fé recebida no batismo.

Diz também um antigo ditado: “Família que reza unida permanece unida”, por isso é importante haver um espaço de oração ao longo do dia em que a família reze junta. Seja pela manhã ou à noite, antes de dormir, reservar uns dez minutos para oração, pedindo a bênção para todos os que moram ali.

A Igreja tem carinho especial por todas as famílias e defende a união das famílias. A Igreja deseja que todas tenham como exemplo a Sagrada Família de Nazaré. É claro que sempre haverá problemas, não existe família perfeita, mas é preciso saber superar os problemas com a força da oração.

É importante, em todas as paróquias, ter a pastoral familiar, promover os vários movimentos que foram surgindo na época do Concílio Ecumênico Vaticano II, e isso é enriquecedor para as famílias. Se sua paróquia ainda não tem a pastoral familiar, converse com seu pároco, forme um grupo de casais e peça que ele institua a pastoral familiar.

O sacramento do matrimônio é indissolúvel, ou seja, não se desfaz, pois é para a vida inteira. Por isso os noivos fazem a promessa de ficarem unidos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da vida, até que a morte os separe. Por isso, a Igreja reza por todos os casais e todas as famílias, para que o matrimônio dure uma vida inteira. Outra promessa que os noivos fazem perante Deus, no dia do matrimônio, é estarem abertos à vida, e que os filhos sejam educados na lei de Cristo e da Igreja.

É função da Igreja e de cada um de nós cuidar para que as famílias sejam preservadas e não destruam o conceito de família. Infelizmente, com o avanço da mudança de época, querem mudar o conceito de família, e muitas pessoas querem impor uma certa crise no matrimônio. Diante disso, o Papa Francisco lançou uma Exortação Apostólica pós-sinodal intitulada Amoris Laetitia, em que trata do amor na família.

É preciso falar aos jovens, e àqueles casais que se uniram sem se casar na Igreja, sobre a importância do sacramento do matrimônio e de receber a benção de Deus. É necessário ter a vida sacramental em dia, para que todos possam participar mais ativamente da vida pastoral da Igreja. Até mesmo para, no futuro, ser padrinho e madrinha de alguém, é necessário ter a vida sacramental em dia, sobretudo o matrimônio.

Rezemos e nos esforcemos para que superemos essa crise no matrimônio, e conscientizemos muitos casais a regularizarem a vida sacramental e se casarem na Igreja. Inclusive trabalhar, nos encontros de casais e curso de noivos, a importância de se casar por amor e abertos à vida.

Podemos dizer que o futuro da humanidade passa pela família. E ainda, que os casais que se unirem em matrimônio se unam de fato por amor, pois o amor dos dois, junto com o amor de Deus, sustentará a vida matrimonial por muitos anos.

Temos que preservar a vida desde a sua concepção até a morte. No início, quando os filhos são crianças os pais cuidam dos filhos, e quando os filhos são adultos o papel deve se inverter, os filhos devem cuidar dos pais durante a velhice.

É necessário respeitar os avós, eles são pais duas vezes e cooperam com os pais no ensinamento dos netos. Muitas vezes, enquanto os filhos trabalham, os avós cuidam dos netos e passam o dia com eles. Por isso, cabe aos netos amarem e respeitar seus avós e ser gratos a eles. E do mesmo modo, os filhos respeitarem seus pais e ser gratos por eles ajudarem na educação dos netos.

Preservemos as famílias e cuidemos delas; que cada um possa levar o matrimônio a sério e cooperar na geração e no cuidado das vidas. Entendamos que as famílias têm muito a cooperar com a sociedade.

Convido a tomarem esse volume 29 da Coleção Cadernos do Concílio – numa tradução publicada pelas edições CNBB – em mãos, e ainda a Constituição Apostólica Gaudium et Spes, Exortação pós-sinodal do Papa Francisco Amoris Laetitia sobre o amor na família, e entenderem um pouco mais sobre a importância da família para a sociedade.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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