‘Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!’ (Mc 10,47)
Celebramos neste domingo o Trigésimo Domingo do Tempo Comum. Estamos chegando ao fim deste mês de outubro, Mês Missionário e do Rosário. Que a nossa missão de anunciar o Reino de Deus continue, independentemente do término do mês missionário. Continuemos a rezar o nosso terço todos os dias, pedindo pela paz mundial, em comunhão com o Papa Francisco.
Estamos nos aproximando do final do ano litúrgico e também do ano civil, momento em que podemos rever como foi o nosso ano e o que ainda podemos fazer daqui para frente. Está chegando o momento em que Jesus entrará em Jerusalém e será aclamado como “Rei do Universo”, um rei diferente, que veio para todos e para indicar o caminho da paz, da justiça e da caridade.
No evangelho deste domingo, Jesus cura o cego Bartimeu. Além da cura física, de ele voltar a enxergar as coisas ao seu redor, Jesus lhe abre os olhos do coração e da fé, para que ele pudesse enxergar Jesus e testemunhar as maravilhas de Deus. Muitas vezes acontece conosco: fechamos os nossos olhos e não conseguimos enxergar as coisas bonitas de Deus na nossa vida.
Muitas vezes não enxergamos o próximo que está à nossa volta e não vemos as suas necessidades. Ao curar esse homem, Jesus o traz de volta à sociedade. Jesus pregava a inclusão, e além de o cego voltar a enxergar, ele também pôde ver as pessoas ao seu redor. Jesus cura o cego para que ele pudesse sair e testemunhar Jesus Cristo. Que possamos também testemunhar Jesus Cristo para todos.
A primeira leitura da missa deste domingo é do livro do profeta Jeremias (Jr 31,7-9). O profeta diz que virão tempos de paz para Israel, após o povo ter passado por tempos difíceis devido ao exílio da Babilônia. Através do profeta, o Senhor diz que trará o povo de volta do exílio. Entre eles estão os cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes; é uma grande multidão que retorna.
Esse grupo de pessoas mencionado pelo profeta retornará e terá uma vida nova, pois o Senhor faz novas todas as coisas. Essas pessoas que, por vezes, choraram de tristeza e eram consideradas excluídas da sociedade, agora serão felizes e participarão da vida social. Por isso, no Evangelho, Jesus cura o cego de nascença Bartimeu, que com certeza fazia parte desse grupo mencionado pelo profeta Jeremias. Jesus lhe dá a oportunidade de viver feliz, enxergando e anunciando as maravilhas de Deus. O Senhor Deus diz que é um pai para Israel e fez uma aliança eterna com esse povo.
O Salmo responsorial é o 125 (126), que diz em seu refrão: “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!” O Senhor fez maravilhas com o povo de Israel e faz sempre maravilhas na nossa vida. Mesmo nos momentos mais difíceis, o Senhor está conosco; Ele nunca nos abandona. Somos nós que, por vezes, achamos que Ele nos abandonou. Tenhamos fé e acreditemos em Deus, que sempre quer o melhor para nós.
A segunda leitura da missa deste domingo é da carta aos Hebreus (Hb 5,1-6). Conforme o autor sagrado já nos disse na semana passada, Cristo é o sumo sacerdote eminente que intercede em nosso favor junto a Deus. Ele foi tirado do meio do povo e age em favor de todos os homens junto a Deus. Ele se ofereceu em sacrifício por todos nós, ao morrer na cruz para salvar a todos, para redimir o pecado de todos.
Cristo não se atribuiu a si mesmo a honra de ser sumo sacerdote, mas Ele é o sacerdote da nova aliança. Hoje, aqueles que são ordenados padres celebram a Santa Eucaristia na pessoa de Cristo, oferecendo o sacrifício no altar, relembrando a Páscoa de Cristo e oferecendo esse sacrifício em reparação dos pecados do povo.
O evangelho da missa deste domingo é de Marcos (Mc 10,46-52). Jesus continua o seu caminho, se aproximando de Jerusalém para ser aclamado como rei e sofrer a paixão. No evangelho de hoje, Ele sai de Jericó, seguido por uma grande multidão e por seus discípulos.
Um cego, Bartimeu, filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho, e, sabendo que Jesus passaria por ali, começou a gritar, dizendo: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10,47). Muitos o repreendiam e mandavam que se calasse, mas ele gritava mais ainda. Jesus parou e mandou chamá-lo. Quando o chamaram, ele deu um pulo, largou o manto e foi até Jesus.
Jesus olhou bem para o cego e perguntou o que ele queria que Jesus fizesse por ele. Bartimeu respondeu que queria enxergar, e Jesus lhe disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e começou a seguir Jesus pelo caminho.
Ao devolver a visão ao cego, Jesus lhe devolve a dignidade de ser humano e o coloca novamente no centro da comunidade, no convívio com os outros, pois quem tinha algum tipo de doença, ou era considerado pecador, era excluído pela sociedade. Jesus sempre vai na contramão da sociedade da época e, ao invés de pregar a exclusão, prega a inclusão.
Quando o cego recupera a visão, ele não apenas volta a enxergar tudo ao seu redor, mas começa a enxergar as coisas de Deus. Ao ficar livre da doença, ele fica livre para amar e servir aos irmãos e a Deus.
Celebremos com alegria este Trigésimo Domingo do Tempo Comum e peçamos ao Senhor que nos cure de todas as cegueiras, sobretudo da cegueira que nos impede de ver o próximo e suas necessidades.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ