Cardeal Parolin: “Se queremos ter um dever, esse é oferecer a todos um desenvolvimento justo e solidário, e assim prevenir injustiças e guerras”

“O Vaticano, a Santa Sé, como em todas as conferências e atividades internacionais, têm um papel como voz moral para manter vivos os princípios éticos que deveriam estar na base de todas as relações internacionais”, disse o secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, que está participando da Cúpula do G20, que ocorre nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.

Acolhido na manhã desta segunda-feira, 18 de novembro, pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, com assessoria do monsenhor André Sampaio, o secretário de Estado é hóspede do Palácio Episcopal São Joaquim, na Glória, que fica próximo à realização do evento, no Museu de Arte Moderna, no Parque do Flamengo.

A função da Igreja é “defender o homem e sua dignidade e direitos mais básicos. A questão da luta contra a pobreza é na maioria a questão da paz, especialmente hoje neste mundo”, disse o secretário de Estado, que representa o Papa Francisco no evento, realizado pela primeira vez no Brasil, que reúne líderes das 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana.

Durante a Cúpula do G20, nas quais os principais temas abordados estão o combate à fome, à pobreza e à desigualdade social, o desenvolvimento sustentável, e a reforma da governança global, o Cardeal Parolin irá ler a mensagem do Santo Padre, que escreveu ao presidente Lula, “para expressar a sua proximidade.”

A carta, “aborda o tema da pobreza e da fome, como causas das injustiças no mundo e também como causas de conflitos e guerras. Se queremos ter um dever, esse é oferecer a todos um desenvolvimento justo e solidário, e assim prevenir injustiças e guerras”, disse.

Para o secretário de Estado, “e o mesmo problema de sempre, as grandes declarações, os grandes documentos e depois as pequenas realizações.” Porém, “nunca perder a esperança.” O Cardeal Parolin destacou que sua presença no evento, em nome do Santo Padre, é incentivar “quem se comprometeu”, em âmbito documental, a “cumprir as promessas feitas.” Também “é um dever moral cumprir o que foi prometido, porque há muitas pessoas que esperam que a sua situação melhore.”

 

Fortalecer laços de paz

O núncio apostólico no Brasil, Dom GiambattistaDiquattro, que acompanha o secretário de Estado, destacou que é importante presença da Igreja em evento deste porte porque fortalece laços e fomenta a paz entre as religiões.

“Precisamos de paz nas religiões, na humanidade e também na Igreja, em todas as Igrejas, que ocorre num momento de conflitos e dificuldades no diálogo, sobretudo em assuntos verdadeiramente importantes para o futuro da humanidade”, disse o núncio apostólico, na qual ressaltou que o “encontro é de relevância, que busca o conhecimento, o diálogo e de trabalhar juntos para a construção do futuro, em preparar um mundo melhor.”

Para Dom Giambattista Diquattro, “a Igreja faz um trabalho de pequenas coisas.” Para o núncio o trabalho fundamental é transformação das consciências e corações.

“O Senhor Jesus nos pede para ser protagonistas em trabalhar nas consciências, a conversão dos corações. Se há a conversão do coração, há um mundo melhor para o futuro. A Igreja trabalha dessa forma, não de maneira política. Trabalha, sim, para que os políticos, os fiéis, as pessoas batizadas, enfim, todas as pessoas, busquem o caminho de conversão. Isso é missão, evangelização”, destacou o núncio apostólico.

 

Carlos Moioli

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