Orani sacerdote

Mensagem do padre Paulo Celso Demartini, abade da Abadia Cisterciense de Nossa Senhora de São Bernardo, em São José do Rio Pardo (SP), na missa em ação de graças pelos 50 anos de ordenação sacerdotal do Cardeal Orani João Tempesta, realizada no Salão Dom Bonifácio, ao lado da Paróquia Santuário São Roque, em São José do Rio Pardo (SP), no dia 22 de dezembro de 2024

 

“Muito se falou sobre Dom Orani neste seu jubileu áureo de ordenação. Como todo candidato que entra no mosteiro, o jovem Orani entrou para ser monge, e com o tempo amadureceu seu discernimento em ser padre.

Padre José João Minussi, amigo de estudos, me disse que por volta de 1965 teve a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida à sua cidade natal, São José do Rio Pardo.

Cada um pedia uma coisa a Nossa Senhora, e o menino Orani pediu  fervorosamente, rezando diante à imagem peregrina, em relação a sua vocação. Parece que ele pensou em ser redentorista, por gostar de escutar programas de rádio, e esses missionários tinham essa missão evangelizadora.

O menino caçula Orani estudava no Instituto de Educação Euclides da Cunha. Meu primo Ronaldo Astolpho estava na sua classe. Ele morreu afogado, e sua morte chamou atenção do seu colega Orani sobre a incerteza da vida.

Conta-se que todos os dias quando voltava do colégio à noite, a mãe de Dom Orani nunca se levantava. Mas naquela noite, ela se levantou e perguntou: ‘O que aconteceu?’ Ele respondeu: ‘Nada’. A mãe disse: ‘Você chegou diferente’. É porque Dom Orani trabalhava na casa Braghetta, e quando passou o enterro do seu colega, isso chamou-lhe a atenção sobre o sentido da vida.

O mosteiro tinha ficado fechado em 1964, e o abade de presidente da Congregação Cirtescience, Dom Giovanni Rosavini, veio fazer visita canônica ao mosteiro, e após ter rezado na Igreja de São Roque, pedindo vocações, saiu da igreja e viu alguns jovens jogando futebol. Ele chamou o mais jovem e franzino dos rapazes que tinha cabelo enrolado, e perguntou-lhe se ele queria ser monge.

Orani perguntou: ‘O que significa isto?’ Foi o bastante para que ele quisesse saber mais. No ano seguinte, ele já tinha entrado para o mosteiro. E foi fazer o retiro e noviciado no Mosteiro de Itaporanga.

Temos no arquivo do mosteiro um diário pessoal de 114 páginas em que conta as alegrias e dificuldades desse tempo. Sonhos e desafios. Na última página ele diz o seguinte: ‘Senhor, sou tão fraco; ajuda-me. Eis-me aqui, envia-me.’ Que projeto de vida.

Quando fez a profissão religiosa, ele foi estudar Filosofia no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, e depois  Teologia no Instituto Pio XI, também na capital paulista.

Nos finais de semana e nas férias, vinha a São José do Rio Pardo, ao seu mosteiro para ajudar na pastoral da recém-criada Paróquia de São Roque, em 25 de janeiro de 1968.

Ele foi ordenado diácono e depois presbítero, no dia 7 de dezembro de 1974. A partir daí, ele começou a exercer o ministério como vigário paroquial do padre Agostinho Zacchetti. Celebrava na cidade e na Zona Rural, e atendia os jovens do grupo Tucaf (Todos unidos como amigos felizes). Sempre humilde e disponível em atender, celebrar e orientar.

Em 1984, nosso prior foi eleito abade presidente, e assim Dom Orani assumiu a missão de prior no mosteiro e pároco da São Roque. Sua madrinha de ordenação, hoje Serva de Deus, Lourdinha Fontão, previu que ele seria bispo e… é cardeal.

O senhor, Dom Orani, foi prior do mosteiro e primeiro abade da Abadia Cirtescience, pároco de São Roque e exerceu muitos ofícios na Diocese de São João da Boa Vista, e também na Igreja no Brasil. Mas para nós será sempre o pai, o amigo e o irmão. Parabéns!”

 

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