(Homilia de Dom Orani João Tempesta na Missa de Exéquias de sua irmã Ondina Tempesta, realizada na capela do Crematório da Vila Alpina, em São Paulo, no dia 6 de janeiro de 2025)
Estamos reunidos para celebrar a missa de corpo presente de minha última irmã viva, a querida Ondina Tempesta, falecida na tarde de ontem, 5 de janeiro. Ela viveu uma vida totalmente voltada para o outro. O seu tempo era dedicado para Deus e para o próximo.
Agora, ela está no tempo de Deus. Nós cremos na eternidade. Mas não o tempo da nossa vida; o que continua é essa perspectiva de que nós estamos celebrando essa Eucaristia. Sabemos que o tempo da Ondina, no tempo, neste mundo terminou, mas o tempo da sua vida não. Ela nasceu para a eternidade. Seus olhos se fecham para este mundo, mas se abrem para a eternidade. Observamos que o corpo da Ondina está devidamente vestido com uma bela roupa que representa a santidade, a sobriedade e a alegria que marcaram a sua vida!
E nós queremos pedir, justamente, que o abraço do Pai, em Jesus Cristo, na ação do Espírito Santo, possa fazê-la sorrir, como sempre sorriu, sempre foi cheia de sorrisos no dia a dia, possa agora gozar das alegrias eternas junto de Deus. E, de lá, rezar por nós que permanecemos e continuamos aqui a caminhada, para que o tempo que temos possamos utilizar bem, para fazer o bem, andar pelos caminhos da paz e da fraternidade.
Nós recordamos, e sempre recordaremos, Ondina como alguém muito feliz, muito alegre, que sempre buscou fazer o bem a todos os membros da família, sempre ajudando e acolhendo. E, ao mesmo tempo, sabemos que, dessa forma, o Senhor também a acolhe no céu.
Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim.” Tudo o que ela fez, sem dúvida, dentro daquilo que compreendia, era por causa do Senhor. Ela dava o seu coração para, cada vez mais, caminhar nessa alegria que ela transbordava e fazia no seu dia a dia.
O livro do Antigo Testamento fala que, para os homens, pode parecer que os justos estão sendo castigados ao terminarem a vida. Mas nós anunciamos que, se de um lado o sopro de Deus volta ao Senhor e nosso corpo aqui fica, sabemos que a vida continua em Deus. É por isso que rezamos e pedimos para que ela possa ter essa vida plena, porque, enquanto viveu aqui, serviu com alegria, generosidade e disponibilidade.
Ondina cuidou da mãe até o final da vida. Ondina cuidou da sua irmã Teresinha, cuidou do meu irmão Levi, cuidou daqueles que precisavam dela o tempo todo, em todos os momentos da sua vida. E, ao mesmo tempo, com aquela generosidade que trazia dentro de si.
Além de estar muito presente para os membros da família, estava em todos os lugares, procurando administrar tantas situações. Era alguém que soube, como ninguém, viver a vida baseada em valores cristãos. E agora pedimos a Deus que, embora sua voz se silencie para este mundo e seus olhos se fechem, eles possam se abrir para ver e louvar o Senhor na eternidade, cantando os louvores de Deus.
“Na minha vida, eu verei a Deus.” Que ela possa ver o Senhor. E, ao mesmo tempo, nós, que aqui nos reunimos para lembrar dela com carinho, seremos sempre gratos pela vida que levou. Ao rezar pediremos a Deus que lhe conceda a alegria perpétua e a felicidade eterna, um dom que ela já recebe do Senhor, mas que também transbordou em sua caminhada nesse mundo.
Nós a queremos bem, e queremos que essa alegria perpétua permaneça em sua nova vida. O coração das pessoas mais próximas sente sua partida, sem dúvida. A dor da separação faz parte da nossa Humanidade. Mas a certeza da vida eterna nos dá alento, confiança e segurança para continuarmos caminhando, buscando o Senhor.
Que Ondina, agora repousando no Senhor, possa descansar de tantos trabalhos, das dores e dificuldades dos últimos tempos da doença. Mas que, ao mesmo tempo, possa desfrutar da alegria perpétua.
Estamos aqui para interceder por ela, para oferecer essa missa em sua intenção. Desde ontem, quando chegou o anúncio de seu falecimento, muitos padres já rezaram por ela. Hoje, tantos estão celebrando missas com essa intenção. Queremos pedir ao Senhor que receba nossas orações e esse sacrifício da missa que celebramos, para que ela possa gozar da alegria eterna no céu.
Que guardemos no coração tudo o que ela transbordou de amor enquanto esteve entre nós, trabalhando, servindo e vivendo sua fé. Agora, no céu, temos certeza de que ela intercederá por nós e por sua família.
Todos nós – sobrinhos, primos, netos e aqueles que conviveram com ela – devemos agradecer a Deus por sua vida e rezar para que ela possa continuar a viver na alegria eterna junto de Deus.
Que a Ondina tenha descanso em paz e que possamos manter viva a alegria de tê-la conhecido. Ela passou por esse mundo fazendo o bem e deixando belos sinais de sua vida e fé.
Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ