Dom Orani celebra o Natal com adolescentes privados de liberdade

A Santa Missa de Natal no Centro de Socioeducação Dom Bosco, na Ilha do Governador, uma das unidades do Degase (Departamento Geral de Ações Socioeducativas), foi presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, no dia 23 de dezembro.

Foram concelebrantes o padre Charles Fernando Gomes, pároco da Paróquia São Miguel Arcanjo, em Benfica, e assistente eclesiástico adjunto da Pastoral do Menor e da Comissão de Assistência Religiosa Católica, e o padre Roberto José dos Santos, vigário paroquial na Paróquia São Benedito, em Pilares, e assistente eclesiástico do Centro de Socioeducação Dom Bosco e da Escola João Luiz Alves, ambas situadas na Ilha do Governador.

Em entrevista ao jornal “Testemunho de Fé” (TF), padre Charles partilhou o trabalho que é realizado nas várias unidades do Degase, na Ilha do Governador.

 

Testemunho de Fé (TF) – Quais são os pilares da assistência religiosa católica no Degase?

Padre Charles – A assistência religiosa no Degase funciona com três pilares: evangelização, amorização e sensibilização. Os pilares nos ajudam a nortear nossa missão. O adolescente privado da liberdade que cumpre pena por um ato infracionário precisa ser acolhido, amado e conhecer a pessoa de Jesus e sua mensagem de salvação. É o primeiro passo para que o adolescente possa desejar sair ressocializado, mas também convertido, arrependido e desejoso de trilhar o novo caminho.

 

TF – Dezembro é um tempo especial de evangelização?

Padre Charles – O final do ano, com as celebrações natalinas, é um tempo especial para fazer memória daquilo que é o centro da nossa fé. A encarnação e nascimento de Jesus Cristo nos remonta aos valores principais da vida, o amor, o cuidado, o perdão, a simplicidade, a humildade, a cordialidade e a gentileza. Fazer o bem, sempre fazer o bem. A missão junto aos adolescentes acontece o ano todo. Mas a celebração de Natal é um coroamento de todas as atividades. Muito mais, com a presença de Dom Orani que celebra com os adolescentes, diretores e demais profissionais do Degase, e também com sacerdotes, consagrados e agentes socioeducativos que atuam no processo de ressocialização.

 

TF – Como é, na prática, o trabalho da Comissão de Assistência Religiosa?

Padre Charles – O grupo da Assistência Religiosa é grupo pensante, que faz o cronograma, prepara as agendas, organiza missas, celebrações e comemorações de aniversários. Ele procura meios para aumentar sempre mais a proximidade com os adolescentes, preparando-os para os sacramentos da Iniciação à Vida Cristã, o Batismo, a Eucaristia e a Crisma. O grupo também tem um olhar carinhoso com as famílias de alguns, que necessitam de ajuda, de cestas básicas. O trabalho vai mais longe. Por meio de parcerias, os adolescentes interessados conseguem estágios, trabalhos e bolsas de estudos.

 

TF – Quais são os frutos da ressocialização?

Padre Charles – A ressocialização começa durante o tempo que estão privados de liberdade no Degase e permanece após cumprirem a pena. Eles voltam para a sociedade com boas perspectivas de trabalho, estudos, constituição de família e também inseridos de caminho religioso. A Igreja Católica, por exemplo, irá ajudá-los a norteá-los para uma vida ética, moral, com princípios e voltada para o bem.
O trabalho é dignificante. Diferente como muitos pensam, não é um trabalho inútil, um ‘enxugar gelo’. Já pude presenciar muitos frutos de adolescentes e jovens que terminaram o tempo de cumprimento da pena no Degase e decidem fazer um novo caminho. Precisamos acreditar em Deus, acreditar no ser humano e acreditar na missão que abraçamos. Muitos adolescentes têm várias passagens na instituição, mas tem aqueles que saem transformados, modificados, reinseridos na sociedade e também cristãos engajados com compromisso e a missão da Igreja.

 

Carlos Moioli

Categorias
Categorias