Entre os dias 15 a 18 de fevereiro foi realizado no Vaticano o Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura. Organizado e coordenado pelo Dicastério para a Cultura e a Educação, o evento foi o terceiro na agenda oficial do Jubileu 2025 “Peregrinos de Esperança” e teve a finalidade reunir artistas das mais diversas expressões e diretores de instituições culturais para viverem uma experiência de fraternidade e espiritualidade. A inspiração vem do reconhecimento do Papa Francisco de que os artistas têm o ofício de “sonhar novas versões do mundo, introduzindo algo novo na história e trazendo ao mundo algo que nunca foi visto antes”, contribuindo assim para trazer esperança ao mundo.
Os peregrinos puderam visitar as basílicas papais (São Pedro, São Paulo, São João e Santa Maria Maior) onde se encontram as Portas Santas, e a Basílica de Santa Cecília, padroeira dos músicos.
A Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro foi representada no Jubileu dos Artistas pelo maestro do Coral Arquidiocesano de São Sebastião, Marcos Paulo Mendes, que narra abaixo sua experiência nesses dias:
Minha Experiência no Jubileu dos Artistas em Roma
Por Marcos Paulo Mendes
Roma é uma cidade onde história, fé e cultura se entrelaçam a cada esquina. Estar na Cidade Eterna durante o Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura foi uma experiência única, repleta de momentos marcantes que uniram a espiritualidade e a beleza da arte.
Ao chegar, fui direto ao Vaticano para retirar minhas credenciais e, claro, aproveitar para caminhar por essa cidade-Estado, centro da cristandade. O primeiro impacto foi a grandiosidade da Praça e da Basílica de São Pedro, um lugar que respira história e espiritualidade.
No sábado, tínhamos encontros programados com o Papa Francisco, mas, devido à sua internação e estado de saúde, essas audiências foram canceladas. Ainda assim, seguimos com os demais compromissos e pude passar pela Porta Santa da Basílica de São Paulo Fora dos Muros, iniciando assim minha peregrinação jubilar.
No domingo, pela manhã, participamos da Santa Missa presidida pelo Cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação. A celebração foi belíssima, reunindo artistas do mundo inteiro, reforçando a dimensão universal da arte como meio de evangelização.
Após a missa, tivemos um almoço especial para os artistas, um momento enriquecedor de partilha e troca de experiências. A tarde foi livre, mas a grande vivência espiritual aconteceu à noite, com a peregrinação até a Basílica de São Pedro. Antes de entrar, passamos pela Porta Santa, gesto de profundo significado espiritual neste Ano Jubilar. Dentro da Basílica, a iluminação estava diferente: algumas áreas estavam em destaque, como a Pietà de Michelangelo e a parte do Espírito Santo sobre o altar. A música de um violoncelo preenchia o ambiente, tornando o momento ainda mais especial. Foi uma experiência de contemplação, cultura e fé, onde pudemos rezar juntos e testemunhar como a arte pode ser um instrumento poderoso de evangelização.
Na segunda-feira, continuei a peregrinação jubilar, visitando as Basílica de São João de Latrão e de Santa Maria Maior. Cada uma dessas igrejas carrega em si uma riqueza histórica e espiritual imensurável, e atravessar suas Portas Santas é um ato de fé e renovação.
Na terça-feira, tivemos um evento especial na Basílica de Santa Cecília, padroeira dos músicos, seguido de mais um momento de oração e cultura. Essa basílica, situada no bairro de Trastevere, é um local de grande significado para quem se dedica à música sacra.
A quarta-feira, 19 de fevereiro, reservava um momento único e inesquecível: o ensaio do Coro da Capela Sistina e um encontro com o Mons. Marcos Pavan, padre brasileiro que desde 2019 é maestro-diretor da Capela Musical Pontifícia, nome oficial do coro da Capela Sistina. Fui muito bem recebido pelo Maestro e seu secretário, e tivemos uma rica conversa sobre música sacra, formação coral e os desafios da educação musical no mundo e no Brasil. Ouvimos algumas peças do repertório da Capela Sistina, discutimos técnicas vocais e o papel do canto gregoriano na liturgia.
Foi uma honra poder testemunhar de perto o trabalho de um dos coros mais emblemáticos da história da música litúrgica. Participar desse ensaio foi mais do que um aprendizado técnico; foi uma experiência espiritual profunda, um encontro com séculos de tradição musical a serviço da fé.
Cada dia no Jubileu dos Artistas reforçou a certeza de que a arte e a fé podem e devem caminhar juntas. A cultura não é apenas uma manifestação estética, mas um poderoso instrumento para tocar os corações e levar a mensagem de Deus. Trago comigo experiências e reflexões que certamente ecoarão em minha missão como maestro e evangelizador. Que o Espírito Santo nos conduza sempre nesse caminho de beleza e fé!