A celebração jubilar do Vicariato Sul com o arcebispo foi realizada na Basílica São João Batista da Lagoa, em Botafogo, no dia 29 de março. A celebração e peregrinação nas igrejas jubilares foram programadas para serem realizadas durante o ano nos 12 vicariatos da arquidiocese, conforme orientações da Carta Pastoral “Missão, Esperança e Paz”, lançada pelo Cardeal Orani João Tempesta no dia 24 de outubro de 2004, por ocasião do Ano Santo de 2025.
No início, o vigário episcopal do Vicariato Sul, cônego Márcio Sérgio Oliveira de Queiróz, também pároco local, deu boas-vindas a Dom Orani, aos sacerdotes, diáconos e ao povo de Deus, convidando a todos para “celebrar as dádivas do Jubileu da Esperança no vicariato e ganhar as indulgências concedidas pela Igreja”.
No momento da acolhida, Dom Orani incluiu orações pelo Santo Padre, de maneira especial pelo restabelecimento de sua saúde, delineou prioridades para o período da Quaresma, e deu destaque para a 12ª edição das “24 Horas para o Senhor”. Também abordou sobre a conversão pessoal e a renovação da fé pela vivência da peregrinação jubilar do Ano Santo, e enfatizou a necessidade de crescer a consciência das responsabilidades sociais e ecológicas.
Já na homilia, o arcebispo lembrou: “A Quaresma é um tempo propício para tomar consciência dos nossos próprios pecados, buscar a reconciliação e o perdão do Senhor. Como peregrinos de esperança somos chamados a renovar, a reavivar a nossa vida cristã”.
Além da dimensão individual da fé, o arcebispo ressaltou que a Igreja no Brasil direciona a Quaresma, tendo como luz a Campanha da Fraternidade, para as consequências sociais da conversão. “Isso implica uma mudança não apenas de mentalidade, mas também de vida, com um renovado relacionamento com as pessoas, a família e a sociedade. A preocupação com os pobres, assim como a atenção à ecologia integral e à responsabilidade do ser humano para com o planeta, já que Deus fez tudo muito bem”.
Na reflexão do Evangelho (Lc 18,9-14), Dom Orani apontou o valor da humildade e o reconhecimento da condição de pecador, em contraposição a uma postura de julgamento e superioridade em relação aos outros. Ele alertou contra a atitude de se considerar melhor que os outros, mesmo praticando atos de piedade.
“Muitas vezes, temos boas atitudes, rezamos, jejuamos, pagamos o dízimo na paróquia e depois, pisamos nos outros. Quem se reconhece pecador não julga os outros, não se coloca mais do que os outros. Nossa oração precisa ser humilde. Jesus já disse: quem se humilha será exaltado. Temos que ter no coração a necessidade de conversão e a contrição de coração”, disse.
O tempo da Quaresma e do Jubileu do Ano Santo, assim como a Campanha da Fraternidade, são vistos como um período de reconhecimento da necessidade de mudança de vida e de comportamento, independentemente do caminho já percorrido na fé. Por isso, Dom Orani lembrou sobre a fragilidade do entusiasmo inicial na fé, exortando à perseverança na caminhada cristã, comparando a Quaresma a um novo êxodo da ‘escravidão do pecado’ rumo a uma ‘vida nova em Cristo Jesus’.
“Não devemos ser fúteis e rápidos em perder o entusiasmo e deixar o caminho do Senhor. Não ser como o orvalho da manhã que logo seca, conforme pontuou o profeta Oséias (Os 6,1-6). Neste tempo da Quaresma, em preparação à Páscoa do Senhor, precisamos refazer o caminho do êxodo, deixando a nossa escravidão do pecado, simbolizado pelo Egito, e caminhar para a terra prometida que simboliza a vida do homem novo em Cristo Jesus. Ele, que morreu na cruz, deu a vida por todos nós, e hoje ressuscitado está presente no meio de nós”, disse.
Ao dirigir-se ao Vicariato Sul, reunido para vivenciar o jubileu, Dom Orani expressou sua alegria e reforçou a missão dos padres, diáconos, religiosos e religiosas como sinal de conversão e serviço à comunidade. Ele manifestou a esperança de que a comunidade católica, especialmente os jovens, possa continuar levando adiante sua missão de anunciar Cristo como a esperança que não decepciona.
“Nesta região de nossa cidade, o Vicariato Sul, onde tem o maior percentual de católicos do Rio de Janeiro, que cada um possa levar adiante a bela missão de anunciar Jesus Cristo, nossa esperança. Que possamos caminhar como uma Igreja sinodal, dando razões de nossa fé, porque Cristo, nossa esperança, não nos decepciona”, disse.
Em sua mensagem final, Dom Orani rogou ao Senhor o dom do discernimento, da contrição, da conversão e da capacidade de ser sinal da misericórdia divina, perseverando na caminhada cristã em busca da glória de Deus e da concretização do Reino neste mundo.
“Senhor, sou pecador, tenha piedade e nos dê o dom do discernimento, da contrição do coração da conversão sincera, da mudança de vida. Faça que eu seja um sinal da tua misericórdia para com os irmãos e irmãs, sem julgar ninguém. De ser perseverante na caminhada de cristão e de buscar a tua glória, e que o Reino que aconteça nesse nosso mundo comece pela nossa vida”, concluiu o arcebispo.
Carlos Moioli