Semana das Dores

A Semana das Dores é celebrada entre a 5ª  semana da Quaresma e a Semana Santa, que é a Semana Maior para nós cristãos. Nessas duas semanas, a liturgia da missa focará nos últimos momentos da vida de Jesus, antes de sua paixão e morte, e na Semana Santa ouviremos o profeta Isaías na primeira leitura com o conhecido texto do servo sofredor.

Se possível, seria bom participarmos da missa todos os dias da Semana da Santa, com exceção da Sexta-Feira Santa, quando não há celebrações de missas, mas sim a celebração da Ação Litúrgica com a Adoração da Cruz e a Comunhão geral, ou ao menos meditar os textos litúrgicos preparados para esses dias. E, é claro, a participação de todos os cristãos católicos no Tríduo Pascal que vai desde a Quinta-Feira Santa até o Sábado Santo, na Vigília Pascal. E ainda queremos participar da celebração do Domingo de Páscoa.

Essa semana é chamada de Semana das Dores, fazendo referência às sete dores de Nossa Senhora. A Igreja medita sobre as sete dores de Nossa Senhora na Quarta-Feira Santa, recorda o sofrimento de uma Mãe ao ver o seu Filho condenado à morte, e ainda de maneira injusta. Mesmo assim, Nossa Senhora não se desespera, mas confia plenamente na misericórdia de Deus.

A Semana das Dores nos faz recordar também as dores que Nosso Senhor sofreu nesses dias rumo ao Calvário, desde a sua condenação, prisão e morte. Essa semana é propícia para realizarmos nossa confissão sacramental, se ainda não o fizemos para celebrarmos de maneira pura a Páscoa do Senhor. E do mesmo modo as paróquias podem promover as celebrações penitenciais, preparando os fiéis para que façam um bom exame de consciência e uma boa confissão.

O prefácio da missa ao longo da Semana das Dores deve ser o prefácio da Paixão do Senhor I, nos aproximando desse mistério tão grande. Meus irmãos, nós católicos temos um compromisso nessas duas semanas participar das celebrações das missas e das outras ações litúrgicas propostas para essa semana, se não for possível ao menos meditar os textos sagrados propostos para esses dias. É preciso resgatar algumas celebrações que alimentam a nossa fé popular.

Nesta semana, as Igrejas têm o costume de cobrir as imagens dos santos, pois o nosso olhar deve estar voltado ao mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor. Cobrem-se a partir da quinta semana da Quaresma. Inclusive as cruzes permanecem veladas até o fim da celebração da Paixão do Senhor na Sexta-Feira da Paixão do Senhor, as demais imagens até a celebração da Vigília Pascal.

Somos convidados ao longo dessa semana das dores a intensificar nossas práticas penitenciais da Quaresma que são: oração, jejum e caridade. Ou seja, devemos rezar mais, meditando o evangelho do dia, rezando o terço e participando da missa. Podemos realizar o jejum, e ainda nos abstendo daquilo que nos afasta de Deus. E ainda, realizar a nossa caridade que é o fruto do jejum que praticamos ao longo do período quaresmal. Podemos colocar como intenção em nossa oração ao longo dessa Semana das Dores, o Papa, os bispos, padres e diáconos. Rezar pelo fim das guerras.

O tempo da Quaresma em si é um grande retiro espiritual que realizamos, podemos dizer que a Semana das Dores é a conclusão de nosso retiro, e a oportunidade que temos de melhor aproveitá-lo. É a oportunidade que temos de meditar mais no amor de Deus por nós, a ponto de entregar o seu Filho por nós. É necessário passar pelo Calvário para chegar à glória da ressurreição. Deixemos os nossos pecados na Cruz do Senhor e sejamos pessoas novas na Páscoa da ressurreição.

A Semana das Dores a exemplo de todo o período quaresmal não é um tempo de tristeza ou de luto, pelo contrário, é um tempo que deve nos encher de esperança e de alegria, preparando o nosso coração para a paixão, morte e ressurreição do Senhor. Confiemos na misericórdia do Senhor, estamos no ano da esperança, tenhamos a esperança de que o Senhor perdoa os nossos pecados e de que o nosso lugar está reservado ao lado de Deus. Nessa Quaresma morramos para o pecado e ressurjamos para uma vida nova na Páscoa.

É preciso abrir a Igreja todos os dias, em especial, na Semana das Dores e Semana Santa, promovendo aos fiéis a oportunidade de se confessarem, participarem da Santa Missa e dos momentos litúrgicos próprios dessa semana. A Igreja é rica de celebrações ao longo da Semana Santa, e dessa forma alimenta a fé popular de todo o povo. Além do que se pode adequar às celebrações, ou seja, se não for possível realizar o ofício de trevas na Segunda-Feira, é possível substituir pela meditação das sete palavras de Cristo na Cruz, se não for possível realizar a procissão do encontro, pode substituir pela celebração penitencial.

Nossa Senhora mesmo de longe acompanha o seu Filho até o momento de sua morte na Cruz, antes de morrer Jesus entrega sua Mãe como Mãe de todos nós. Se ela é Mãe do Filho de Deus e todos nós somos filhos de Deus por meio do batismo, ela é Mãe de todos nós. Nossa Senhora sempre ouve o nosso apelo e leva o nosso pedido até Jesus. Mesmo nos momentos mais difíceis, Nossa Senhora está conosco, nos dá o colo, do mesmo modo que Ela esteve no momento mais difícil da vida de seu Filho. Recorramos à intercessão de Nossa Senhora ao longo dessa semana, e que possamos enfrentar de cabeça erguida todas as dores.

As paróquias poderiam colocar a imagem de Nossa Senhora das Dores e do Senhor dos Passos em destaque a partir do 5º Domingo da Quaresma, para que os fiéis possam rezar diante das imagens, introduzindo na espiritualidade da Semana Santa que se aproxima. Que através do olhar piedoso de Maria, os fiéis possam celebrar piedosamente os momentos que se aproximam.

Infelizmente, muitos católicos não participam ativamente da Igreja, e muito menos não participam da Semana Santa. Aproveitam esses dias para viajar e passear. Ainda têm algumas pessoas que só vão na Igreja para “sepultar” Jesus na Sexta-Feira Santa na procissão, e em raras exceções voltam para “ressuscitar” com Jesus no Domingo de Páscoa. Um cristão, católico de verdade participa ou da Semana Santa toda ou pelo menos do Tríduo Pascal.

Procure em sua paróquia a programação para a Semana Santa e tente participar o máximo possível para que possa se manter viva dentro de cada um a espiritualidade desse tempo tão rico da Igreja. Que ao longo dessa Semana Santa possamos passar das trevas para a luz e ser iluminados pela luz de Cristo.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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