Os pais têm um papel fundamental na vida da Igreja nos dias de hoje. Aquilo que é ensinado na Igreja deve ser estendido às famílias: Igreja e família devem caminhar juntas. A Igreja tem um carinho especial pelas famílias e incentiva que elas participem unidas da Missa dominical. É necessário ensinar aos filhos, desde o Batismo, os verdadeiros valores da fé, que incluem os mandamentos da Lei de Deus e os preceitos da Igreja, como guardar domingos e festas, participando da Santa Missa.
A família é a Igreja doméstica. Os pais são os primeiros catequistas dos filhos. É no lar que se aprendem os valores essenciais e as orações fundamentais do cristão. No mundo de hoje, mais do que nunca, os pais têm um papel decisivo na formação espiritual dos filhos. A vivência da fé católica vai além dos muros da Igreja. Os pais devem se reunir em família, partilhar o Evangelho, rezar o terço e conversar sobre o dia. É importante reservar momentos em família: desligar a televisão, sair da internet e do isolamento dos quartos, e reunir-se para rezar e dialogar.
Os filhos levarão para a vida aquilo que aprendem em casa. Os pais tornam-se exemplo: se em casa há momentos de oração, partilha, conversa fraterna e reconciliação, os filhos aprenderão a fazer o mesmo fora de casa. Porém, se no lar não há espaço para a oração, para o diálogo e para o perdão, os filhos dificilmente terão gosto pela oração ou pela Missa, podendo se tornar mais agitados, impacientes e menos abertos à vivência da fé.
Os pais devem fortalecer a fé dos filhos desde cedo, ensinando a importância da oração e da vivência dos sacramentos. O Batismo não deve ser apenas um protocolo social, e a Igreja não deve ser lembrada apenas em casamentos, Missas de Sétimo Dia, Natal ou Páscoa. A fé é para ser vivida e alimentada no cotidiano, com a participação na missa dominical. Mesmo que a criança seja agitada, é necessário levá-la à Igreja para que se acostume com esse ambiente sagrado. Assim, ao crescer, será a própria criança a desejar fazer a catequese e receber os sacramentos da Eucaristia e da Crisma.
Família que reza unida, permanece unida e encontra forças para superar os desafios do dia a dia — sejam eles alegres ou difíceis. Quando os pais vivem a fé com autenticidade, buscam apoio na Igreja e mantêm uma comunicação aberta em casa, fortalecem a fé dos filhos e os preparam para uma vida plena em Cristo.
Estamos no mês de agosto, mês vocacional, e a cada semana refletimos sobre uma vocação específica. No segundo domingo, celebramos o Dia dos Pais e refletimos sobre o papel fundamental da família na Igreja e na sociedade, e iniciamos a Semana Nacional da Família. A figura paterna é de grande importância. O pai é o chefe do lar, aquele que apoia a esposa e os filhos, sendo muitas vezes responsável pelo sustento material da família.
O pai cristão deve se inspirar em São José, homem justo, trabalhador, que ensinou a Jesus o ofício de carpinteiro e, com certeza, os preceitos da fé judaica. Os pais de hoje podem, a seu modo, ensinar aos filhos os preceitos da fé católica: batizando seus filhos, ensinando os mandamentos, o amor, o perdão, e cultivando a oração em família. A oração é o verdadeiro sustento do lar. Além disso, é essencial que pais passem tempo de qualidade com seus filhos, se divirtam com eles, conversem e partilhem a vida.
Os pais também podem se engajar nas pastorais da Igreja — como leitores, ministros da Sagrada Comunhão, pastoral familiar, entre outras. Assim, tornam-se exemplo para os filhos, que podem acompanhá-los desde pequenos e, no futuro, integrar os grupos de coroinhas, catequese, jovens ou liturgia.
Em outras palavras, o pai deve ser presente na vida dos filhos. É fundamental que a criança cresça em um lar estável, com espaço para o amor, o perdão, a partilha, a oração e a alegria. Mesmo diante das dificuldades, é papel dos pais ensinar os filhos a nunca perderem a esperança. E, quando houver brigas ou desentendimentos, que também haja espaço para o perdão e a reconciliação.
Algumas famílias vivem afastadas da Igreja e de Deus. Por isso, dirijo-me especialmente aos pais: não privem seus filhos da fé. Batizem-nos, conduzam-nos à vida de fé e não abandonem a Igreja. Dedicar tempo aos filhos é essencial. Muitos pais se envolvem tanto com o trabalho que acabam ausentes. Trabalhar é necessário, mas o excesso pode causar desgaste. No futuro, os filhos cobrarão essa ausência. Portanto, aproveitem o tempo com seus filhos, antes que seja tarde demais para recuperar os momentos perdidos.
Neste mês dedicado aos pais, façamos uma reflexão sobre o tempo e a atenção que damos às nossas famílias. Que todas as famílias sejam sinais da presença de Deus e busquem com perseverança os sacramentos. Que o respeito e o amor superem as desavenças, e que em cada lar haja espaço para o perdão, a reconciliação e a oração.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ