A Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro celebrou o Dia do Padre, por ocasião da memória litúrgica de São João Maria Vianney, o Cura d’Ars, em solene missa presidida pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, na Igreja da Irmandade de São Pedro, no Rio Comprido.
Com a presença dos bispos auxiliares e sacerdotes, o arcebispo destacou a vocação sacerdotal, a importância das instituições de apoio ao clero e o chamado à perseverança e ao olhar para o futuro. Agradeceu a Deus pela Venerável Irmandade de São Pedro, que acolhe e assiste os sacerdotes, e pela Casa do Padre Cardeal Câmara, que completa 85 anos de serviço, acolhendo padres idosos e enfermos.
A celebração marcou a incorporação de novos membros à irmandade, reforçando a continuidade e a vitalidade da fraternidade presbiteral na arquidiocese.
Na homilia, Dom Orani exortou os sacerdotes a manterem um olhar de esperança. “Que possamos sempre olhar para a frente, para a missão que nos é dada, e que o Senhor nos dê força para vencer a tentação de desanimar e querer voltar ao passado”, afirmou, ressaltando a importância de uma atitude proativa no Ano da Esperança Jubilar.
Inspirado na figura de São João Maria Vianney, patrono dos sacerdotes, o arcebispo lembrou a dedicação do Cura d’Ars, que transformou uma aldeia “totalmente alheia à fé” em um “centro luminoso de evangelização”. A vida de São João Maria Vianney, consumida no serviço de Deus, penitência, oração e atendimento aos fiéis, serve de grande exemplo para os sacerdotes de hoje, que enfrentam “situações muito diversas e diversificadas”.
Dom Orani enfatizou que a celebração é uma oportunidade para reconhecer o serviço dedicado do clero: “Agradecemos a Deus por tantos sacerdotes no passado e no presente que consomem as suas vidas para cuidar e saciar a fome do povo com o pão da vida, que é Jesus Cristo”. Ele destacou que os sacerdotes, mesmo com suas fragilidades, são chamados a se colocar nas mãos do Senhor para partilhar a vida e a esperança com generosidade.
Coração da Igreja
O bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Roque Costa Souza, referencial da Pastoral Presbiteral, destacou a importância do cuidado com os sacerdotes e da unidade no presbitério, durante mensagem que exaltou o papel da Casa do Padre e a missão de comunhão na Igreja.
“Agradecemos à Casa do Padre e também às Irmãs do Bom Conselho, que prestam um belo serviço aos nossos sacerdotes, com muitas renúncias pessoais”, afirmou, reconhecendo ainda a generosidade de padres, comunidades e benfeitores que ajudam a manter a instituição, que há 85 anos funciona como espaço de acolhimento e cuidado.
Para Dom Roque, a Casa do Padre “é o coração da Igreja” e sua missão está em sintonia com a preocupação expressa por papas, como Leão XIV, com o cuidado do clero. Ele lembrou que a Pastoral Presbiteral, formada por representantes de cada vicariato, se reúne com o coordenador, cônego José Rosa, e membros da Irmandade de São Pedro, do Seminário São José e da pastoral regional.
O bispo ressaltou que o maior desafio é a formação permanente — intelectual, espiritual, psíquica e física. “Não cabe apenas à coordenação esse esforço: cada presbítero é chamado a viver esse serviço pastoral olhando para o irmão.”
Segundo ele, a organização em vicariatos e foranias favorece a proximidade, mas exige oração e acolhimento mútuo. “Sem comunhão, que nasce do próprio coração de Jesus, não conseguimos avançar. Precisamos cuidar do rebanho e de nós mesmos.”
Dom Roque incentivou a participação nos encontros promovidos pela pastoral, sobretudo nos retiros espirituais, que “não são apenas obrigação formal, mas necessidade profunda da vocação”. Recordou que “Jesus nos conhece pelo nome” e que o chamado recebido é para conduzir um rebanho que pertence a Ele.
“Traçamos planos pastorais não para cada um viver isolado, mas para fortalecer a unidade da Igreja. Apesar das diferenças e realidades próprias de cada região, é fundamental preservar a comunhão”, concluiu.
Gratidão a Deus
O provedor da Venerável Irmandade do Príncipe dos Apóstolos São Pedro, cônego Valtemário Silva Frazão Junior, que também é diretor da Casa do Padre e presidente da Insigne Colegiada de São Pedro, destacou a importância do Dia do Padre como momento de renovação espiritual, comunhão e gratidão a Deus pelo chamado sacerdotal.
“Hoje faz-se cumprir o estatuto de nossa Irmandade, que determina que no dia do Santo Cura D’Ars, os irmãos se reúnam em sua Igreja sede em torno do arcebispo metropolitano para a celebração da Eucaristia”, afirmou, ressaltando que a data é ocasião para agradecer a Deus pelo chamado recebido, mesmo sem plena consciência, no início da caminhada, de suas exigências e compromissos.
Segundo o cônego Valtemário, o Senhor chama para, apesar das limitações humanas, prolongar Sua presença e ação salvífica no mundo, refletindo a bondade de Jesus e dando a vida pelo Reino, mesmo diante das resistências internas e externas. “Nós também encontramos muitas oposições ao nosso ministério… muitas vêm de nós mesmos, do desânimo e da falta de entusiasmo.”
O cônego Valtemário alertou para o cansaço como um dos maiores inimigos do sacerdócio, lembrando que até o Papa Leão XIV manifestou preocupação com esse desgaste silencioso. “Essa falta de entusiasmo é um verdadeiro câncer que devora nossa vocação e nos faz perder a capacidade de nos encantar com a ação salvífica do Senhor.”
Com espírito de esperança, pediu que Deus renove diariamente o ânimo e o coração pastoral dos sacerdotes. Finalizou agradecendo a Deus pelos 85 anos da Casa do Padre Cardeal Câmara, que acolhe presbíteros idosos e enfermos. “Dom Orani, muito obrigado pelo cuidado com a Casa do Padre. Agradecemos também às Irmãs do Bom Conselho e a todos os benfeitores que ajudam a manter este espaço de acolhimento e cuidado.”
Carlos Moioli e Rita Vasconcelos
