São Tarcísio e o ministério dos coroinhas

Em algumas comunidades, celebra-se no dia 15 de agosto a memória litúrgica de São Tarcísio, patrono dos coroinhas e servidores do altar. Em alguns lugares, neste dia, é celebrada a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, que no Brasil é transferida normalmente para o domingo. Aqui, em nossa Arquidiocese do Rio de Janeiro, celebramos o dia da Dedicação de nossa Catedral de São Sebastião, festa em nossa circunscrição eclesiástica e solenidade no templo.

Os coroinhas e servidores do altar são chamados a seguir o exemplo de São Tarcísio e amar a Cristo e a Igreja. O ministério dos coroinhas e acólitos deve ser levado a sério e deve servir ao ministério com amor e responsabilidade. Tivemos, no sábado de manhã, a peregrinação arquidiocesana dos coroinhas na Catedral Metropolitana, com missa e procissão.

Estamos num mês especial para a Igreja, que é o mês vocacional, em que cada semana recordamos uma vocação específica. No primeiro domingo, recordamos a vocação ao ministério ordenado por conta do Dia do Padre, que celebramos dia 4, e do diácono, no dia 10. No segundo domingo, celebramos o Dia dos Pais e o início da Semana Nacional da Família. No terceiro domingo, no Brasil, Assunção de Nossa Senhora, recordamos a vocação à vida consagrada e religiosa.

O dia de Nossa Senhora da Assunção, que é dia 15 de agosto, junto com São Tarcísio, a Igreja no Brasil transfere para o domingo seguinte. No quarto domingo do mês, recordamos a vocação aos diversos ministérios e serviços nas comunidades e, por fim, no último domingo — ou no quinto domingo, quando há — a vocação ao ministério de catequistas.

Todo esse contexto explica que o ministério dos coroinhas e servidores do altar também entra no contexto do mês vocacional. Do mesmo modo que a cada semana celebramos uma vocação, de igual forma celebramos e rendemos graças a Deus pelo ministério dos coroinhas, cerimoniários, servidores do altar ou acólitos, celebrando o seu patrono, São Tarcísio.

Assim como as outras vocações, o ministério dos coroinhas e servidores do altar é um chamado de Deus; todos aqueles que fazem parte desse ministério disseram o seu “sim” a Deus. E, do mesmo modo que nas outras vocações, é preciso reafirmar esse “sim” todos os dias.

Por isso, antes de ser coroinha e servidor do altar, é preciso primeiro ouvir o chamado de Deus, depois, através da oração, responder com o “sim”, procurar o pároco da paróquia e manifestar a vontade de ser coroinha, participar dos encontros de preparação e servir ao Senhor mais de perto.

O ministério dos coroinhas e acólitos é muito importante na Igreja, pois, por meio desse serviço prestado a Deus, podem brotar outras vocações: para o ministério ordenado, para a vida religiosa e consagrada, e até mesmo bons pais de família e catequistas. Através do ministério dos coroinhas e dos acólitos está o futuro da Igreja e, ainda, um coroinha pode convidar outro colega ou alguém da família para fazer parte do ministério, para que ele possa ter continuidade. É um belo trabalho de evangelização de crianças, adolescentes e jovens.

É importante que todas as paróquias tenham a pastoral dos coroinhas e acólitos. É bonito ver crianças e jovens engajados na Igreja. Que todos os presbíteros se abram ao novo e vejam quão importante é essa pastoral para crianças e jovens. Muitos tiveram o despertar vocacional sendo coroinhas ou cerimoniários, como foi o meu caso e o de tantos outros, inclusive do Papa Leão XIV. Se na sua paróquia ainda não há coroinhas e acólitos, reúna um grupo interessado e converse com o pároco para que essa pastoral possa ser implementada.

Muitos grupos de coroinhas e acólitos nas diversas paróquias têm o nome e a proteção de São Tarcísio, como aqui em nossa Arquidiocese. Que ele seja fonte de inspiração para todos os coroinhas e acólitos e que carreguem em seu coração o mesmo desejo de amor a Deus e à Eucaristia, a exemplo de São Tarcísio. Por isso, celebremos com alegria o dia de São Tarcísio e agradeçamos a sua proteção por todos os coroinhas e cerimoniários.

Em algumas paróquias, inclusive, os novos coroinhas são investidos no dia dele, ou próximo à data. Os coroinhas, cerimoniários e acólitos devem guardar a fé e ter amor pela Igreja, do mesmo modo que São Tarcísio. Devem cuidar para seguir retamente no caminho de Deus, zelar por suas vestimentas e ter um comportamento adequado na Igreja e fora dela.

São Tarcísio foi um mártir da Igreja dos primeiros séculos da era cristã. Como já foi dito, ele morreu defendendo a fé em Cristo e na Igreja, do mesmo modo que muitos mártires dos primeiros séculos da era cristã. Tarcísio ainda era um jovem cristão, o que revoltava algumas pessoas. Ele foi vítima da perseguição do Império Romano, mediada pelo imperador Valeriano.

Celebremos com alegria a memória litúrgica de São Tarcísio e rezemos por todos os coroinhas e servidores do altar. Que as crianças e jovens tenham no coração o mesmo amor e respeito que São Tarcísio tinha pelas coisas de Deus. Que a Virgem da Assunção ilumine todos os servidores do altar, nesse dia também dedicado a ela, e que respondam com o “sim” ao chamado de Deus.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

 

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