A Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro detém a responsabilidade sobre o Santuário Cristo Redentor, sendo a única autoridade institucional legitimamente constituída para se manifestar sobre o uso, gestão e preservação do mesmo.
Recentemente, Advocacia-Geral da União (AGU) publicou, em seu site oficial, uma nota afirmando que a Área do Alto Corcovado permanece sob gestão federal. A forma como o comunicado foi redigido gerou interpretações equivocadas, levando ao questionamento se o Cristo Redentor ainda estaria sob a responsabilidade da Igreja.
Foi a Igreja quem idealizou, mobilizou recursos e construiu o monumento ao Cristo Redentor. E, desde a sua inauguração, é também a Igreja que mantém viva a presença religiosa no Alto Corcovado – cuidando não apenas do monumento, mas também das celebrações e atividades pastorais que acontecem todos os dias.
Uma história de fé que virou símbolo do Brasil
O Cristo Redentor nasceu da fé e da generosidade dos brasileiros. Projetado pelo engenheiro Heitor da Silva Costa e inaugurado em 1931, o monumento de 30 metros (38 m com pedestal) domina o Corcovado e simboliza acolhimento, paz e esperança. Ele não foi presente da França; as doações vieram dos fiéis, e a mão de obra foi brasileira. Durante quase um século, o Cristo se tornou um ícone mundial e Patrimônio Mundial da UNESCO.
Um aspecto marcante da construção é que não houve nenhum acidente grave registrado durante as obras, fato considerado quase um milagre dadas as condições desafiadoras – operários trabalhavam suspensos em altos andaimes, sujeitos a ventos fortes na montanha. Ao longo de quase 100 anos desde sua inauguração, o monumento passou por diversos trabalhos de manutenção e restauro (notadamente em 1980, 1990, 2010 e 2021), mas nunca sofreu danos estruturais significativos ou incidentes que comprometessem sua integridade. Assim, o Cristo Redentor permanece de pé, imponente e seguro, testemunhando gerações e consagrando-se não só como símbolo religioso, mas também como um patrimônio cultural cuidadosamente preservado do Brasil.
O que é um Santuário a céu aberto
O Cristo Redentor, além de monumento turístico, ele é reconhecido oficialmente como o Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, o primeiro santuário a céu aberto do mundo. Isso significa que o topo do Morro do Corcovado não é apenas um mirante ou ponto turístico, mas um lugar de culto ativo, com celebrações religiosas diárias, administração eclesiástica própria e serviços pastorais oferecidos aos fiéis e visitantes.
No Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, turismo e devoção religiosa se encontram e se enriquecem — visitantes de todas as partes do mundo sobem ao Morro do Corcovado para admirar a vista e a grandeza do monumento, mas são naturalmente convidados à reflexão e à oração ao se depararem com a imagem do Cristo de braços abertos.
Peregrinos também se dirigem regularmente ao Cristo Redentor movidos pela fé, seja para cumprir promessas, agradecer graças alcançadas ou simplesmente vivenciar a espiritualidade do local. Na Capela Nossa Senhora Aparecida, aos pés do monumento, todos os dias são celebradas Missas e Batismos. Cada vez mais as pessoas procuram o Santuário para realizar o Matrimônio.
Também há no Santuário um espaço dedicado à Adoração ao Santíssimo Sacramento. A Capela Laudato Si’, que tem a origem do seu nome na Carta Encíclica Laudato Si’, escrita pelo Papa Francisco, recebe todos os dias grupos de peregrinos para missas e vigílias, cumprindo a missão de integrar a fé, o meio ambiente e a sociedade e mostrando a importância da tríplice relação entre Deus, a natureza e os seres humanos.
O Cristo Redentor é um local onde fé, cultura e serviço se entrelaçam: conserva-se a sacralidade e a devoção dos fiéis, enquanto se acolhe toda a riqueza cultural e o fluxo de pessoas que ali acorrem, transformando-o num espaço de encontro e esperança para todos.
Por outro lado, o Santuário não é responsável por atividades comerciais ou operacionais ligadas à visitação turística. A venda de ingressos, a operação do trem do Corcovado e do sistema de vans, bem como a gestão logística de transporte e acesso, são de responsabilidade de concessionárias contratadas e fiscalizadas pelo ICMBio, gestor do Parque Nacional da Tijuca. Em meio ao espaço religioso, existe uma estrutura de exploração turística organizada por esses operadores e pelo poder público, totalmente distinta da atuação da Igreja. Assim, é importante compreender que, enquanto o Santuário zela pelo cuidado espiritual e litúrgico do local, toda a parte de transporte, bilheteria e serviços turísticos é alheia à sua gestão.
Ações sociais e impacto econômico
O Cristo “desce a montanha” e vai ao encontro da população todos os dias por meio do Consórcio Cristo Sustentável (Santuário Cristo Redentor, Instituto Redemptor e Obra Social Leste 1 – O Sol). A Ação de Amor do Cristo Redentor promove mutirões de saúde e cidadania; a Campanha do Agasalho arrecadou 15 toneladas de roupas no inverno; e as projeções solidárias iluminam o monumento com mensagens de saúde e direitos humanos. São diversas iniciativas voltadas para desde mulheres em situação de vulnerabilidade até pessoas em situação de rua.
Do ponto de vista econômico, cada visita gera renda: um estudo da FGV, encomendado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro, mostrou que 1,9 milhão de turistas movimentaram R$ 1,46 bilhão/ano, sustentando cerca de 21 mil empregos e fortalecendo o turismo.
Debate político e liberdade de culto
O Santuário Cristo Redentor está situado no alto do Morro do Corcovado, dentro dos limites do Parque Nacional da Tijuca, administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Há, contudo, uma disputa quanto à abrangência dessa administração: o ICMBio sustenta que toda a área onde se encontra o Santuário integra a unidade de conservação sob sua gestão, cabendo à Igreja apenas a responsabilidade pela estátua do Cristo Redentor — posição que, na prática, desconsidera a presença histórica e institucional da Igreja Católica no local.
As controvérsias, porém, não se limitam ao campo físico ou à posse do espaço. No plano imaterial, a própria liberdade de culto já foi alvo de questionamentos por parte do poder público. Na Semana Santa de 2025, a Secretaria de Estado de Defesa do Consumidor, por meio do Procon-RJ, tentou impedir a realização de missas no Santuário, alegando existir relação de consumo entre os fiéis presentes e a Igreja. A medida, que na prática equiparava a celebração litúrgica a um serviço comercial, foi prontamente contestada e declarada ilegal pela Justiça, que reafirmou a natureza exclusivamente religiosa das atividades ali desenvolvidas e a proteção constitucional à liberdade de culto.
Atento a esses litígios, o Congresso Nacional apresentou dois projetos de lei com o objetivo de redefinir a gestão do Alto Corcovado onde está o Santuário Cristo Redentor. Mais do que criar um novo direito, essas propostas têm natureza declaratória: buscam reconhecer oficialmente um fato histórico e incontestável — a presença da Igreja Católica no local há quase um século. Um deles, o PL nº 3.490/2024, em tramitação no Senado, propõe a retirada da área edificada do Alto Corcovado dos limites do Parque Nacional da Tijuca, transferindo sua gestão à Arquidiocese do Rio de Janeiro. O outro, o PL nº 3.208/2024, de iniciativa da Câmara dos Deputados, prevê a transferência da área e das edificações que compõem o entorno do Cristo Redentor — do estacionamento ao platô — para a administração da Arquidiocese.
Apesar dos desafios e dos episódios de tensão institucional, a Arquidiocese do Rio de Janeiro mantém diálogo aberto com todos os órgãos e entidades envolvidos, buscando sempre soluções cooperativas que conciliem a preservação ambiental, o respeito à fé e a gestão harmoniosa do mais importante símbolo do Brasil.
Braços abertos para todos
Sendo o Cristo Redentor um Santuário ativo, os fiéis têm diversas formas de participar da vida religiosa no local. Uma das maneiras mais especiais é através das Peregrinações organizadas. Grupos de paróquias, escolas católicas, movimentos pastorais e comunidades podem agendar Peregrinações ao Santuário Cristo Redentor. Nesses casos, o Santuário oferece apoio logístico e espiritual demonstrando a preocupação em facilitar o acesso dos peregrinos ao Cristo, diferenciando-os do visitante turístico . Para organizar uma Peregrinação, basta entrar em contato com a Secretaria do Santuário – há um canal oficial de agendamento online no site do Santuário Cristo Redentor, além de atendimento telefônico.
https://www.santuariocristoredentor.com.br/solicitacoes-cerimoniais/peregrinacao
WhatsApp: (21) 99551-9220 / Tel: (21) 2038-0516
Outra forma de vivenciar a fé no Cristo Redentor é participando dos sacramentos celebrados lá. O Santuário mantém uma programação regular de Missas diárias às 11h e 15h. Também há disponibilidade para os fiéis receberem o sacramento da Penitência (Confissão) no local. Além disso, é possível celebrar Batizados e Matrimônios no alto do Corcovado.
O Santuário Cristo Redentor foi oficialmente designado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro como “Igreja Jubilar”. Isso significa que durante o Jubileu de 2025, proclamado pelo Papa Francisco como Ano Santo da Esperança, o Cristo Redentor é um dos locais de Peregrinação privilegiados onde os fiéis podem alcançar a Indulgência Plenária. Diariamente, antes de o parque abrir oficialmente, a equipe do Santuário realiza um ritual matinal de acolhida jubilar – com orações em vários idiomas, aspersão de água benta nos primeiros visitantes e o toque do sino – abrindo simbolicamente o dia com bênçãos.