Casamento comunitário na Catedral une 231 casais em celebração assistida por Dom Orani

No dia 20 de setembro, a Catedral Metropolitana de São Sebastião, no Centro do Rio, realizou mais uma edição do casamento comunitário, que reuniu 231 casais. A celebração aconteceu dentro do Ano Santo do Jubileu da Esperança e foi presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, contando com a presença do bispo auxiliar emérito, Dom Antonio Augusto Dias Duarte, do pároco, cônego Claudio dos Santos, e de diversos sacerdotes e diáconos.

O pároco da Catedral, cônego Cláudio dos Santos, destacou a importância do momento para a vida dos fiéis. “Mais uma vez, foi realizado em nossa Catedral casamento comunitário. Um momento, com certeza, de alegria, ainda mais nesse Jubileu da Esperança, porque fazemos acontecer em tantos corações o desejo de realizar no Sacramento do Matrimônio essa rica oportunidade.”

A iniciativa é fruto da parceria da Catedral por meio da Pastoral Familiar, e do Tribunal de Justiça. Antes da celebração religiosa, os casais participaram da cerimônia civil. “Nessa parceria, tiveram a oportunidade do casamento civil e na celebração presidida pelo nosso arcebispo, 231 casais receberam a graça do sacramento”, explicou o pároco.

O evento reuniu familiares e amigos em clima de festa e espiritualidade, evidenciando a dimensão comunitária do matrimônio. “Foi um momento em que muitos padres também se fizeram presentes, juntamente com Dom Antonio Augusto, para que essa alegria aconteça no coração e na vida de todos os casais que, neste ano de 2025, se apresentaram para receber o sacramento”, disse o cônego Cláudio.

A Catedral, que neste Jubileu da Esperança vem promovendo diversas atividades pastorais e de evangelização, se torna mais uma vez espaço de proximidade com Deus e de testemunho de fé. “A nossa Catedral torna-se, mais uma vez, ocasião para manifestar ainda mais essa proximidade com Deus, em que esses casais, que assim receberam o sacramento, agora se voltam para suas paróquias e comunidades”, afirmou.

Cônego Cláudio ressaltou ainda o chamado à vivência plena da vida matrimonial no seio da Igreja. “Como disse o nosso arcebispo, eles são convidados a estarem inseridos, participando, vivendo de fato esse encontro com o Senhor que os chamou a essa graça da vocação matrimonial”, concluiu.

 

Valor do Sacramento do Matrimônio

Durante a celebração do casamento comunitário na Catedral de São Sebastião, no Centro, o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, ressaltou a importância do matrimônio como sinal da união de Cristo com a Igreja. “O sacramento significa a união de Cristo com a Igreja e concede aos esposos a graça de amarem-se com o mesmo amor com que Cristo amou sua Igreja”, afirmou.

Dom Orani destacou que a graça sacramental “leva à perfeição o amor humano dos esposos, consolida sua unidade indissolúvel e os santifica no caminho da vida eterna”.

Entre os casais que participaram da celebração, o arcebispo recebeu o consentimento matrimonial de Lucas Pedro de Alcântara Esteves e Talita Cardoso Santana, paroquianos da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Cachambi. Outro momento marcante foi o registro do termo de casamento do casal Sílvio Olivero, de 88 anos, e Rita de Cássia Pacheco Martins Olivero, de 91 anos, que vivem em união civil há 52 anos e são paroquianos da Catedral.

Após as leituras bíblicas, Dom Orani comentou a entrada dos casais, que levou cerca de meia hora. O arcebispo disse ter se emocionado ao observar os gestos de devoção durante a procissão. “Alguns faziam o sinal da cruz, outros reverenciavam o altar. Esses gestos de piedade revelam a fé e a devoção daqueles que se reuniram para celebrar o amor de Deus em suas vidas”, destacou.

Com acolhimento e proximidade, Dom Orani ainda pediu que os casais compartilhassem gestos de fraternidade ao final da celebração. “Mesmo que estivessem longe de seus familiares, ao final dessem um abraço em todos, para que sentissem o calor do abraço da família”, disse.

 

Apoio de parcerias

Nesta edição, casamento comunitário uniu 231 casais em celebração religiosa. Segundo os coordenadores da Pastoral Familiar da Catedral, Paulo César de Castro Lima e Suely da Silva Coelho Lima, responsáveis pelo Setor Pré-Matrimonial, foram registradas 250 inscrições. As desistências, segundo eles, ocorreram por problemas de documentação.

A celebração contou com o envolvimento direto dos agentes da Pastoral Familiar, funcionários da Catedral e voluntários. O Coral Madrigal Cruz Lopes, sob a regência do maestro José Machado Neto, foi responsável pela parte musical da cerimônia. Entre as instituições parceiras estiveram o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o SENAC e um grupo de fotógrafos que acompanharam o evento.

Antes do matrimônio religioso, os casais participaram do casamento civil, realizado no dia 23 de agosto, também na Catedral. A cerimônia foi conduzida por 11 juízes, com o apoio de funcionários do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

De acordo com os organizadores, Paulo César e Suely Lima o processo do casamento comunitário integra simultaneamente as etapas civil e religiosa. “Todos os documentos são entregues em duas cópias, uma para o civil e outra para o religioso. Inserimos todos os dados dos noivos na planilha do Tribunal de Justiça e enviamos as cópias necessárias”, explicaram.

A Pastoral Familiar já prepara as próximas atividades. Para o próximo ano, os casais que participaram desta edição serão convidados para um encontro de recém-casados, promovido pelo Setor Pós-Matrimonial da Catedral, com o objetivo de acompanhar e fortalecer a caminhada na vida conjugal.

 

Aumento na procura pelo matrimônio religioso

A coordenadora da Pastoral Familiar da Catedral Metropolitana, Suely da Silva Coelho Lima, destacou que a busca pelo sacramento do matrimônio tem crescido de forma significativa nos últimos anos.

A grande parte dos casais que procuram o matrimônio está vinculada à vida paroquial e participa de processos de iniciação cristã. “Muitos casais vêm de paróquias e procuram o Sacramento do Matrimônio por exigência para receber o Sacramento do Crisma. Muitos deles estão no processo de catecumenato. Então isso é muito gratificante. São casais atuantes dentro das paróquias.”

Suely Lima ressaltou ainda a mensagem de incentivo do arcebispo, Dom Orani, ao final da celebração. “Dom Orani falou da importância de os casais voltarem para as suas paróquias, servirem e entrarem no serviço pastoral. Achei muito interessante esse envio”, destacou.

O perfil dos participantes, de acordo com a coordenadora, é bastante diversificado, abrangendo desde jovens até idosos que retornam à prática religiosa. “Temos os casais que vêm com muita idade e voltam para a Igreja por meio de encontros. Este ano, por exemplo, tivemos um casais na faixa de 40 a 80 anos e vários casais jovens. Essa diversidade enriquece muito o sacramento do matrimônio.”

Além disso, houve experiências marcantes de integração familiar. “Tivemos casais em que os filhos trazem os pais para receber o sacramento do matrimônio. Também tivemos o caso de uma nora que trouxe os sogros para casar. É bonito ver como esse trabalho toca as famílias”, relatou.

A coordenadora Suely Lima explicou que a preparação e a organização da cerimônia vão além da parte religiosa, abrangendo também o cuidado com detalhes práticos. “Ajuda em tudo: emprestamos ternos, vestidos de noiva, véus e grinaldas. O padre Stanley sempre prepara buquês de flores. Procuramos fazer esse momento da celebração o mais lindo possível, para que os noivos se sintam gratificados.”

Apesar das demandas e da intensidade do trabalho, Suely reforça a recompensa espiritual da missão. “É realmente muito trabalho, muito serviço, mas é gratificante. Além do fator da religiosidade, os casais ficam muito agradecidos. É um trabalho muito bonito, que enche o coração.”

 

Alegria e compromisso

A celebração do casamento comunitário realizado na Catedral foi marcada pela emoção e pela fé. A celebração foi acompanhada por familiares e amigos, que compartilharam a alegria da união sacramental.

O bispo auxiliar emérito, Dom Antonio Augusto Dias Duarte, ressaltou a vitalidade da Igreja ao promover momentos como este. “Foi uma tarde de muita alegria para 231 casais que se prepararam ao longo dos últimos meses para receber o sacramento do matrimônio. Filhos, netos, familiares e amigos compartilharam dessa alegria”, afirmou.

Segundo ele, a diversidade dos casais reforça a presença da Igreja em todas as esferas da sociedade. “Pessoas jovens e adultas, mais ou menos idosas, receberam, depois de muitos ou poucos anos de união estável, o sacramento do matrimônio. Casais que, por razões diversas, já tinham apenas o casamento civil ou não possuíam nenhum dos dois sacramentos tiveram esse momento tão especial.”

Dom Antonio explicou que o matrimônio não pode ser reduzido a uma formalidade. “O sacramento do matrimônio, para a vida do casal e da família, é um compromisso que Deus assume com o casal, e que o casal assume entre si e com Deus, para viverem um amor sempre crescente, sempre jovem, pautado pela acolhida, pelo respeito e, sobretudo, pelo perdão.”

Para o bispo auxiliar, referencial da Pastoral Familiar na arquidiocese,  o importante é o sentido espiritual do casamento comunitário. “Quando um casal recebe o sacramento do matrimônio, seja porque se preparou desde o namoro, seja porque já vive há muitos anos junto, eles não querem apenas uma bênção, mas desejam uma graça: a graça de se amarem mais, de renovarem seu amor, de permanecerem fiéis aos compromissos assumidos.”

Para ele, a iniciativa representa um gesto de proximidade da Igreja com os fiéis. “É muito bonito ver como a Igreja acompanha de perto essas pessoas que não se arrependeram do amor, mas quiseram amadurecer e fazê-lo crescer, buscando essa fonte inesgotável que é o sacramento do matrimônio.”

Dom Antonio também destacou a parceria com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que garante a realização do casamento civil em conjunto com a cerimônia religiosa. “Essa iniciativa revela o que hoje é tão necessário: o diálogo entre as instituições. Nenhuma instituição pode resolver seus problemas de forma autônoma, esquecendo que Deus também atua através de outros caminhos.”

Por fim, o bispo ressaltou o testemunho dado pelas entidades envolvidas. “A Igreja, com seus padres e diáconos, e o Tribunal de Justiça, com seus responsáveis, dão um exemplo maravilhoso. No mundo moderno, dialogando com respeito e observando as regras institucionais, ensinam que sempre há tempo de voltar-se para Deus e ser portadores de direitos diante da sociedade civil. Deus abençoe a todos.”

 

Carlos Moioli

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