Recebi com grande alegria a notícia da nomeação do Santo Padre o Papa Leão XIV de Sua Excelência Reverendíssima Dom Paulo Alves Romão, até o presente momento nosso bispo auxiliar de nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, para ser o novo bispo da Diocese de Paranaguá, no estado do Paraná. Esta decisão é motivo de júbilo para nós, que pudemos contar com sua presença discreta, firme e missionária em nossa Arquidiocese, e também para todo o povo de Deus de Paranaguá, que receberá um pastor zeloso e cheio de amor pela Igreja.
Dom Paulo nasceu em Barra do Jacaré, Paraná, no dia 06 de abril de 1964. Formado em Filosofia na Faculdade Eclesiástica João Paulo II e de Teologia pelo Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro, foi ordenado presbítero em 28 de junho de 1997. Obteve ainda o grau de mestre e doutor em Teologia Sistemática pela PUC-Rio e no dia 07 de dezembro de 2016 foi designado pelo Papa Francisco como bispo auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro, tendo recebido a ordenação episcopal no dia 28 de janeiro de 2017 na Catedral Metropolitana de São Sebastião onde também havia se ordenado padre.
Dom Paulo Alves Romão sempre viveu a espiritualidade do Movimento “Comunhão e Libertação”. Eleito nosso bispo auxiliar escolheu como lema episcopal “Vivere Christus est”, viver é Cristo, e no seu brasão, juntamente com Nossa Senhora Rainha do céu e da terra, está o famoso esquema com as setas que Padre Giussani feito no quadro-negro (o senso religioso do homem e a resposta de Deus Com a Encarnação), juntamente com o monograma de Cristo: Chi Rho.
Durante os anos em que esteve conosco como bispo auxiliar, desde sua nomeação em 07 de dezembro de 2016 e consequente ordenação episcopal em 2017, Dom Paulo deixou marcas de fé, serviço e dedicação. Atuou com empenho nas diversas frentes pastorais que lhe foram confiadas, mostrando-se sempre um bispo próximo do povo, aberto à escuta, atento aos sinais dos tempos e profundamente enraizado na espiritualidade. Seu testemunho foi, de fato, a encarnação daquilo que o saudoso Papa Francisco nos ensinou: o bispo é chamado a estar diante do povo para indicar o caminho, no meio dele para sustentá-lo na esperança, e atrás dele para acompanhar os que caminham com mais lentidão.
Em nossa Arquidiocese Dom Paulo desempenhou as seguintes funções: Vigário Geral da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro; Bispo Referencial do Setor Juventude; Bispo Referencial do Setor Universidade; Bispo Referencial do Vicariato Episcopal Norte; Professor do Instituto Superior de Ciências Religiosas da Arquidiocese do Rio de Janeiro (ISCR); Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; Professor do Seminário Arquidiocesano de São José.
Ao refletirmos sobre esta nomeação, recordamos o que ensina a tradição da Igreja sobre o ministério episcopal. O Concílio Ecumênico Vaticano II, na Constituição Lumen Gentium, afirma que os bispos, pela sucessão apostólica, “são os pastores da Igreja, para que esta permaneça sempre, até a consumação dos séculos, firme e fiel à sua missão”. O Papa São Paulo VI, em seu discurso de abertura da segunda sessão do Concílio, recordava que “o bispo é o sinal visível de Cristo, Pastor eterno, no meio de seu povo”.
São João Paulo II, por sua vez, em sua exortação Pastores Gregis, destacou que o ministério do bispo é antes de tudo um serviço: “O bispo é chamado a testemunhar Cristo com sua vida e a conduzir o povo de Deus com coragem e fidelidade, anunciando a Palavra e vivendo-a em comunhão com toda a Igreja.” Esta é a chave de compreensão para a missão que Dom Paulo recebe agora: ser o guardião da fé, o mestre que ensina com autoridade, e o pastor que apascenta com amor.
A Diocese de Paranaguá, erigida em 1962 pelo Papa São João XXIII, tem uma rica história de fé e devoção. Situada no litoral paranaense, compreende cidades marcadas por uma religiosidade viva, com comunidades tradicionais, paróquias atuantes e uma forte presença popular. A devoção a Nossa Senhora do Rocio, padroeira do Paraná, cuja imagem remonta ao século XVII, é expressão dessa fé profundamente mariana e enraizada no coração do povo. O Santuário do Rocio, em Paranaguá, é lugar de peregrinação e oração, onde multidões se encontram todos os anos para pedir e agradecer à Mãe de Deus.
Dom Paulo Alves Romão será o 5º. Bispo Diocesano de Paranaguá. Os seus predecessores foram: Dom Bernardo José Nolker, CSsR – 1963-1989; Dom Alfredo Ernest Novak, CSsR – 1989- 2006; Dom João Alves dos Santos, O.F.M.Cap – 2006-2015; Dom Edmar Peron – 2015-2025. A Diocese contou com três Administradores Apostólicos: Dom Manoel da Silveira D Elboux; 1° Administrador Apostólico: 21/07/1962 a 06/07/1963; o segundo Dom Francisco Carlos Bach, em 2015 com o falecimento de Dom João; e o terceiro Dom Bruno Elizeu Versari que atualmente governa a Diocese.
Além disso, a Catedral de Nossa Senhora do Santíssimo Rosário, a mais antiga edificação católica do estado, é um marco da presença evangelizadora da Igreja naquela região. O povo de Paranaguá é marcado por sua fé simples e firme, que se expressa na liturgia, nas festas religiosas e no compromisso missionário de tantas lideranças leigas. É para este rebanho que o Senhor envia agora Dom Paulo como bispo e pastor.
Certamente, a missão que se abre diante de Dom Paulo é desafiadora e, ao mesmo tempo, cheia de esperanças. O bispo é chamado a ser sinal de unidade, promotor da comunhão e animador da vida missionária. Como ensinava Bento XVI, “o bispo não deve ser um administrador frio, mas um pastor apaixonado pelo Evangelho, que caminha com o rebanho e nunca deixa que se perca o ardor da fé”.
Dom Paulo já demonstrou entre nós, no Rio de Janeiro, a capacidade de proximidade e diálogo. Soube valorizar a diversidade de dons e carismas presentes em nossa Arquidiocese, incentivou a participação dos leigos, apoiou os movimentos, comunidades e pastorais, e sempre manteve a centralidade na Eucaristia e na Palavra de Deus. Estes são sinais claros de que ele exercerá bem o pastoreio em Paranaguá.
Vivemos tempos em que a Igreja se entende cada vez mais como sinodal e missionária. O bispo é chamado a ser “guardião da sinodalidade”, promovendo o caminhar juntos de toda a comunidade. A nomeação de Dom Paulo é um sinal de que a Igreja continua a confiar em pastores que sabem ouvir, discernir e conduzir em comunhão.
Na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, vimos de perto o quanto Dom Paulo foi um colaborador leal, um irmão no episcopado, um animador da vida eclesial. Agora, a Igreja que peregrina em Paranaguá poderá experimentar também sua generosidade e espírito de serviço.
Por tudo isso, quero, em nome de nossa Arquidiocese, felicitar Dom Paulo por sua nova missão e também felicitar a Diocese de Paranaguá, que recebe um pastor dedicado e cheio de zelo. Que o Espírito Santo o ilumine neste novo desafio, e que Nossa Senhora do Rocio, padroeira do Paraná, interceda para que seu ministério seja fecundo em graças.
Concluo com as palavras do Papa Francisco na Evangelii Gaudium: “Um pastor deve ter o cheiro das ovelhas e sorrir como quem ama seu povo.” Estou certo de que Dom Paulo levará consigo este estilo de pastorado: próximo, alegre, missionário e cheio de esperança.
Que esta nomeação fortaleça o testemunho de uma Igreja sinodal, que caminha unida, e missionária, que anuncia o Evangelho com alegria. Rezemos para que a Diocese de Paranaguá viva um tempo de renovação e esperança sob a condução de seu novo bispo.
Nossa Senhora do Rocio iluminai o pastoreio de Dom Paulo e, junto de Deus, rogai por nós!
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ