A Quaresma é um tempo especial de penitência e conversão, no qual procuramos refletir e rezar um pouco mais sobre alguns pontos que precisamos melhorar na nossa caminhada de fé. Confiando na misericórdia de Deus, fazemos pequenos gestos e ações, revelando o nosso desejo de aperfeiçoar a relação com Cristo, as pessoas e o meio ambiente.
A conversão ecológica é um processo que revela a grandeza do ser humano em poder colaborador com a obra do Criador, que colocou em nossas mãos a responsabilidade de administrar a casa comum de todos os seres viventes. Ao fazer a Aliança entre os seres humanos e todas as criaturas (Gn.9,9-16), Deus delegou a todos nós a missão de zelar e cuidar de sua obra, para a sua maior glória. Aprendemos do Evangelho de Jesus Cristo que a fidelidade em fazer coisas pequenas, que estão ao nosso alcance, nos habilita para realizar coisas maiores. Assim, a conversão ecológica começa pelas mudanças de coisas pequenas em nossa casa e comunidade, testemunhando o nosso compromisso com o planeta onde habitamos, que é a nossa casa comum.
Um primeiro momento de conversão consiste em abrir o nosso coração para os apelos que a Igreja tem feito em favor do meio ambiente, sobretudo nestes tempos de mudanças climáticas, que acarretam muitos problemas sociais e ambientais para todos, principalmente para comunidades e pessoas mais vulneráveis. Para ajudar na reflexão e oração, é importante ler o capítulo primeiro da Encíclica “Laudato Si’”, na qual o Papa Francisco nos mostra o que está acontecendo com a nossa casa comum.
Um segundo momento é tomar consciência do que acontece em nossa casa, bairro ou comunidade, no que se refere a algumas questões ambientais, como: reciclagem do lixo, plantio de árvore, consumo de água e energia, esgoto e água parada que geram doenças, qualidade dos alimentos que comemos, transporte, entre outras coisas. O que estamos fazendo para melhorar o nosso meio ambiente? O que podemos e devemos fazer para ajudar a mudar algumas coisas que estão erradas em nossa casa ou comunidade?
Um terceiro momento é dar testemunho através de ações concretas, como reciclar o lixo, não jogar o lixo nas calcadas, não deixar acumular água em copos, garrafas e pneus, cuidar bem das plantas e plantar mais árvores em nossas ruas para que tenhamos mais sombra e uma temperatura mais amena, não desperdiçar água tratada, manter o cuidado com os alimentos que comemos, evitando o desperdício, participar de campanhas educativas na comunidade e na paróquia, evitar maus tratos e comércio de animais, ajudar as pessoas mais pobres que recolhem lixo para sobreviver, participar de hortas comunitárias etc.. São através desses pequenos gestos e cuidados que mostramos o bem que fazemos para a melhoria socioambiental de nosso bairro e cidade.
Aproveitemos este tempo da Quaresma para refletir, rezar e fazer gestos concretos, pois colaborando com o nosso ambiente local, estaremos também ajudando a melhorar a nossa casa comum planetária.
Padre Josafá Carlos de Siqueira, SJ, vigário episcopal para o Meio Ambiente e Sustentabilidade
