Hoje nos debruçaremos sobre o volume vinte e um da coleção Cadernos do Concílio Vaticano II, que trata sobre a vida consagrada. A vida consagrada tem um lugar especial na Igreja e a Igreja agradece àqueles que por livre e espontânea vontade decidem entregar inteiramente suas vidas a Deus. A Igreja recorda e reza pela vida consagrada no terceiro Domingo do mês de agosto, que é o mês vocacional, mas celebra a doação dos consagrados no dia 2 de fevereiro, apresentação do Senhor e se une à vida contemplativa no dia da Festa da Apresentação de Nossa Senhora.
A vida consagrada é luz para a Igreja e é sinal da santidade da Igreja como é colocado no documento Conciliar Lumen Gentium. São os consagrados e consagradas que testemunham a alegria do evangelho pela sua vida e carisma e, além disso, contribuem com as paróquias como catequistas, na liturgia, acolhida, e, de acordo com o carisma, de modo especial na missão social da igreja. Os consagrados e consagradas pela vida comunitária é sinal de presença evangelizadora pela própria vida e consagração, mas também ajudam na celebração da Palavra e na visita aos enfermos. Muitos tem trabalhos educacionais, sociais, religiosos e presença nos lugares mais necessitados.
Nos últimos volumes tratamos sobre a estrutura hierárquica da Igreja, Papa, Bispos, padres e diáconos, e agora tratamos sobre a vida consagrada que não faz parte daquela estrutura hierárquica, mas que é de vital importância para a vida da Igreja.
O documento ressalta que a vida consagrada, a exemplo de qualquer outra vocação é um dom de Deus, ou seja, é Ele quem chama e espera uma resposta daquele foi chamado. A resposta ao chamado de Deus se dará em primeiro lugar por meio da oração e depois um acompanhamento com padre da paróquia e um diretor espiritual, para observar de perto a qual carisma que se adapta melhor e para qual congregação Deus chama.
Existem aquelas pessoas que decidem não ingressar em nenhuma congregação religiosa, mas optam por consagrar as suas vidas a Deus. Existem muitas formas de consagração, seja como eremitas diocesanos, seja como grupos que fazem novas experiências de missão e consagração. Deus chama e espera a resposta daquele que foi chamado. Aquele que responde com sim ao chamado de Deus, opta pelo estilo de vida que queira abraçar, ou a vida consagrada ou ingressando em alguma congregação.
Como fruto do Concílio Ecumênico Vaticano II, restaurada pelo Papa Paulo VI, ressurgiu a Ordem das Virgens consagradas cujos membros não constituem comunidade de vida, mas vivem no mundo, tendo consagrado sua virgindade a Cristo, para o testemunho e o serviço na sua respectiva diocese.
As consagradas e religiosas seguem o exemplo de Nossa Senhora, ou seja, discipulas e missionarias do Senhor. As consagradas e religiosas são, a exemplo de Nossa Senhora, aquelas que encorajam os outros membros da comunidade a continuarem a seguir o caminho com fé sem perder a esperança. As consagradas e religiosas devem nutrir dentro de si a mesma alegria que nutriu Nossa Senhora após o anjo ter anunciado que Ela seria a Mãe do Salvador. Nossa Senhora, após o anúncio do anjo sai às pressas, cheia do Espírito Santo e tomada de alegria transmitir a boa noticia a Isabel. O Espírito Santo que consagra os religiosos também deve tomá-los de alegria e coragem para sair ao encontro dos demais irmãos e anunciar a boa notícia do Reino.
As religiosas e consagrados devem estar sempre em comunhão com a Igreja, ou seja, onde estiverem, devem falar aquilo que a Igreja pensa e orienta. A doutrina que deve ser ensinada é a que nos vem do Evangelho de Jesus Cristo e do Catecismo da Igreja Católica.
Os consagrados devem ter a Eucaristia como alimento diário, a Eucaristia que dá forças para continuar a missão de servir a Deus e anunciar o Reino. Além de cultivarem uma vida constante de oração, esses dois pilares, Eucaristia e oração, devem estar sempre juntos, pois por meio de ambos é possível confirmar a cada dia a vocação, e o sim dado a Deus lá no início.
Os consagrados e religiosos são convidados a despojarem dos bens materiais e das coisas mundanas a abraçarem a missão. Além do mais não devem se apegar a alguma cidade, estado ou país, pois os religiosos devem estar abertos para conhecerem outros povos e culturas. Os religiosos e consagradas seguindo o exemplo do mestre Jesus muitas vezes não tem um lugar para reclinar a cabeça.
Diante de um mundo com muitas transformações, é necessário se adaptar a ele para conseguir uma evangelização efetiva. Pode-se usar as ferramentas que o mundo de hoje apresenta, ou seja, evangelizar por meio da televisão, rádio e redes sociais. É necessário se adaptar à linguagem que os jovens utilizam hoje, logicamente sempre com prudência. Está cada vez mais difícil falar de Jesus Cristo nos dias de hoje, mas com perseverança e usando os meios oferecidos, é possível aproximar as pessoas de Jesus, sobretudo os jovens.
Convido a tomarem o volume 21 desta Coleção Cadernos do Concílio e lerem aquilo que a Igreja fala sobre a vida consagrada. Convido também a tomarem a Constituição Dogmática Lumen Gentium (n° 30) e ler o que se fala sobre a vida consagrada. Convido também a tomarem a Exortação Apostólica “Vita Consecrata”, do Papa São João Paulo II que com base no que foi discutido no Concílio Vaticano II, o Papa São João Paulo II explicita mais sobre a importância da vida consagrada para a Igreja.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)