Ano Novo inicia com encontro fraterno entre religiões

Um encontro fraterno entre representantes de diversas religiões, por ocasião do início do Ano Novo, foi realizado no Palácio Episcopal São Joaquim, na Glória, recepcionado pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, no dia 3 de janeiro.

Os religiosos fazem parte do grupo Diálogo e Paz, criado por Dom Orani no início de 2020, integrado por católicos romanos, católicos do rito grego- -melquita, evangélicos, judeus, mulçumanos, representantes de matrizes africanas, entre elas, o Candomblé e Umbanda. Ainda, membros do grupo dos Juristas Inter-religiosos. 

Da Comissão Arquidiocesana de Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso estavam o bispo referencial, Dom Roque Costa Souza, o coordenador, padre Fábio Luiz de Souza, e o secretário, diácono Nelson Águia. Também presente a coordenadora do Instituto Expo- -Religião, Luzia Lacerda, que promove a cultura do diálogo entre credos religiosos.

“O grupo Diálogo e Paz, composto por diversas religiões, foi criado no início de 2020, e quando chegou a pandemia, começamos a nos reunir de forma on-line, sob a presidência de Dom Orani. Passados dois anos e com a vacinação completa, foi possível nos encontrar para um momento fraterno, saudável e proveitoso. O encontro foi desejado e promovido pelo nosso arcebispo, que exerce o ministério para que ‘todos sejam um’, conforme seu lema episcopal”, disse o diácono Nelson Águia. 

 

Caminhar juntos

Para o babalorixá Márcio de Jagun, do Candomblé, “o grupo Diálogo e Paz, criado pelo queridíssimo Dom Orani, é um oásis em meio a uma sociedade rude e violenta, que nos dá abrigo, esperança e que nos ajuda a refazer as expectativas da saúde. Um oásis que nos prepara para continuar a viagem – não para nos esconder das agruras –, mas para percorrer os nossos destinos”. Para ele, é muito bonito o “exercício de caminhar juntos e de confraternizar”

“Depois de dois anos de trabalho a distância, foi muito bom nos encontrarmos, rirmos juntos, nos congraçarmos e nos confraternizarmos. Foi um encontro refazedor de muitas esperanças e, sobretudo, de muitas certezas. A certeza que nossos passos são firmes, que nossos propósitos pela unidade são verdadeiros, abençoados de forma plural pela fé e religiosidade que a própria diversidade nos oferece. Uma diversidade que nos une, na qual o respeito é praticado de forma efetiva por nós”, disse o babalorixá Márcio de Jagun.

 

Abraçar e trocar ideias

Segundo o diretor de relações inter-religiosas da Federação Israelita do Rio de Janeiro, Paulo Maltz, o congraçamento de início de ano foi a primeira oportunidade, após dois anos de pandemia, das pessoas se encontrarem presencialmente e de se abraçarem. 

“Foi um momento muito bonito porque pude conhecer algumas pessoas que fazem parte do grupo Diálogo e Paz e não tinha visto pessoalmente. O encontro foi o ápice desses anos, quando foi possível nos abraçar e trocar ideias pessoais sobre como continuar nossas ações, que vão acontecer, independente da pandemia. Agradeço a Dom Orani, ele que participou de todas as reuniões, sem exceção, que segura o leme deste grupo. É memorável a força que ele dá a todos e a fé e a coragem que ele transmite para que nós possamos continuar nos encontrando e buscando o objetivo comum”, disse Paulo Maltz.

 

Atmosfera de diálogo e paz

“A gratidão profunda por estar presente num evento tão significativo foi aprofundada ao experimentar o sincero e profundo respeito entre os representantes de religiões tão diversas”, disse o fundador e presidente da Igreja Ministério Betesda, em Niterói (RJ), pastor Silas Esteves.

“Na minha percepção, vejo que respeitarmos o sagrado e a fé do próximo abre um caminho a ser seguido por diferentes setores da nossa sociedade. A nossa civilização está enferma pelas radicalizações, polarizações e preconceitos, mas ao sermos acolhidos pelo Cardeal Dom Orani com coração tão aberto, pudemos experimentar o que considero um passo vital de cura para esses tempos de tanta divisão e dor — o respeito mútuo possibilita uma atmosfera de diálogo e paz entre religiões tão diferentes”, destacou. 

“Como pastor evangélico – disse o fundador e presidente da Igreja Ministério Betesda – reputo de suma importância o abandono dos muros, dos preconceitos e intolerâncias, para que corações abertos se encontrem num clima de respeito e acolhimento do diferente”. 

“Nesses dois anos que caminhamos juntos nessa trajetória de diálogo e paz entre as religiões, tenho sido abençoado por Deus, por encontrar um abraço sincero e um diálogo aberto que exala respeito e encorajamento à fé que cada uma professa”, disse. 

“Devo salientar a liderança do Cardeal Dom Orani que, calculadamente, iniciou e lidera essa experiência transformadora que pode e deve ser compartilhada com diferentes setores da nossa sociedade, trazendo diálogo e promovendo a paz entre pessoas que creem e pensam de formas diversas”, concluiu o pastor Silas Esteves. 

 

Carlos Moioli

Foto: Gustavo de Oliveira 

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