Após restauração, Igreja de São Cristóvão é reaberta aos fiéis

Uma missa em ação de graças no dia 9 de fevereiro, presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, marcou a reabertura da restauração da Igreja de São Cristóvão, na zona norte da cidade, após o tempo recorde de sete meses em obras. 

O pároco, padre Edmar Augusto da Costa, acolheu os concelebrantes, convidados e fiéis e, de maneira especial, agradeceu a presença da benfeitora da restauração, a senhora Dulce Pugliese, Dama da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém, cujo avô materno, Manuel Eleutério Gonçalves de Mattos, tinha devoção especial por São Cristóvão. 

A Comissão de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro esteve representada pelo curador, padre Silmar Alves Fernandes, e pela assessora Daisy Ketzer, que fez o gerenciamento total do projeto de restauração. Entre as autoridades, o superintendente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Olav Antonio Schrader, e a presidente do IRPH (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Laura Di Blasi. 

 

Técnicos responsáveis 

O projeto executivo aprovado pelo órgão de tombamento, foi elaborado pelo arquiteto Jorge Astorga, e a fiscalização da obra a cargo do engenheiro civil Ailton Roberto dos Santos. As obras que, em média, contaram com o trabalho de 35 pessoas, foram executadas pela empresa Acqua Total Projetos de Engenharia Ltda., sob a orientação e supervisão do engenheiro civil Francisco Monteiro Silva Neto, e a responsabilidade interna a cargo do arquiteto Márcio de Castro. 

 

Restauração 

Segundo explicou a assessora Daisy Ketzer, “a restauração atendeu às especificações do projeto executivo, sob a orientação do órgão tombador – IRPH, a saber: revisão do telhado com substituição de madeiras e telhas quebradas, retirada de excessos de massas, troca de rufos e tubulações e impermeabilização de calhas. Foram trocadas as esquadrias que estavam em péssimo estado de conservação e grades de ferros, vitrais, pisos do altar e da nave foram restaurados. Foi feita descupinização em madeiras e a limpeza das pedras existentes na fachada. Uma área edificada indevidamente foi demolida e no mesmo espaço foram construídos uma cozinha, banheiros feminino, masculino e para deficientes, e uma sala de atendimentos para o pároco”. 

 

Inspiração para fazer o bem

Logo no início da celebração, Dom Orani destacou a necessidade da restauração da Igreja de São Cristóvão, um “monumento histórico da cidade e que marca a vida pastoral na Arquidiocese do Rio de Janeiro”. Ele lembrou que a primitiva igreja foi “construída pelos padres jesuítas no século XVII e que se tornou paróquia em 1856, há 165 anos, sendo uma das mais antigas da cidade”. 

Na homilia, Dom Orani refletiu as leituras do dia: a visita e o encanto da rainha de Sabá pela sabedoria de Salomão, o construtor do Templo do Senhor (1Rs 10,1-10), e a parábola que Jesus contou para ensinar o que torna impuro o homem é o que sai do seu interior (Mc 7,14-23) 

“Nesse dia especial de ação de graças, peçamos ao Senhor o dom da sabedoria, assim como foi concedida a Salomão, para que possamos exercer bem as nossas funções, sobretudo de construir, restaurar ou zelar pela casa do Senhor. Peçamos, ainda, que o nosso coração tenha boas motivações para o que é belo, não se canse de buscar o Senhor e trilhe no caminho do bem”, disse. 

Ainda na homilia, Dom Orani lembrou que a estrutura atual do prédio da igreja, em estilo gótico-romano, tomou feição, no fim do século XIX, durante a administração do cônego Luiz Antônio Escobar de Araújo, e que foi embelezada pouco a pouco pelos diversos párocos que passaram por ela. Um deles foi o monsenhor Florentino Gomes da Silva, que Fiéis participam da missa de reabertura da igreja empreendeu obras em 1936, comunidade, fez vários agradecimentos, seguidos de entregas de lembranças. O curador da Comissão de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural da Arquidiocese do Rio, padre Silmar Alves Fernandes, apresentou a trajetória das obras e de como conseguiu o recuso para a restauração. 

O pároco, padre Edmar Augusto da Costa, também manifestou sua gratidão a todas as pessoas que se empenharam na restauração, de modo especial, à benfeitora, senhora Dulce Pugliese. 

Logo que assumi a paróquia, no dia 23 de agosto de 2017, disse aos fiéis da comunidade que iria restaurar a igreja, chegando a ir a pé para Aparecida para pedir um milagre para Nossa Senhora. A ação de Deus foi colocando anjos em nosso caminho, inclusive abrindo o coração de nossa benfeitora. Agradeço a todas as pessoas que trabalharam ousadamente pela restauração da igreja, e também aos fiéis da comunidade que não se cansaram de montar a tenda do lado de fora da igreja para celebrar a Eucaristia, aguardando o término das obras”, disse padre Edmar.

 

Memória 

No último ato da celebração, na companhia de pessoas envolvidas na restauração, Dom Orani fez o descerramento de placa fixada na parede no fundo da igreja.

“Louvamos e bendizemos a Deus pela possibilidade da restauração dessa igreja que está instalada numa área de interesse cultural. É nossa responsabilidade zelar pelo culto e também de conservar o templo com a generosidade de colaboradores. Somos herdeiros de um passado muito bonito. Essa igreja foi frequentada por D. Pedro I, depois por D. Pedro II e outras autoridades da época, hoje os imperadores somos nós, cada um que faz parte da comunidade. Que esta restauração marque hoje enquanto Igreja a presença de um povo impávido, corajoso e animado que leva adiante sua história e sua memória”, concluiu o arcebispo.

Foto e texto: Carlos Moioli 

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