Artigo: A Estrela do Botafogo

Arcebispo do Rio de Janeiro escreve sobre possível nova conquista do Botafogo em dia de padroeira do clube

No dia 8 de dezembro, celebramos com alegria a Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, um dos títulos mais queridos e significativos da Virgem Maria, que recorda sua pureza singular e sua especial missão no plano da salvação. Para os torcedores do Botafogo, essa data assume um significado ainda mais profundo: além de ser o dia dedicado à sua padroeira, é também o aniversário da fusão, em 1942, que deu origem ao Botafogo de Futebol e Regatas.

A Estrela Solitária, símbolo maior do escudo alvinegro, carrega em si uma profunda ligação com Nossa Senhora. Essa estrela, que guia o clube e seus torcedores, remete àquela “Estrela Luminosíssima” mencionada na devoção à Imaculada Conceição. Não se trata apenas de um emblema esportivo, mas de um sinal de esperança e de luz que inspira fé e perseverança em momentos de desafio.

A proclamação do dogma da Imaculada Conceição, em 1854, recorda que Maria, desde o primeiro instante de sua existência, foi preservada do pecado original, como parte do grande plano de Deus para a redenção da humanidade. Esse mistério de fé nos aponta para a importância de sua intercessão nos momentos de dificuldade, algo que também esteve presente na trajetória do Botafogo em 2024.

Na segunda-feira, 25 de novembro, torcedores se reuniram para celebrar uma Missa no Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, aos pés da imagem que abraça a cidade do Rio de Janeiro. Esse santuário, cuja história está intimamente ligada à Basílica da Imaculada Conceição, na Praia de Botafogo, tornou-se um local de renovação da fé e da esperança em um momento decisivo para o clube.

No dia seguinte, o Botafogo retomou sua caminhada de superação e glória. Após perder a liderança do Campeonato Brasileiro na rodada anterior, o time venceu o Palmeiras por 3 a 1, em São Paulo, reassumindo o topo da tabela. Essa vitória, celebrada com fervor pelos torcedores, foi vista como resposta às orações elevadas à padroeira.

Poucos dias depois, o Botafogo viveu um dos capítulos mais emocionantes de sua história: a final da Copa Conmebol Libertadores. Em Buenos Aires, mesmo enfrentando adversidades e jogando com um jogador a menos, o time venceu o Atlético-MG e conquistou o título inédito. Esses momentos de triunfo revelam não apenas o esforço e a dedicação humana, mas também a força que nasce da fé e da confiança na intercessão divina.

De maneira providencial, a última rodada do Campeonato Brasileiro será disputada no dia 8 de dezembro, coincidindo com a solenidade da Imaculada Conceição. Neste mesmo dia, há 82 anos, o Botafogo renascia como um clube unificado, sob a proteção da Mãe de Deus. Hoje, com uma campanha que resgatou o orgulho alvinegro, os torcedores renovam sua gratidão e fé em Nossa Senhora da Conceição, certos de que sua luz continuará guiando o time nos desafios futuros.

Este dia especial também nos convida a olhar para o ano de 2025, que trará a celebração de um Jubileu na Igreja, um tempo de graça, conversão e renovação espiritual para todos os fiéis. Nesse contexto, a figura de Maria, a Mãe da Misericórdia, se torna ainda mais significativa, pois nos aponta para Cristo, fonte de toda alegria e redenção. Que esse jubileu inspire torcedores e devotos a reforçarem sua fé, sua solidariedade e seu compromisso com os valores cristãos que nos unem como irmãos e irmãs.

A Imaculada Conceição, padroeira de tantas comunidades de fé no Brasil, é também uma inspiração de resiliência e confiança para o Botafogo e seus torcedores. Sua presença materna, simbolizada pela Estrela Solitária, nos lembra que, com fé, podemos superar até mesmo os momentos mais difíceis.

Que o dia 8 de dezembro seja marcado por celebrações de gratidão e renovação espiritual, não apenas para o clube, mas para todos que veem em Nossa Senhora um modelo de esperança e fortaleza. Sob sua proteção, que possamos seguir nossas trajetórias, iluminando corações e fortalecendo a certeza de que, com fé, caminhamos sempre rumo à vitória final.

 

Dom Orani João, Card. Tempesta, arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro – RJ

Fotos: Guilherme Silva

 

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