O jubileu de 50 anos de ordenação sacerdotal do arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, foi comemorado pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Paulista de São José do Rio Pardo, Dom Orani nasceu no dia 23 de junho de 1950. Ainda jovem, ingressou na Ordem Cisterciense, sendo ordenado sacerdote na sua terra natal, no dia 7 de dezembro de 1974. Em 1997, foi eleito bispo de São José do Rio Preto (SP), depois arcebispo de Belém do Pará, e desde 2009, é o arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro.
A sessão solene, realizada no plenário do Edifício Lúcio Costa, sede do Parlamento fluminense, no dia 4 de novembro, contou com a presença de autoridades políticas, civis e militares, bispos, sacerdotes, religiosos, seminaristas, lideranças pastorais.
“Tenho certeza de que o dia de hoje não é tanto pela minha pessoa, mas pelo que representa o sacerdócio na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Não tanto a mim, mas a tantos padres que têm trabalhado e entregam a sua vida pelo serviço do povo”, disse o homenageado.
Pastor que acolhe
O deputado Fred Pacheco, autor da iniciativa, manifestou sua alegria em homenagear o arcebispo. “Dom Orani sempre foi, no seu sacerdócio, quem ajudou os católicos a fazerem o caminho, muitas vezes, de dificuldades, mas também de acolhimento. Fico feliz e honrado, como deputado e católico, em celebrar seu jubileu sacerdotal”.
Fred Pacheco partilhou sua gratidão por ser filho da Igreja e a confiança de alguém para ajudar a seguir o caminho. “Em momentos difíceis, fui ao encontro de Dom Orani para receber o seu abraço. Às vezes, como ovelhas nos ferimos, descuidamos, desgarramos e esquecemos uma das outras. Ele sempre nos incentivou a ‘seguir em frente, ter reta intenção e a fazer o bem’. A ovelha confia no pastor, e sabe que ele vai indicar o melhor caminho”.
“Um homem que não vive para si’
Na sua mensagem, o bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Antonio Luiz Catelan Ferreira, que também é referencial dos católicos na política, lembrou que esteve recentemente na Abadia de Nossa Senhora de São Bernardo, em São José do Rio Pardo (SP), onde Dom Orani foi monge, prior e abade, e ficou admirado por ver “o testemunho das pessoas que conservam nos arquivos e na memória o carinho de uma pessoa próxima e amorosa, que exerceu entre eles o pastoreio em nome de Deus, um ícone do Bom Pastor”.
Ao recordar o rito de ordenação episcopal, Dom Antonio Catelan explicou que o bispo ordenante coloca o anel de pastor no dedo do sacerdote eleito, e diz que “recebe esse anel em sinal de fidelidade, e seja fiel à Igreja, e a guarda como esposa santa de Deus”. Neste sentido, observou: “Por meio de atitudes, prioridades e da agenda contemplamos esse cuidado fiel à Igreja. Não como sua propriedade ou príncipe da Igreja, da qual tem título e nobreza, embora não tem a pose, porque se faz tão perto de nós. Sua fidelidade à Igreja é visível, e nos motiva como fiéis e pastores. É um homem que não vive para si. Sentimos sua paternidade e sob seu pastoreio, sabemos que somos guardados por Deus”.
Homem incansável
O reitor do Seminário Arquidiocesano de São José, cônego Jorge André Pimentel Gouvêa, destacou em sua mensagem que a vida e o ministério de Dom Orani são uma “releitura do Evangelho”, que sua missão não tem barreiras, pois está presente em todos os lugares da arquidiocese. Um pastor que “conhece seu clero, desde a entrada do seminário, por toda a caminhada, até as exéquias. Não se faz presente em apenas uma etapa da vida, mas integralmente na vida de cada sacerdote”.
Por ser um dos chefes de gabinete do arcebispo, cônego Jorge André observou que conhece de perto a agenda dele, e que ele “arruma tempo para atender as pessoas, mesmo que, às vezes, fique sem tempo para comer e até para dormir. Suas mensagens chegam à meia-noite e, novamente, às três da madrugada”.
“Dom Orani tem atitudes em que as pessoas não percebam o que está sendo realizado. Ele está atento às necessidades da Igreja, da cidade do Rio de Janeiro e das dioceses onde sempre é convidado par celebrar. Homem incansável, seu coração é moldado pelo Cristo Bom Pastor. Para mim, assim como pelos irmãos de sacerdócio, é um privilégio fazer parte do clero do Rio de Janeiro. Sou grato a Deus pela sua vida e por ser nosso pastor”, concluiu cônego Jorge André.
Realidade de fé
O capelão da Alerj, padre Manoel Pacheco de Freitas Neto, lembrou que Santo Inácio de Antioquia em sua doutrina afirma e ensina que “onde está o bispo aí está a Igreja”. “Uma realidade de fé visível”, acrescentou o capelão, na qual recordou o início da capelania na Alerj, fundada por Dom Orani com a colaboração de deputados católicos.
O capelão destacou que é importante desmistificar o juízo de um Parlamento formado por conflitos ou orientações ideológicas que estão sempre em alta crise de debate.
“Desde o início, crescemos na relação ecumênica e inter-religiosa. Todos nós, católicos, evangélicos, irmãos de matrizes afro-brasileiras e espíritas, trabalhamos, celebramos e oramos juntos. Há um diálogo verdadeiro, sério e adulto entre nós. É um testemunho. Nossa capelania quer anunciar e ser um testemunho à sociedade fluminense que dentro desta casa de leis há humanidade”, disse padre Manoel Pacheco.
Presenças
Na mesa de honra também estavam o conselheiro e vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Márcio Pacheco, o vereador eleito da cidade do Rio de Janeiro Diego Faro e o presidente da Renovação Carismática Católica do Rio de Janeiro, Cláudio Alexandre da Silva. Entre os presentes, os deputados Márcio Gualberto e Martha Rocha.
Homenagens às mulheres
Durante a cerimônia, foram homenageadas a deputada Martha Rocha, a presidente do Rio Solidário, Paolo Figueiredo, a delegada da Polícia Civil Inamara Costa, a tenente Erica Fabiana, do Corpo de Bombeiros, e Raíza Ferreira.
“Queremos homenagear as mulheres porque elas representam a parte mais bonita da nossa Igreja, que são as mães, filhas e avós, que nos sustentam na oração, na fé e na intercessão. Elas participam ativamente das pastorais e fazem nossa Igreja viva”, destacou o deputado Fred Pacheco.
Carlos Moioli