No dia 26 de novembro, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro concedeu ao médico, seminarista e surfista Guido Schäffer, em tributo póstumo, a Medalha São Francisco de Assis – 3º Milênio. A medalha, concedida por iniciativa do vereador Alexandre Beça, é o reconhecimento pelos serviços prestados por Guido aos irmãos em situação de rua, um ‘Francisco’ de nossos tempos.
Na cerimônia, estavam presentes Nazareth Schäffer, mãe de Guido, Ângela, irmã dele, Dom Roberto Lopes, delegado para a Causa dos Santos da Arquidiocese do Rio de Janeiro, cônego Jorge Luiz Neves Pereira da Silva, vigário paroquial na Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, religiosas da Congregação das Missionárias da Caridade e membros da Associação Guido Schäffer.
A medalha, concedida por iniciativa do vereador Alexandre Beça, é o reconhecimento pelos serviços prestados por Guido aos irmãos em situação de rua, que fizeram em conjunto com a Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro e as Missionárias da Caridade.
Guido dedicou sua vida a unir medicina, fé e solidariedade, impactando profundamente a vida de muitos. Após sua morte, em 2009, na Praia do Recreio, sua trajetória o colocou no caminho para se tornar o primeiro santo carioca. Em 2023, o Vaticano reconheceu o processo pró-beatificação e de canonização, instalado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Ao decidir conceder esta comenda aos que se dedicam aos mais empobrecidos, a Câmara Municipal assim se posicionou:
“Hoje, a população em situação de rua nas grandes capitais do país e do mundo, e em especial no Rio de Janeiro, clama pela presença de Francisco que, certamente, faria se aqui estivesse, opção por construir com eles as políticas públicas e as possibilidades de vida digna e abundante que todos e todas merecem. Há entre nós muitas mulheres e homens generosos e comprometidos com a causa dos pequenos a quem poderíamos chamar de ‘Franciscos'” (Projeto de Resolução 27/2019).
Dedicação a Deus e aos pobres
Ao oferecer sua medicina aos pobres assistidos pelas Irmãs Missionárias da Caridade e, muito especialmente após a leitura do livro “O irmão de Assis”, decidiu largar tudo para seguir o forte chamado ao sacerdócio.
Fundou diversos grupos de oração, e era um pregador incansável da Palavra de Deus.
Por onde passava contagiava as pessoas com o seu grande amor a Jesus, a Virgem Maria e à Santa Igreja. Não perdia um minuto sequer, arrastando os jovens para Deus através de seu testemunho de vida e sua busca profunda e radical pela santidade.
Estava no último ano do seminário quando foi chamado por Deus para ainda estar mais perto d’Ele.
Linha do tempo
1974 – 22 de maio – Guido nasce em Volta Redonda (RJ).
Mora em Copacabana, até a entrada para o seminário, onde aprende a amar o mar, o surfe, a natureza e os esportes em geral.
1998 – Forma-se em Medicina pela Universidade Souza Marques (RJ). Funda o grupo de oração “Fogo do Espírito Santo”, na Igreja Nossa Senhora da Paz, sob a direção do então padre Jorjão, atualmente cônego.
1999 – Inicia a residência médica nas enfermarias da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Inicia o atendimento médico à população de rua com as Missionárias da Caridade.
2000 – Viaja a Roma e a diversos santuários na França e Portugal, por ocasião do Ano Santo. Em Lisboa, após voltar de Fátima, revela aos pais o desejo de ser padre. No dia 13 de novembro, às 15h, durante oração, ouve a voz de Jesus que o chama ao sacerdócio.
2002 – Participa da JMJ em Toronto, no Canadá. Inicia o Curso de Filosofia no Mosteiro de São Bento (RJ).
2005 – Participa da JMJ em Colônia, na Alemanha.
2006 a 2007 – Cursa os dois primeiros anos de Teologia no Mosteiro de São Bento, dando prosseguimento aos seus trabalhos médicos e de evangelização.
2008 – Ingressa no Seminário Arquidiocesano de São José para concluir o curso de teologia.
2009 – 1º de maio – morre praticando surfe com amigos na Praia do Recreio dos Bandeirantes. No dia seguinte, 2 de maio, o arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, preside missa de corpo presente na Igreja Nossa Senhora de Copacabana, concelebrada por dois outros bispos e cerca de 70 sacerdotes, na presença de mais de mil fiéis. É sepultado no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
2015 – 17 de janeiro – Abertura do processo de beatificação e canonização. No dia 20 de janeiro, é feita a transladação dos restos mortais para a Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema.
2017 – 8 de outubro – Encerramento da etapa diocesana do processo de beatificação e canonização e envio da documentação para o Vaticano. No dia 27 de novembro, o processo é aberto pela Congregação da Causa dos Santos, no Vaticano
2018 – 20 de julho – O trecho do Posto 11 da Praia do Recreio recebe oficialmente o nome de Praia do Guido
Da Redação