Cardeal Tempesta cria o Santuário Santa Rita, no Centro Histórico

No Ano Santo do Jubileu da Esperança de 2025, o Rio de Janeiro ganhou mais um santuário arquidiocesano, o Santuário de Santa Rita, o 12º da arquidiocese. O decreto que elevou a paróquia à condição de santuário, a pedido do pároco, padre Wagner Toledo Moreira, foi assinado pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, que também presidiu a Santa Missa de instalação, realizada no dia 22 de março.

A Paróquia Santa Rita, uma das mais antigas da cidade, situada no Centro Histórico, foi criada ainda no período colonial, em 1751. A devoção chegou até o Rio de Janeiro por meio dos portugueses Manoel Nascentes Pinto e sua esposa Antônia Maria, que trouxeram inicialmente um quadro a óleo com a figura da santa italiana, na época, ainda beata, que foi canonizada somente em 1900.

No início da celebração, padre Wagner Toledo apresentou quadro histórico da padroeira, que foi conduzido por fiéis em procissão e colocado em destaque no altar-mor da igreja.

“A pintura a óleo de Santa Rita, trazida pelo casal português, é um sinal de relevância para a paróquia, já que tudo acontece a partir dele. Fico a imaginar a motivação desse casal em trazer o quadro de navio, atravessando o Atlântico em tempos difíceis, mas impulsionado por profunda fé. Essa motivação se originou na devoção, na construção da matriz, na criação da paróquia e culminou com a elevação da paróquia em santuário”, disse o pároco.

O decreto de criação do santuário foi lido por Dom Antonio Luiz Catelan Ferreira, bispo animador do Vicariato Urbano. Entre os padres concelebrantes estava o abade do Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, Dom Filipe da Silva.

Na homilia, Dom Orani enfatizou como a devoção a Santa Rita superou desafios sociais e urbanos, atraindo muitos fiéis, apesar do esvaziamento da região central.

“Constituir um santuário no Centro Histórico de uma cidade, já com seus 460 anos, pode parecer uma contradição, mas é um sinal de que a Igreja ultrapassa barreiras em questões sociais, políticas e ideológicas”, disse.

O número de lojas, o comércio, a insegurança e por ser um espaço de manifestações políticas e populares provocaram o afastamento de moradores, porém, a paróquia não perdeu sua dinâmica pastoral.

“Vemos como uma devoção pode superar medo e dificuldades. A paróquia encontrou caminhos para evangelizar a ponto de ser reconhecida como santuário. Ela acolhe fiéis não só residentes no espaço geográfico paroquial, mas também pessoas que vêm de perto e de longe para participar, sejam aquelas que vêm para trabalhar e passam por aqui, sejam porque vêm exclusivamente por devoção a Santa das Causas Impossíveis”, disse.

Ainda na homilia, Dom Orani ressaltou que a missão do santuário é acolher as pessoas com alegria e generosidade, especialmente aquelas que se sentem afastadas, semelhante à parábola do pai misericordioso, contada por Jesus no Evangelho do dia (Lc 15,1-32).

“A missão de um santuário é acolher, em nome da arquidiocese, todas as pessoas que chegam, às vezes, vencendo obstáculos e dificuldades. Elas vêm por devoção, para rezar, se confessar, receber um sacramento ou participar de uma celebração. Mais que um lugar de acolhimento, deve ser também de evangelização, em que leve as pessoas que chegam machucadas pela estrada da vida a experimentar o amor de Deus. Que possam retornar para suas casas e paróquias renovadas e reavivadas”, disse o arcebispo.

No final da celebração, houve distribuição de rosas, a entrada do andor com a imagem da padroeira e diversos devotos que receberam graças especiais atribuídas à intercessão de Santa Rita de Cássia.

 

Agradecimento

Na conclusão, o padre Wagner Toledo, agora também reitor, agradeceu a Dom Orani pela criação do santuário. Ele disse: “Eminentíssimo, senhor cardeal, Dom Orani. A gratidão que brota do coração de cada devoto de Santa Rita é imensa! O Jubileu da Encarnação nos leva a reconhecer que a proximidade de Deus, através do Verbo Encarnado, se prolonga através do corpo místico que é a Santa Igreja, nesse espírito que impulsionou o belo testemunho de Rita de Cássia.

Creio que o privilégio que o senhor concede hoje é apenas o coração de uma história tricentenária marcada pela constatação de sermos solo abençoado onde tantos homens e mulheres pisaram, levando a celebração da fé, praticando a caridade (enterro e bolsa de alimentos para os pobres), local da celebração da cultura e resistência.

A pequena África e a sociedade em geral se comunicam. O voto de confiança a nós padres, leigos, devotos e benfeitores é o estímulo para fazermos jus ao título de santuário arquidiocesano, que o tornará um local mais acolhedor, mais orante e de incansável altar celebrativo de reconciliação.

Queremos otimizar a missão que em diferentes frutos realizamos, e abraçar o desejo encerrado no santuário arquidiocesano em fazer parte vivamente na reconstrução do nosso Centro Histórico.

Em nossas mídias sociais, em nossa parceria diária com a Rádio Catedral, em nosso constante diálogo com a cultura e a sociedade queremos ser presença eloquente de que Deus habita na cidade.

Muito obrigado aos sacerdotes e diáconos! Aos meus colaboradores funcionários, voluntários, agentes de pastoral, benfeitores que mantêm a nossa igreja viva e com maior disposição desejamos fazer a travessia do Atlântico existencial, levando o quadro pintado pelo Espírito Santo da vida escondida e Cristo como penhor de salvação e esperança para um mundo melhor.”

 

Carlos Moioli

 

 

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