Catedral de São Sebastião inicia ano jubilar rumo aos 50 anos de sua transferência para a Avenida República do Chile

A Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro viveu um momento histórico na manhã do domingo, 16 de novembro, quando foi aberta oficialmente a caminhada rumo ao jubileu de 50 anos da transferência da Sé para o atual templo, na Avenida República do Chile, inaugurado em 1976.

A Santa Missa do 33º Domingo do Tempo Comum, presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, marcou o início do ano comemorativo, que culminará em 2026, e reuniu fiéis, agentes pastorais e autoridades na celebração do aniversário de 49 anos da Catedral. A celebração foi animada pelo Coral Canto da Rua, integrado por moradores em situação de rua.

A celebração também integra as comemorações dos 450 anos da Prelazia do Rio de Janeiro (criada em 19 de julho de 1575) e dos 350 anos da Diocese do Rio de Janeiro (elevada em 16 de novembro de 1676) e coincidiu com o 9º Dia Mundial dos Pobres, que neste ano tem como tema “Tu és a minha esperança”.

Em sintonia com o apelo da caridade, foi inaugurado o conjunto de novos banheiros para moradores em situação de rua, instalados como ampliação do Centro Social São Sebastião, situados no Complexo da Catedral, que já acolhe diariamente centenas de pessoas em vulnerabilidade.

Concelebraram a Santa Missa o bispo auxiliar do Rio, Dom José Maria Pereira, o pároco da Catedral, cônego Cláudio dos Santos, o vigário episcopal para a Caridade Social, monsenhor Manuel Manangão, que acompanha de perto os projetos sociais da Arquidiocese do Rio, e o missionário da Comunidade Aliança de Misericórdia, padre Lincon da Silva.

No final da celebração, cônego Cláudio dos Santos apresentou a logomarca oficial do Jubileu de Ouro, criada pelo designer Davi Tellini, paroquiano do Santuário São Benedito, em Pilares. Com o tema “Casa de oração para todos os povos” (Is 56,7) e o lema “Presença + Acolhimento + Comunhão”, o símbolo jubilar foi explicado ao povo como expressão da identidade missionária e acolhedora da Igreja no coração da cidade.

 

Esperança em meio aos desafios do tempo presente

Em sua homilia, o arcebispo refletiu sobre o sentido último da vida cristã e recordou que os textos proclamados, típicos das últimas semanas do ciclo litúrgico, convidam à vigilância e à confiança na vitória final de Cristo: “As leituras do final do ano litúrgico nos lembram que Cristo deve reinar sobre tudo e que um dia a figura deste mundo passa.”

O arcebispo destacou que a esperança cristã não ignora o sofrimento humano, as guerras e as divisões, mas encontra em Cristo o fundamento que não decepciona. “Se olharmos a realidade do mundo, podemos ficar decepcionados pela violência e pela pobreza. Mas somos chamados a ver também os pequenos gestos, como a semente de mostarda lançada na terra, que vão transformando a sociedade pela presença dos cristãos.”

Ao mencionar a celebração do 9º Dia Mundial dos Pobres, fez eco à mensagem do Papa Leão XIV, que insiste na responsabilidade social e na promoção da dignidade humana. “A Igreja não se furta a ajudar. Fez no passado, faz no presente e fará no futuro, não por ideologia, mas por causa de Cristo presente no irmão.” Ele sublinhou que o ideal seria um mundo sem necessidade de assistencialismo, mas reconheceu que a ação solidária da Igreja continua indispensável diante das crescentes vulnerabilidades sociais.

 

Catedral: história, missão e presença na cidade

Dom Orani dedicou parte da homilia a recordar a trajetória da Catedral do Rio de Janeiro, desde o antigo Morro do Castelo até a transferência para o atual edifício, obra iniciada por Dom Jaime de Barros Câmara, sob os cuidados de monsenhor Ivo Calliari, que foi o primeiro pároco, e concluída por Dom Eugenio de Araújo Sales.

“Estamos começando o jubileu de 50 anos da nossa Catedral. Hoje completamos quarenta e nove anos dessa transferência para a Avenida República do Chile”, destacou.

Ele também agradeceu ao cônego Cláudio dos Santos e à equipe que prepara o templo para o jubileu, incluindo reparos, limpeza, restauração dos sinos e melhorias estruturais. Citou ainda a relevância cultural da Catedral, “o segundo lugar mais visitado do Rio de Janeiro”, atrás apenas do Cristo Redentor, ressaltando a contribuição da Arquidiocese do Rio para a identidade religiosa e histórica da cidade.

Ao mencionar o serviço aos pobres, o arcebispo lembrou que, desde sua chegada ao Rio, sempre encontrou a Catedral como espaço de acolhimento. “Gostaríamos que diminuísse o número de pessoas em situação de rua, mas tem aumentado cada vez mais. Hoje, mais de mil pessoas foram atendidas no café da manhã.” Ele elogiou os diversos grupos, paróquias e comunidades religiosas que, diariamente, se dedicam à oferta de refeições, roupas e atenção fraterna.

 

Peregrinos de esperança rumo ao jubileu

O arcebispo concluiu convocando o povo a viver o novo ciclo litúrgico com esperança e compromisso cristão. “Cristo é a nossa esperança, que não decepciona. Caminhamos para a vida plena no Senhor, aqui pela fé e um dia pela visão.” Ele pediu que o jubileu dos 50 anos da Catedral e da Diocese seja tempo de renovação missionária, unidade e serviço.

Por fim, incentivou todos a assumirem, com entusiasmo, o espírito do jubileu que se aproxima: “Que esta bênção seja de envio para esse jubileu da nossa Catedral e da nossa Diocese, para que possamos olhar o presente e o futuro com esperança.”

 

Carlos Moioli

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