No dia 1º de setembro, data em que a Igreja celebra o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, foi inaugurado o Jardim de Plantas Bíblicas na Catedral Metropolitana de São Sebastião, no Centro do Rio de Janeiro. A iniciativa, promovida pelo Vicariato Episcopal para o Meio Ambiente e Sustentabilidade, foi conduzida pelo vigário episcopal padre Josafá Carlos de Siqueira e pelo pároco da Catedral, cônego Cláudio dos Santos.
Instalado próximo à estátua de Santa Teresa de Calcutá, o espaço reúne espécies vegetais mencionadas nas Escrituras Sagradas, em uma proposta de integração entre fé, ecologia e cultura bíblica. Segundo padre Josafá, a ação está em sintonia com os apelos da Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, e com a missão pastoral da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
“Hoje nós estamos vivendo um dia especial, iniciando o Tempo da Criação, que foi tão enfatizado na Laudato Si’ e agora também está sendo reforçado pelo Papa Leão XIV”, afirmou o sacerdote. Para ele, o jardim tem uma forte dimensão simbólica: “Vamos pedir a Deus realmente que nós possamos cuidar do Jardim da Criação, saber que essas plantas passaram pela história da salvação e que fazem parte também da nossa história”.
Padre Josafá ressaltou o caráter pioneiro do projeto: “A ideia de hoje na Catedral é exatamente pelo fato de que é o primeiro jardim de plantas bíblicas no Brasil em frente a uma Catedral. Então, pioneirismo mais uma vez da nossa arquidiocese”.
O local escolhido para o jardim também carrega um significado especial. “Ao lado também de Santa Teresa de Calcutá tem um significado muito grande, porque ela cuidou dos pobres. O cuidado dos pobres e o cuidado da criação são duas metas importantes para os nossos dias”, destacou.
A proposta faz parte das metas do Vicariato para o Meio Ambiente, que vem implantando esse tipo de jardim em diversos pontos da cidade. “Nós fizemos como uma meta do nosso vicariato episcopal também divulgar e implantar jardim de plantas bíblicas em vários lugares da nossa cidade”, explicou padre Josafá.
O primeiro jardim foi implantado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). A partir dessa experiência, surgiu a inspiração para a criação do Jardim de Plantas Vivas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que passou a contar com um canteiro próprio dedicado a espécies mencionadas na Bíblia.
Outras iniciativas semelhantes já foram realizadas no Seminário Arquidiocesano de São José, no Rio Comprido, na Paróquia São José, na Lagoa, e no Palácio São Joaquim, na Glória. “A ideia é poder divulgar e as pessoas saberem que aquelas plantas tão comuns, que fazem parte da nossa história, elas estão presentes na Sagrada Escritura”, concluiu o sacerdote.
A inauguração do jardim marca não apenas um novo espaço verde no coração da cidade, mas também um chamado à consciência ecológica e espiritual dos fiéis, unindo o cuidado com a criação ao compromisso com a fé.
Valorizar a obra da Criação
O jardim é mais do que um espaço decorativo ou didático. Segundo o pároco da Catedral, cônego Cláudio dos Santos, é um convite à contemplação da obra da Criação e ao compromisso ecológico, em sintonia com o magistério do saudoso Papa Francisco. “Nada melhor do que perceber na obra da Criação, porque o dia 1º de setembro também é o início do Tempo da Criação, que se estende até 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, padroeiro da Ecologia.”
Para cônego Cláudio, as plantas presentes no jardim não apenas remetem à Bíblia, mas carregam um profundo significado teológico e espiritual: “Cada uma daquelas plantas que lá estão, seja o louro, seja o limão, seja a romã e tantas outras, elas nos convidam, realmente, a poder perceber nessa obra da Criação toda a grandeza do amor de Deus”.
Ele também ressaltou a responsabilidade humana diante da natureza: “Ao criar todas as coisas, Deus nos deu a natureza para desfrutar de suas riquezas naturais, mas sem prejudicá-las. A natureza tem seus efeitos de reduzir o impacto das mudanças climáticas em nosso mundo”, disse.
O pároco fez um convite à visitação e à conversão ecológica: “Seja uma oportunidade para que cada pessoa possa visitar esse jardim de plantas bíblicas em nossa Catedral e ter o impulso de poder valorizar cada vez mais esta obra da Criação, onde Deus fala aos nossos corações”.
A iniciativa se soma a outros esforços da arquidiocese em promover a integração entre fé, cuidado ambiental e cultura bíblica, fortalecendo a mensagem de que “amar a Deus passa também por respeitar e cuidar da sua criação”, enfatizou cônego Cláudio.
Carlos Moioli