Celebração jubilar no Vicariato Barra

A Carta Pastoral “Missão, esperança e paz”, do arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, publicada por ocasião do Ano Santo de 2025, no dia 20 de outubro de 2024, prevê celebrações nas igrejas jubilares de cada vicariato.

No dia 22 de fevereiro, na Festa da Cátedra de Pedro, foi a vez do Vicariato Barra, e uma celebração eucarística, presidida por Dom Orani, aconteceu na Paróquia Imaculada Conceição, no Recreio, antecedida de peregrinação. Neste dia, Dom Orani celebrou o aniversário de sua criação como cardeal, em 2014, pelo Papa Francisco.

A Santa Missa foi concelebrada pelo bispo auxiliar e animador do Vicariato Barra, Dom Roque Costa Souza, pelo vigário episcopal do Vicariato Barra, padre Alan Dias de Oliveira, e pelo pároco local, cônego André Vilar de Moraes Martins, e diversos sacerdotes.

Na homilia, Dom Orani lembrou que cada pessoa, família ou grupo pastoral pode fazer a peregrinação para celebrar o jubileu do Ano Santo e lucrar a indulgência, mas, segundo ele, é muito melhor em âmbito de vicariato para fortalecer a comunhão e a unidade.

“O tempo do jubileu, a cada 25 anos, é um tempo de reavivamento e renovação. Somos chamados a perceber que damos passos, confessamo-nos a cada semana, a cada mês, a cada ano, conforme os costumes de cada um. Mas este é um momento de fazermos uma boa reforma geral, uma ‘recauchutagem’ geral”, disse.

Dom Orani recordou que o jubileu tem sua origem no Livro do Levítico, que deve ser realizado a cada 7 x 7 anos, ou seja, a cada 50 anos, em que tudo voltava às origens: as antigas propriedades, as dívidas, tudo podia recomeçar. Se na época essas questões eram mais concretas, relacionadas às terras de Israel, hoje, passados os séculos, desde que o jubileu foi instituído na Igreja Católica no século XIII, percebemos que nossa vida e a Igreja se renovam e se reavivam. “Isso ocorre seja pelas práticas do jubileu, seja pelo que recebemos como fruto dos tesouros que os mártires e santos já possuem: as indulgências, especialmente a indulgência plenária, que nos concede a remissão das penas temporais devidas pelos pecados já perdoados”, disse.

O arcebispo enfatizou que os pecados perdoados são redimidos no purgatório, mas “a Igreja nos concede essa graça de maneira abundante durante o tempo do jubileu. Todos os dias, uma vez por dia, podemos receber a indulgência plenária ou aplicá-la a um fiel defunto”, disse, e lembrou da necessidade de ficar atentos à exigência de se confessar, receber a Eucaristia e rezar nas intenções do Santo Padre.

Dom Orani salientou que as leituras da Palavra de Deus, no dia da celebração da Cátedra de Pedro, abordam aspectos importantes sobre o reavivamento e renovação. “De um lado, temos a unidade com Pedro, com o Papa, por quem rezamos hoje por sua saúde. Essa comunhão nos une e faz diferença enquanto Igreja. Temos aquele que sucede a Pedro, que recebeu de Jesus a grande missão de ligar e desligar, como ouvimos hoje. Ou seja, a grande missão de ser modelo do rebanho, como nos fala a própria carta de Pedro. Nossa unidade com o Santo Padre é uma das características da Igreja Católica: ‘Pai, que todos sejam um’, o testamento de Jesus para que o mundo creia”, disse.

Essa unidade não é apenas física – continuou o arcebispo –, de estar no mesmo lugar, mas de comunhão, fraternidade e entendimento, de falar a mesma linguagem com a mesma preocupação quanto à missão, à evangelização, à catequese, à formação da comunidade e como Igreja na sociedade.

“Faz parte das características da Igreja: Una, Santa, Católica e Apostólica. Portanto, a unidade faz parte da nossa caminhada em um mundo tão dividido por questões ideológicas e narrativas; de grupos que se dizem católicos, mas dividem a Igreja de diversas formas por seus próprios pensamentos. Nós devemos renovar e reavivar nossa unidade para que, ao sair deste jubileu, sejamos renovados em nossa vida pessoal, e transformados na vida batismal”, disse.

E acrescentou: “Como Igreja, ainda mais unidos entre nós, seja na paróquia, no vicariato, na arquidiocese, na Igreja do Brasil e do mundo, sempre em unidade com o Santo Padre, o Papa Francisco, que está a serviço do povo de Deus como sucessor de Pedro, cuja Cátedra hoje nós celebramos”.

O segundo aspecto – disse Dom Orani – é que tudo isso só se faz com o encontro com Jesus Cristo, a razão de tudo. “Quem diz o homem que Eu sou?”, questionou Jesus, sinalizando aos discípulos o que era essencial. “Conhecemos e acolhemos Cristo, Ele é a nossa esperança, o caminho, a verdade e a vida. Ele é a nossa caminhada, Aqu’Ele a quem seguimos e anunciamos. Não podemos viver sem caminhar com Ele, e anunciar o mundo que Deus tanto amou, que enviou o seu filho Jesus Cristo, nascido de Maria, faz toda a diferença. Estamos aqui em uma casa mariana, uma Igreja de Maria. Jesus nasceu de Maria para ser o nosso Senhor e Salvador, que foi condenado, foi crucificado, morto e sepultado. Mas, ao terceiro dia, ressuscitou, está vivo, presente no meio de nós. E nós devemos anunciar aos irmãos e irmãs”, disse.

“Nós seguimos aqu’Ele que está vivo, presente no meio de nós, que é a nossa vida, e sem quem não podemos caminhar. Em nossos trabalhos e em nossa vida –seja paroquial, familiar, profissional ou social – temos um relacionamento tão profundo com o Senhor que não podemos viver de outra forma senão seguindo-O e testemunhando que colocamos toda a nossa vida e esperança n’Ele. Ele é a nossa vida e esperança”, completou o arcebispo.

Aos fiéis peregrinos, Dom Orani destacou: “Sabemos que os desejos mais profundos do coração humano – o anseio pelo infinito, pela felicidade e pela paz – só podem ser plenamente realizados por Deus, o único capaz de preencher e plenificar o coração humano”.

“Vivemos um tempo de grandes graças: o tempo do jubileu. Pensamos em todas as paróquias do Vicariato Barra, aqui representadas hoje, para que, cada vez mais, todos possam viver esse jubileu como um tempo de graça de Deus, como um dom do Senhor. Que ao vivenciar essa experiência, possam renovar não apenas a própria vida e a vida familiar, mas também a vida paroquial e de todo o vicariato nessa caminhada arquidiocesana, tornando este ano verdadeiramente diferente”, disse.

“Que não nos limitemos a repetir as mesmas ações de sempre, mas permitamos que o Espírito de Deus esteja presente em tudo o que fazemos – seja na transformação da vida, na preocupação com os necessitados e vulneráveis, no diálogo e na compreensão mútua. Que busquemos ajudar na construção, no serviço e na resolução dos desafios que surgem, para que possamos fortalecer ainda mais nossa missão. Assim, seguimos o chamado do nosso Segundo Sínodo Arquidiocesano sobre as Missões, que nos desperta para uma maior missionariedade”, completou.

Na conclusão da homilia, Dom Orani disse: “Peçamos ao Senhor para que tenhamos o espírito missionário, a fim de que, cada vez mais, com o coração cheio da graça de Deus, possamos seguir Jesus, a quem acolhemos e permitimos reinar em nossos corações. Que possamos anunciá-Lo aos irmãos e irmãs, tanto aos que estão próximos quanto aos distantes – em nossa família, em nossa vizinhança e, especialmente, àqueles que foram batizados, mas, por algum motivo, deixaram de participar da comunidade”.

“Que possamos testemunhar como vale a pena seguir Jesus Cristo, pois n’Ele encontramos a vida, a salvação, a libertação e a verdadeira alegria no Senhor. A alegria do Evangelho é imensa e deve contagiar a todos. Este é um tempo de jubileu, um tempo de renovação da nossa vida e de reavivamento da nossa caminhada. Que possamos ser uma presença alegre e feliz nesta região – não porque não enfrentemos dificuldades, pois todos as têm, mas porque Deus nos enviou Seu Filho, Jesus Cristo, nossa Esperança e nossa Vida. Ele é aqu’Ele que seguimos e anunciamos”, disse.

 

Carlos Moioli e Rita Vasconcelos 

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