O evento CelebraRio, promovido pela Associação Evangelizar É Preciso, com condução espiritual do Padre Reginaldo Manzotti, foi realizado no Maracanãzinho, no dia em que a Igreja celebra a memória de Sant’Ana e São Joaquim, 26 de julho, e na semana de comemorações da Jornada Mundial da Juventude, realizada no Rio de Janeiro, em 2013
Durante oito horas de programação intensa, milhares de fiéis viveram momentos profundos de espiritualidade, louvor, testemunhos e adoração.
O evento teve início ao meio-dia com o Terço Mariano conduzido pelo diácono Melquisedec Ferreira da Rocha, assistente eclesiástico do Terço dos Homens na Arquidiocese do Rio de Janeiro, que também serviu na celebração eucarística.
“A primeira edição do Evangelizar é Preciso em solo carioca foi maravilhosa. Organização extrema, os serviços muito bem oferecidos, como acolhimento e limpeza. Eu tive o privilégio de abrir o encontro com a recitação do Terço Mariano. Um povo sedento e participativo. Intercalando com canções, consagramos o dia ao Imaculado Coração de Nossa Senhora. O momento mais expressivo foi a celebração da Eucaristia, quando, em meio a uma tarde e noite de música, oração, louvor, testemunhos, tivemos o privilégio de atualizar o Sacrifício do Calvário. Ao final, o semblante dos participantes revelava a alegria e satisfação”, partilhou o diácono Melquisedec.
O evento seguiu por pregações com os padres Fábio Apolinario Escobar, Addae Vinicius Santos da Silva e Jorge dos Santos Carreira, representando a Renovação Carismática Católica do Rio de Janeiro, que conduziram momentos de oração e louvor, integrando música e espiritualidade em uma grande celebração de fé.
“Com alegria no coração, vivenciamos um momento marcante da RCC do Estado do Rio de Janeiro, no Maracanãzinho. Foi algo tremendo ver aquele espaço lotado de pessoas que louvavam e bendiziam ao Senhor com fervor e com entusiasmo”, afirmou o padre Fábio Escobar, pároco da Paróquia São Sebastião, em Quintino.
Padre Fábio Escobar destacou a importância da participação de padres nos encontros da RCC, ressaltando que essa prática já se tornou uma tradição. “Tenho me alegrado em partilhar essa missão com o padre Jorge e o padre Addae Vinicius. Pois, além de sermos amigos e irmãos no sacerdócio, também somos padres cantores e colocamos os nossos dons a serviço da Igreja”, disse.
Durante a programação, músicas como “Vem Louvar”, “O Céu se Abre”, “Bondade de Deus” (regravada por padre Fábio e lançada no Dia do Padre do ano passado) e “Ó Terra Seca” emocionaram os fiéis. Segundo ele, “cantamos músicas cheias de unção e de alegria, canções que tocaram o nosso coração e também o das pessoas”.
Ao lembrar eventos históricos de evangelização já realizados no Maracanãzinho, como o retiro de Carnaval Rio de Água Viva e o Preparai o Caminho (preparação para a JMJ Rio 2013), padre Fábio Escobar celebrou a retomada do local como espaço de fervor religioso.
“O Maracanãzinho voltou a ser um lugar onde o nome de Jesus é exaltado com alegria, com fé, com reverência”, declarou, e concluiu afirmando: “Eu louvo e bendigo ao Senhor por esse momento tão belo de evangelização, que contou com a presença de nosso arcebispo, Dom Orani, e com o apoio valioso do padre Reginaldo Manzotti, da Associação Evangelizar É Preciso, que organizaram com tanto zelo esse momento de fé. Que o Espírito Santo continue acendendo em nós o fogo do amor de Deus e fazendo da nossa cidade, do Rio de Janeiro, um verdadeiro cenáculo de adoração e de missão”, conclui padre Fábio Escobar.
O arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, marcou presença, e não pôde presidir a Santa Missa no evento devido a celebrações da Festa de Sant’Ana agendadas em paróquias da arquidiocese. Ele cumprimentou os presentes e expressou a alegria da arquidiocese em acolher o evento.
Na sua mensagem, Dom Orani lembrou das diversas celebrações significativas para a Igreja no Rio de Janeiro, entre elas, o Jubileu Arquidiocesano e os 450 anos da Prelazia do Rio. O arcebispo recordou que o CelebraRio coincidiu com a semana de comemoração dos 12 anos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Rio 2013, que contou com a presença do Papa Francisco em sua primeira viagem internacional. O tema da JMJ Rio 2013, “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19), foi relembrado por ele como um pilar fundamental da missão da Igreja.
Dom Orani enfatizou a urgência da evangelização diante dos desafios globais. “Há muita confusão no mundo, há muita guerra, muita violência, muitas divisões, muitas narrativas, as mais diversas”, afirmou. Contra esse cenário, ele apresentou a “Boa Notícia” central da fé cristã: “Nós temos uma boa notícia para dar, de quanto Deus amou o mundo, que enviou o seu Filho Jesus Cristo, que morreu por nós, está vivo, presente no meio de nós”.
O arcebispo ressaltou que Jesus Cristo é “a nossa paz, nossa vida, a nossa esperança” e o guia a ser seguido e anunciado. Ele sublinhou a importância do trabalho de evangelização tanto pelos meios de comunicação, como o realizado pelo padre Reginaldo Manzotti, quanto por eventos presenciais que reúnem fiéis de diversas regiões.
Ao concluir, Dom Orani exortou os participantes a serem agentes da mensagem de Cristo em seus próprios círculos. “Anunciem Jesus Cristo na sua família, na sua vizinhança, na sua paróquia, na sua comunidade”, incentivou. Ele expressou a convicção de que a evangelização pode transformar o mundo: “O mundo de hoje pode ser muito melhor e será melhor quanto mais evangelizarmos, procurando anunciar aquele que é a vida e esperança do mundo, Jesus Cristo, nosso Senhor”.
A tarde seguiu com a apresentação da Banda DOM, o Terço de Jesus das Santas Chagas, conduzido pelo Padre Jorge Fortunato, uma das devoções mais queridas da Obra Evangelizar.
Também houve testemunhos inspiradores, como o do Venerável Guido Schäffer, um jovem médico, surfista e seminarista, que está em processo de beatificação, aberto pela Arquidiocese do Rio de Janeiro. Ele faleceu no dia 1º de maio de 2009, após se afogar enquanto surfava na Praia do Recreio dos Bandeirantes, próximo ao Posto 12.
“Ao dedicar sua vida a Deus, Guido tornou-se um símbolo de juventude eterna e alegria na fé”, disse o cônego Jorge Luiz Neves Pereira da Silva, conhecido como padre Jorjão, que compartilhou uma profunda reflexão sobre a figura do jovem candidato aos altares.
Padre Jorjão explicou que Deus quis que Guido permanecesse como um “ícone da juventude”. Inicialmente, ele não compreendeu a partida tão cedo de Guido, mas hoje entende que Deus desejava que o jovem “ficasse eternamente jovem para que ele fosse um sinal daquilo que o padre dizia quando subia ao altar na missa antiga: ‘Subirei ao altar do Senhor, ao Deus que alegra a minha juventude’”. Ele reforçou a ideia de que “nós somos sempre jovens quando amamos a Deus”, reiterando que Guido, por seu amor a Deus, permanece eternamente jovem.
Em um encontro recente com o Papa Leão XIV, padre Jorjão entregou uma relíquia de Guido e descreveu o jovem carioca ao Santo Padre como “um jovem que amava esporte, mas que, acima de tudo, é um jovem que foi como São Francisco no Rio de Janeiro”. Aproveitando as celebrações dos 800 anos da morte e canonização de São Francisco, padre Jorjão disse ao Pontífice: “Quem sabe não poderíamos ter a beatificação de um outro São Francisco”. A resposta do Papa foi: “Vou rezar por isso”.
Também presente no evento, a mãe de Guido, Nazareth Schäffer, compartilhou um emocionante testemunho sobre a vida de seu filho. Ela descreveu Guido como uma criança “saudável, forte, alegre” e “muito comunicativo” desde cedo. Sua vocação para ajudar o próximo manifestou-se precocemente, com o desejo de “salvar vidas” e, mais tarde, de se tornar médico para “ajudar os doentes”. Guido seguiu a medicina, dedicando-se com “muito amor, com muito empenho” aos pacientes.
Além da dedicação profissional, Guido foi um jovem com uma vida multifacetada, que estudou, viajou, praticou esportes, namorou e fez faculdade, mas “foi sempre ligado a Deus”. Sua profunda conexão com a fé o levou a sentir o “apelo à vocação sacerdotal”, o que o fez “deixar tudo” para servir a Deus, seguindo o exemplo de São Francisco, a quem tanto admirava.
A vida espiritual de Guido era intensa. Nazareth revelou que ele foi um “grande adorador do Santíssimo Sacramento”, praticando a adoração diariamente e reservando pelo menos uma hora para oração todas as manhãs. A Missa diária era indispensável para ele, que dizia: “Mamãe, eu não posso me dar o luxo de passar um dia sem receber Eucaristia”. Muito devoto de Nossa Senhora, Guido também não deixava de rezar o terço. Essa vida de oração foi a fonte de seu “amor ao próximo” e a Deus, brotando de seu profundo conhecimento da Palavra de Deus.
Nazareth recorda que Guido tinha o dom de pregar e que sua vida foi “entregue a Deus até o dia em que Deus o chamou para bem perto”. Apesar dos desafios e contrariedades, seu filho estava “sempre feliz, sempre sorrindo”. Sua paz e alegria eram inabaláveis, devido à sua “confiança no Deus ao qual ele entregou sua vida”. A mãe expressou gratidão a Deus por ter emprestado essa “pessoa linda” por 34 anos, e concluiu que Guido continua a conviver intensamente com ela e com todos, no Brasil e fora dele.
O momento central do evento foi a Santa Missa celebrada por padre Reginaldo Manzotti, que emocionou e uniu corações em um grande clamor de fé.
Na sequência, a adoração ao Santíssimo Sacramento silenciou o ginásio em reverência, culminando em um grande show de encerramento que celebrou a alegria da fé católica.
Carlos Moioli
Foto: Matheus Rosa